Comentando Black Rock Shooter #02

Comentando o segundo episódio de BRS, aquele anime que 90% das pessoas detestaram a estreia.

E cá estamos para comentar mais um episódio de Black Rock Shooter depois de vocês parecerem ter aprovado a postagem da semana passada. Espero que nas próximas temporadas eu possa comentar mais animes dependendo da minha disponibilidade.

Mas voltando ao episódio: esse número 2 com certeza se saiu melhor que o 1º em sua execução, mas mesmo assim ainda não convence. Algumas pontas foram fechadas (até de forma satisfatória, considerando que a série só terá 8 episódios) e outras ficaram mais indagadas no telespectador. A direção do anime ainda é falha e a animação também não é o ponto forte da série. Com o decorrer da postagem, vou apontando o que aconteceu e minhas análises “teóricas” para o episódio 2.

Para aqueles que não viram os comentários do episódio 1, clique AQUI.

Nota: Essa seção possuirá spoiler dos episódios. Leiam daqui por diante por conta e risco.

Black Rock Shooter #2  – Abrace o amanhecer do céu

Um slice-of-life que está tentando se sofisticar mais do que deveria.

Mais uma vez o episódio foca muito na amizade de Mato e Takahashi, ou na busca dela. Ao mesmo tempo que continuamos com um paralelo dessa amizade com o mundo da Black Rock Shooter (que havia sido destroçada no episódio anterior, mas que apareceu vivinha nesse).

Logo no começo do episódio já é possível ver mais uma vez todo o contraste da menina inocente (Mato) com a garota que havia sido proibida de ir (Takahashi). Acontece que mais uma vez o diretor exagera nas cenas de “tentar fazer chorar”, utilizando a todo momento uma das duas personagens chorando pela situação em que se encontram. A cena de Mato sozinha no festival já seria uma ótima forma de “sensibilizar”.

Todo essa coisa de tentar forçar o público a sentir pena de Takahashi com as ações de Kagari estão começando a irritar um pouco. Você se vê obrigado a sentir aquilo que o diretor quer que você sinta, e isso se comprova na cena – bizarra – da garota sinistra fazendo uma marca no peito de sua “refém”.

E depois de uma cena em que a Black vê a Deadmaster com a mesma marca que Takahashi recebeu no peito, começamos as dúvidas entre os dois mundos novamente. Nesse momento, não se tem mais a impressão que o mundo dos sonhos é apenas uma metáfora do que acontece. A impressão que passa em alguns momentos, é que Mato sabe da existência dele em seus pensamentos, servindo como “premonições” dos acontecimentos para ela – como acontece no caso da marca de coração no peito de Takahashi. Mas aí alguns dirão “Ai seu idiota, o mundo da Black Rock Shooter nada tem a ver com a Mato, ela nem sabe que existe!”

E eu quase concordei até a cena seguinte, quando a “psicóloga” de Mato, conta a ela sobre a influência dos sonhos nos acontecimentos na vida, e como eles conseguem interferir nas nossas ações, muitas vezes passando mensagens que não conseguimos entender de outras formas. E aí eu me pergunto: Então quer dizer que realmente a Mato sonha com a Black? Aquilo não foi uma metáfora no episódio? A direção nesse ponto ficou extremamente confusa! Até porque nas outras passagens em que acontecem aparições da Black, não necessariamente a garota está “sonhando”. Mesmo que alguns não concordem, a transição de cenas entre esses “dois mundos” está servindo para o anime se tornar ainda mais confuso! Ou tascam logo um slice-of-life comum na série – mesmo com os dramas exagerados, ou apenas usem as metáforas da mesma forma que o OAD anterior.

Mas é claro que o drama não poderia parar por aí, e temos a demoníaca Kagari tentando se matar (?) para chamar a atenção da Takahashi. A garota levanta da cadeira de rodas (MILAGRE!) e se joga escada abaixo. Mas é claro que ela cai da escada e só machuca a mão. Seems legit now.

Porém essa não é a parte mais bizarra do anime. O mais engraçado é que a mãe de Takahashi explica para Mato o problema com a Kagari. Aparentemente a garota foi atropelada quando criança e isso a acabou deixando paralítica. No entanto ela diz que os médicos nunca conseguiram diagnosticar nada na perna da menina. E eu sem ser médico percebi isso antes! A garota levantou da cadeira de rodas e caiu da escada porque quis! Obviamente ela está fazendo tudo isso apenas para ter a Takahashi para ela – usando como o argumento que as duas eram muito próximas quando pequenas, antes de se separarem. E isso fica ainda mais notável quando a garota diz que agora não pode mexer a mão… Que raiva essa garota me faz. Mais raiva ainda a falta de personalidade da que aceita receber esse “bullying”. E muito mais raiva da mãe da Takahashi que não enxerga nada disso!

E a partir daí vemos o climax do episódio com uma discussão entre Mato, Kagari e Takahashi sobre o que devem ou não fazer – fazendo novamente um parêntese com uma luta travada entre as 3 “guerreiras” do outro mundo. E é nesse ponto que temos, talvez, a melhor parte do episódio. Gostei muito da cena em que a Yomi sorri mostrando a felicidade em ter alguém buscando sua amizade. Bem como foi interessante a analogia da Black tentando salvar a Deadmaster de Cheriot (o alter ego de Kagari no outro mundo). Mesmo a luta não tendo sido lá muito bem feita por culpa do CG, foi o ponto máximo do episódio.

O estado de enlouquecimento de Kagari foi bem assustador, e esse momento de aflição refletia no outro mundo na batalha de Black. É aí que, novamente, vemos o ponto que para mim pode fazer um bom drama na série. A atitude de Mato em abrir os olhos da amiga e fazê-la enxergar que Kagari não era uma coitada, apenas uma garota que queria atenção. Essa cena teve um teor dramático do que qualquer tentativa de empurrar uma personagem com as lágrimas escorrendo.

Finalmente Takahashi ganha personalidade e decide enfrentar a garota mimada – e que merecia uns tapas. Isso parece causar um distúrbio no outro mundo, fazendo aparecer mais uma nova guerreira. Uma nova inimiga? Pelo visto só saberemos no próximo episódio.

Pra finalizar o episódio, algo que pode ter sido interessante. Reparem que no outro mundo, Black arranca a cabeça de Cheriot logo após ela tentar surpreendê-la em um ataque. No mundo real, esse acontecimento parece se refletir de uma forma interessante, e que ainda não passa de uma teoria. Reparem no modo como Kagari se comporta no último quadro: ela sorri. Será que a destruição de Cheriot causou a volta da “bondade” na garota? E por que será que Yomi chorou? Por que o diretor quis colocar mais drama ou será que algo afetou em sua personalidade?

Pelo visto, essas questões terão que ser resolvidas no episódio 3. Ou pelo menos para aqueles que conseguirem chegar até lá. Como disse antes, o episódio 2 de Black Rock Shooter foi melhor que o 1, mas isso não o torna automaticamente bom. A série tem mais 6 episódios para mudar a nossa (ou a minha) opinião. Até aqui, nada que realmente empolgue. BRS poderia ser melhor se não tentasse misturar tantas propostas juntas de maneira tão desordenada.

Ponto positivo: A explicação da infância da garota – mesmo que não faça muito sentido – ajudou a fechar algumas dúvidas. O climax do episódio também foi bom.

Ponto negativo: Confusão na ideia da relação dos dois mundos. Ao mesmo tempo que tudo parece apenas uma analogia, o diretor parece querer para os telespectadores que existe uma relação entre eles.

Nota do episódio: 7 de 10.

por Dih

Dih

Criador do Chuva de Nanquim. Paulista, 31 anos, editor de mangás e comics no Brasil e fora dele também. Designer gráfico e apaixonado por futebol e NBA.