Primeiras Impressões – Sensei no Bulge

Conheça um pouco mais da nova série da Shounen Jump.

Com o término de Bakuman, Pakky e ST&RS, três lacunas de séries se abriram nas páginas da revista mais popular da Shueisha. No lugar de Pakky, tivemos a estreia de outro Gag mangá, PSI. Já ST&RS largou o tema espacial para abrir lacuna para Koisome Momiji, mais um ecchi. Já no lugar de Bakuman, temos a série com maior expectativa de todas, Sensei no Bulge, também conhecida como Sensei no Balge ou simplesmente Balge/Bulge.

A série é de autoria de Horikoshi Kouhei, mesmo autor de Oumagadoki Zoo, outra série da Jump que acabou sendo cancelada há tempos anteriores com 5 volumes. Ela é uma das séries que muitos acreditam ter sido “injustiçada”, como aconteceu com Double Arts, Akaboshi e outros. De qualquer modo, Kouhei tem sua segunda oportunidade na antologia e os resultados iniciais são animadores. Vamos conferir a estreia do mundo steampunk de Sensei no Bulge.

A história

Industria é um planeta que passa por uma radical transformação. Antes um local pacífico e tranquilo, Industria passa a ser alvo de… aliens. Eles disputam o comando de Industria e guerras e batalhas são travadas para comandar cada ponto do lugar. Tudo é comandado por um rei, que aguarda muito pela ascendência de Bulge, aquele que está destinado a ser o comandante do povo de Industria em rumo a paz. Porém nem tudo é tão fácil quanto parece. Em outro canto da cidade, um garoto chamado Astro é o responsável por cuidar de um grupo de crianças órfãs e para isso dá duro em seu trabalho. Mesmo sendo desajeitado e muito destemido em enfrentar qualquer um, Astro valoriza em primeiro lugar os garotinhos, que ele considera sua família e sempre os mantém como prioridade.

Porém um dia, Bulge aparece na frente de Astro e faz uma proposta: ele deve assumir o posto de príncipe, já que ambos são realmente idênticos e o primeiro não está nem um pouco afim de exercer seu papel na história toda. Antes que Astro pudesse responder que sim, um fatídico acontecimento leva-o ao castelo de Industria e um misterioso poder liberado pelo artefato “Org” o transformará no herdeiro do trono do reino. Agora ele terá que ser o responsável por trazer paz e harmonia para o lugar, além de encontrar uma maneira de reaver seus irmãos que foram deixados para trás no meio de toda a confusão. Astro ou Bulge? Só o tempo vai decidir.

Considerações Técnicas

O que eu posso dizer sobre Bulge é: tem potencial. Apesar de todo o hype que se formou em torno da série, o retorno foi muito positivo. Não dá pra pedir um enredo divino, perfeito, mas ao menos ele tem tudo que um primeiro capítulo de mangá da Jump tem que ter: empolgação e carisma. A série consegue manter muito bem os pontos entre comédia, “aventura” e principalmente ação, além de um traço muito limpo e bonito do autor Horikoshi Kouhei. Conseguimos encontrar na série um protagonista divertido, engraçado e que parece ter o velho clichê de “precisamos proteger quem amamos”, como já é de praxe da Shounen Jump (vide Naruto, One Piece e outros).

Além disso, a ambientação da série é algo ausente hoje nas páginas da revista. Fugindo do background de piratas, ninjas, guerreiros fantasmas (?) e de pijamas, Bulge nos apresenta uma série com pano futurista e com construções que nos lembra muito uma tentativa de steampunk mais leve, ao melhor estilo de Hollow Fields, por exemplo. Porém é cedo para dizer se a série seguirá nesse caminho – lembrando que qualquer tipo de enredo que envolva o steampunk é tecnicamente complexo e envolve muito cuidado – até porque isso pode prejudicar o andamento da mesma. Ficaremos de olho.

No primeiro capítulo não somos apresentados para um vilão da série – e isso não é um erro, afinal são poucos os mangás que apresentam algo assim de cara, usando sempre apenas um “bode expiatório” para explorar o protagonista no primeiro capítulo. Porém já temos a presença daquele que possivelmente será o “personagem alternativo” da galera que acompanhar o título, o cavaleiro e amigo de Bulge/Astro, Tiamat. Ele tem tudo que um “antagonista” precisa: aparência descolada, personalidade forte e um senso de lealdade compensado por uma leve bronca do personagem principal. Ficaremos curiosos para ver o desenvolvimento dele.

Outro ponto que nos chamará a atenção é a presença do contraste entre dois “mundos”, o da riqueza do reino e o da pobreza em que Astro vivia com seus irmãos – que com certeza é uma das partes que fará com que as pessoas mais se apeguem ao protagonista. Espero que esse aspecto também seja explorado com maior detalhes. É algo que me atrai muito em mangás quando temos essa troca de dois ambientes diferentes entre os protagonistas. Foi isso que me chamou a atenção em O Mito de Arata, por exemplo.

Comentários Gerais

Como falei, é muito cedo para dizer se Bulge pode ser um sucesso consolidado nas páginas da Shounen Jump. A fórmula de sucesso dos principais carros chefes da revista conseguiu ser bem estampada nesse primeiro capítulo e isso com certeza o ajudará a ter uma boa recepção no ranking.

É clichê? Muito. Mas não é algo que tenha ficado enjoativo ou com a sensação de “já vi isso antes”. O único porém de tudo isso é que a história apresente um tema que pode ser muito explorado ou ao mesmo tempo pode ser extremamente limitado. Se bem que o autor provou em Oumagadoki Zoo que consegue criar um universo bem extenso – a criatividade é um dos pontos fortes dele.

Espero que ele tenha uma boa recepção da série, e assim consiga se manter bem. Teremos que saber como será a inclusão de um vilão da série, como se seguirá o crescimento do protagonista  e a sua relação com as pessoas do reino. Também ficaremos na dúvida de como será a ocasião em que descobrirão que ele é o falso Bulge. Será que o verdadeiro realmente morreu? Muitas pontas soltas podem se armar, mas uma bela trama também pode ser traçada.

Para quem sentia falta da estreia de um mangá de ação e aventura na Jump, Bulge chegou para cobrir esse espaço. Quem acompanhará essa série? Altas expectativas? Mantenham seus pés no chão, afinal, é a Jump. Tudo pode acontecer na revista de mangás mais famosa do mundo.

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por Dih

Dih

Criador do Chuva de Nanquim. Paulista, 31 anos, editor de mangás e comics no Brasil e fora dele também. Designer gráfico e apaixonado por futebol e NBA.