Primeiras impressões – Hanasaku Iroha

Mais uma surpresa do P.A. Works ou só mais um anime do dia a dia de garotas bonitinhas?

Começo mais um “Primeiras impressões” com mais um dos animes que não havia colocado nos destaques da temporada em meu post. E curiosamente com mais um promissor, ao menos aparentemente, que não havia me agradado e muito menos chamado a atenção pela sinopse. Hanasaku Iroha me passou uma imagem de que teríamos mais um anime de garotas vivendo suas vidas pacatas, com seus problemas pessoais e o que vemos em alguns animes por aí. Salvo engano, em partes. Realmente ele trata da vida de garotas, mas mostrando de uma forma bastante curiosa, na qual EU não havia visto ainda em nenhum outro anime.

A história

Hanasaku Iroha começa logo de cara com uma cena curiosa: uma garota – Ohana Matsumae – dizendo para sua mãe que não era sua filha. O contexto era uma “piada” e nos serve para mostrar a relação que pouco parece de mãe e filha entre as duas. Vemos uma garota comum, que vai a escola, tem seu admirador não-tão-secreto (e lerdo, pra variar) e que recebe a notícia de que sua mãe iria fugir com seu namorado, mas sem levá-la, claro.

A garota então é enviada para a casa da avó, a qual nunca conhecera antes e que fez o favor de destruir toda a imagem de uma “velhinha que dá doces” como a menina mesmo define. Na casa da avó, que na verdade se trata de uma pensão luxuosa, a garota é tratada como uma empregada, tendo que trabalhar para conseguir dinheiro e consequentemente seus estudos pagos. Lá ela encontra outras garotas da mesma idade e que também trabalham de empregadas, a esquentada Minko e a extrovertida Tomoe. O lugar também marca a presença de seus tios e alguns clientes inusitados.

Dentro da pensão, Ohana terá que conviver com os caprichos de sua avó, conquistar a amizade das garotas e mostrar que pode conviver com os problemas e “reiniciar” sua vida, como é o seu próprio desejo.

Considerações técnicas

Antes de tudo temos que ressaltar a qualidade de animação do estúdio P.A. Works. Não temos como criticar seus trabalhos anteriores quanto a isso (Canaan, Angel Beats, True Tears). Seus cenários são lindos e realmente conseguem passar a sensação desejada naquele momento, tudo flui com naturalidade, sem fantasiar muito, mas com uma beleza própria de cada ambiente. O diretor responsável – Masahiro Ando – é competente, levando experiências do estúdio BONES nas costas, e dirigo trabalhos memoráveis como o filme Sword of the Stranger. A trilha sonora também é linda e conta com um organizador de primeira linha, Shiroh Hamaguchi, que têm no curriculo nada mais nada menos que diversos jogos de Final Fantasy e o épico Advent Children. O character design também não deixa a desejar, contando com Kanami Sekiguchi, responsável pela caracterização de Hikaru no Go e que também participou da animação do primeiro Fullmetal Alchemist.

Mas queria dar uma atenção especial para a abertura (que nesse episódio foi usada como “encerramento”) que pode ser conferida clicando AQUI. A música Hana no Iro é cantada pelo conjunto nano.RIPE e inexplicavelmente me conquistou de primeira! A animação é realmente de encher os olhos, com cenas rápidas, engraçadas e que novamente remetem a toda a qualidade de representação de cenas do estúdio P.A. Works. Porém, há de se destacar a letra da música: para quem assiste o primeiro episódio e vê a forma como ele se desenvolve e termina, é impossível não perceber toda a relação da mesma com a animação, citando por exemplo as lágrimas da garota, citando as mudanças de sua vida e a “jornada” que ela deve enfrentar. Chega a ser dificil citar tantas referências ao enredo encontradas nela, e olha que eu realmente não costumo reparar em coisas assim. Quem tiver acesso a letra, não deixe de conferir!

Os personagens são carismáticos, cada um da sua forma. A protagonista consegue confudir o telespectador sendo clichê e não sendo ao mesmo tempo, e se seguirmos a série no ritmo que ela apresentou nesse primeiro episódio teremos mais uma série com o amadurecimento da personagem principal e sua influência em todos os outros ao seu redor (talvez aí o principal conteúdo de clichê do anime). Além é claro da garota “má” e da idiota presentes em 90% dos animes.

Claro que nada é perfeito, e a história tem uma base extremamente non-sense. Uma mãe que abandona a filha para fugir com o namorado e a deixa com uma vó que nunca conheceu antes… Realmente existem casos de abandonos na vida real, mas algo nesse nível e na velocidade dos fatos ocorridos são estranhos. Porém, um ponto interessante nesse anime (e que vem sendo retratado já algum tempo em outras obras) é a referência a proximidade das familias japonesas nos dias de hoje, tendo uma relação cada vez mais dificil e distante entre pais, mães e filhos. Além de o anime levantar questões como a precocidade e amadurecimento das crianças em afazeres domésticos e responsabilidades, chegando algumas vezes a ser feito de forma abusiva.

Opinião geral

Por enquanto Hanasaku acabou se saindo como mais uma boa surpresa da temporada e assim como o anime dos X-Men teve um início promissor. Apesar de ter me parecido confuso nos minutos iniciais, o anime acabou tomando um bom rumo no decorrer dele até o fim, e para realmente fazer valer o acompanhamento só nos resta que os próximos tragam realmente o objetivo e a idéia principal da série apareça de forma mais efetiva e se desenvolva. Também espero que o “romance” entre ela e o pequeno Ko-chan possa se mostrar mais presente nos próximos eventos e os personagens secundários possam ser melhor introduzidos e explicados, como o tio da garota que parece que terá alguma relativa importância no decorrer dos fatos.

Como o anime é do P.A. descreio de cenas apelativas em ecchi, mas as personagens “fofinhas” e feitas para vender bonequinhos com certeza estarão presentes. Pra quem não curte algo extrapolado, é uma boa pedida. Vale também lembrar que o anime é inspirado em um mangá da revista Gangan, da Square, portanto não se trata de uma obra original, podendo correr o risco de não possuir um final ou da construção de um final alternativo para a obra. Resta acompanhar para saber e recomendo para quem gosta do gênero slice of life, embora outros animes desse do estúdio sejam criticados por uns e adorados por outros, como acontece com True Tears e Angel Beats.

E minha lista de animes da temporada vai aumentando…

Dih

Criador do Chuva de Nanquim. Paulista, 31 anos, editor de mangás e comics no Brasil e fora dele também. Designer gráfico e apaixonado por futebol e NBA.