Review – Angelic Layer: o “Patinho Feio” do Clamp

Existe razão para falarem tão mal deste mangá?

Angelic Layer é um mangá  de cinco volumes do CLAMP, publicado originalmente entre 1999 e 2001, lançado no Brasil em 2005, após a maioria das obras mais famosas do grupo ter sido lançada – como Sakura Card Captors, Rayearth, Chobits, X e entre outros.

Desde que comecei a me “infiltrar” no mundo dos mangás e animes (o que coincidentemente também aconteceu em 2005), sempre ouvi falar muito mal de Angelic Layer. Nunca ouvi comentários sobre o porquê acharam ruim ou não, apenas uma crítica pesada, e pior ainda: a maior parte das pessoas que falava mal nunca havia lido ou visto o anime, só falava mal por também ter ouvido falar mal. De fato, até hoje, sete anos depois, só conheço, além de mim, outra pessoa que tenha lido o mangá.

Admito que, apesar de não ser o maior fã do grupo CLAMP, gosto de todos os mangás que li de sua autoria, até que resolvi também comprar Angelic Layer, cheio de desconfiança, para ver se as críticas eram justificadas (nos Comentários Gerais eu explicitarei minha opinião).

A História

Misaki Suzuhara é uma garota que mora no interior do Japão com seus avós, até que tem o desejo de se mudar para Tóquio para estudar. Assim que chega na capital, vê pela TV a transmissão de uma luta entre duas “mulheres”. No entanto, essas eram bonecas, chamadas de “Anjos”, que lutavam correspondendo ao pensamento de dono, chamado de “Deus”. No final da luta que presenciava, o anjo mais baixo derrota o mais alto, o que empolga Misaki, pois ela é baixinha, e a faz querer participar de torneios dessas bonecas, os chamados “Angelic Layer” (Layer é o nome do campo de batalha onde ocorrem as lutas).

Quando Misaki vai comprar seu anjo, conhece Itchan, um misterioso cientista que conhece muito sobre o Angelic Layer, e aconselha a garota sobre o que deve comprar para sua boneca, mas não consegue ajuda-la a construir porque acham que ele é um pervertido e o prendem enquanto a garota está no caixa (Não, isso não é brincadeira xD).

Ao chegar na casa em que moraria, que pertence a sua tia, irmã de sua mãe, Misaki começa a montar sua boneca, deixando-a baixinha como ela própria, e com a aparência de uma heroína de uma história que tinha lido, sendo inclusive o nome desta que coloca em seu anjo: Lucy (a história em questão é Guerreiras Mágicas de Rayearth, cuja heroína tem o nome original de Hikaru, traduzido como Lucy na edição brasileira do mangá).

No dia seguinte, Misaki acaba encontrando o pervertido Itchan novamente, que novamente a aconselha, desta vez a treinar, para então participar de torneiros do Angelic Layer, o que Misaki faz, dedicando-se muito para entender e conseguir controlar seu anjo. Duas horas depois, quando saem do treino, Itchan incentiva a garota a se inscrever num torneio que estava prestes a acontecer, e Misaki ganha.

À partir dessa primeira vitória, Misaki decide se inscrever no torneio da região de Kanto, o qual quem ganhasse poderia competir no torneio nacional.

Considerações Técnicas

A narrativa de Angelic Layer se desenvolve muito rapidamente, de maneira empolgante, fazendo o leitor acompanhar o desenvolvimento de Misaki, que também acontece assombrosamente rápido. Este é justamente um problema, a meu ver. Digo isso porque a história parece ser acelerada demais, parecendo que as autoras quisessem que o final chegasse logo, parecido com os volumes finais de Yu Yu Hakusho.

Classifico a história de Angelic Layer como no “mesmo mundo” da de Chobits. Digo isso porque em ambos existem avanços tecnológicos avançados o suficiente para existirem criações parecidas com seres humanos, ainda que sejam bonecas, em Angelic Layer, e computadores, em Chobits.

Com relação ao desenho, não tenho o que criticar, pois gosto muito do traço do CLAMP. Para mim, passam bem a ideia do que as personagens estão pensando, e acho isso incrível.

O único ponto que classifico como, vamos dizer “desgastante”, são as personagens principais das histórias do CLAMP. Perdoem-me os fãs, eu mesmo gosto das obras, mas não consigo deixar de sentir um quê de Sakura (creio que por Sakura Card Captors ter sido o primeiro mangá  CLAMP que li) em outras personagens principais como a própria Misaki e a Lucy de Guerreiras Mágicas. Não nego que esse tipo de personagem me cativa, mas acaba sendo cansativo que todas tenham uma personalidade tão parecida. Isso sem falar nas diversas referências à outras obras do grupo, como por exemplo a boneca Hikaru ter o mesmo nome da protagonista de Rayearth, como uma homenagem à heroína de uma das obras mais famosas do grupo.

Como foi dito, o mangá foi lançado por aqui pela editora JBC em 2005, época que os volumes em edições “inteiras” – os tais tankobons – começavam a dar os primeiros sinais de domínio de mercado e de preferência de leitores. Por se tratar de uma publicação antiga assim, chega até a ser normal um material considerado “ruim” nos dias de hoje, mas mesmo assim nada que um pouco de cuidado e zelo para evitar páginas caindo e amareladas.

Comentários Gerais

Por que tantos criticam Angelic Layer sem nem ao menos ler? Sinceramente, a história me prendeu muito a atenção, tanto que acabei lendo os cinco volumes em dois dias. Achei a narrativa cativante, com personagens secundários muito carismáticos, principalmente o já citado Itchan. Apesar do que falei sobre a personalidade das heroínas do grupo CLAMP, acho impossível não torcer pela Misaki no decorrer da história, para realmente ver até onde uma iniciante pode ir com o mínimo de conhecimento e de treino frente a adversárias poderosas.

Como já disse anteriormente, a narrativa é um tanto acelerada, dando a impressão de que faltam algumas coisas, como o dia-a-dia de Misaki, pois o mangá foca-se quase exclusivamente nos combates do Angelic Layer, mas também foi esse o fato que tornou a história de fácil leitura. Vale ressaltar ainda que, mesmo que eu diga isso, a história não tem pontas soltas, tudo acaba se explicando.

Minha opinião é que Angelic Layer vale sim a leitura (não falo nada do anime, pois não o vi, por isso gostaria da opinião daqueles que o viram), não apenas para os entusiastas das obras do CLAMP, mas para todos aqueles que curtem uma boa história, curtinha, que não se comprometa no enredo. Sem contar algumas cenas de pancadaria entre os anjos, que não deixam a desejar em comparação a muitos shounens.

por César

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