Review – Brave 10: A lenda dos Bravos de Yukimura

E mais nada…

O anime de Brave 10 contou com 12 episódios, e para mim foi um dos mais esperados da primeira temporada de 2012, pois gosto de animes com a temática de samurais. Sua história é baseada na obra homônima de autoria de Kairi Shimotsuki, publicada no Brasil pela editora Panini, e que foi concluída com 8 volumes em 2011, embora sua continuação direta, intitulada de Brave 10 S esteja sendo escrita atualmente. A autora é conhecida por ter desenhado a adaptação do jogo Sengoku Basara, o qual também ganhou versão animada.

A história de Brave 10 difere-se totalmente na mostrada em Sengoku Basara, e esse ponto é de suma importância para os que esperam encontrar um Sanada Yukimura que luta a todo tempo e responde a seu senhor, Oyakata. Em Brave 10 Yukimura assume mais um lado de estrategista militar, e é nisso que tendo a maior diferença entre os dois animes. Muito foi comentado sobre a comparação das duas séries, mas elas devem ser totalmente descartadas logo no primeiro momento e no primeiro contato. Enquanto Sengoku Basara tem um roteiro muito mais “amplo” e que poderia ser explorado quantas vezes quisessem, em Brave 10 temos um objetivo… Só não dá pra dizer se ele é ou não uma boa motivação.

A História

A história se passa no período Sengoku, um ano após a batalha de Sekigahara, e o anime começa com o templo de Izumo sendo atacado por ninjas a mando de Tokugawa Ieyasu, onde um monge se sacrifica para salvar a sacerdotisa Isanami, mandando-a procurar Sanada Yukimura para pedir ajuda. Em quanto fugia de seus perseguidores, a sacerdotisa esbarra com o ninja Saizou, que aceita ajudá-la em troca de uma refeição. Ao descobrir para onde a garota quer ir quer ir, o ninja se recusa a acompanha-la, entretanto, neste exato momento, são atacados por Sasuke Sarutobi, mas a sacerdotisa interrompe a luta, exigindo ver Yukimura.

Chegando ao castelo deste, a garota ouve sua recusa em ajudá-la, por considerar que está apenas buscando vingança, mas os deixa pernoitar em seu castelo. Porém, no meio da noite Saizou vai embora, e Isanami vai atrás dele. Nesse percurso são atacados novamente por ninjas enviados por Tokugawa, e Sanada aparece, revelando que só havia agido daquele modo para saber quem estava atrás da sacerdotisa, afirmando que a garota era o motivo do ataque ao templo de Izumo, pois continuavam perseguindo-na e o monge havia dado a vida para protegê-la, embora não soubesse o motivo disso.

Ao retornarem ao castelo,Yukimura revela que quer reunir dez guerreiros, o mesmo número de dedos que possui, e que possam se equiparar à sua capacidade, para quem possa proteger as pessoas de Tokugawa Ieyasu. No decorrer dos episódios seguintes são mostrados os guerreiros que se unirão a Sanada.

Considerações Técnicas

Nos últimos tempos os animes de ninjas e samurais conseguem atrair uma boa fidelidade de expectadores.  Principalmente por “booms” como Naruto e Rurouni Kenshin em um passado não tão distante, sempre se espera muito de séries do gênero, pela sua grande facilidade de divertir e de conquistar seu público. Brave 10 tenta engatar nesse grupo e conquistar fãs com uma fórmula simples. O problema é que algumas vezes a fórmula simples não é a melhor solução e nem o maior atrativo. Enquanto o mangá possui traços que são elegantes e de se admirar, o anime não chega a exercer a mesma função.

Mas nem só de críticas o anime vive. O grande destaque em Brave 10 são seus cenários e cores vivas que conseguem representar muito bem todo o ar e o clima da série, que considero próprio de um anime adaptado do gênero shounen. Mesmo assim a série consegue fazer aquela transição de  tornar-se “mais dark” quando ocorrem partes sombrias ou de grande importância na série. A mesmo coisa com relação às vestimentas de cada personagem, passando uma impressão de que realmente cada um tem uma personalidade própria, assim como um próprio modo de se vestir. Claro que isso é muito do próprio mundo imposto pela autora e acabou se tornando uma característica do mesmo. Talvez esse seja o grande “charme” de Brave 10 e de grande parte dos animes de samurais, ninjas e afins.

Porém o grande desmérito de Brave 10 está em sua execução. Mesmo estando nas mãos do competente diretor Kiyoko Sayama (que cuidou de séries como Pretear, Princess Tutu e Skip Beat) a série tendeu a não ter um ritmo adequado em sua adaptação. Mesmo nas mãos de Mamiko Ikeda (de Maid-Sama), o roteiro não conseguiu resolver os furos que o mangá e a história original possuem, e de quebra ainda se viu prejudicado por conter uma história “pela metade”, tendo em vista que a série não cobre totalmente o mangá. Em certos momentos tudo pareceu acelerado demais e apenas jogado como fator “diversão”, sem se preocupar com uma linearidade. Além disso em alguns momentos você sente que o novato estúdio Sakimakura peca em diversas passagens que poderiam ser muito mais exploradas devido a bela arte que Brave 10 disponibilizam.

Ao menos podemos destacar a trilha sonora nas mãos de Seikou Nagaoka, a mesma que cuidou do nosso conhecido El Hazard. Além de conseguir colaborar na ambientação da série, as músicas escolhidas para abertura e encerramento do anime conseguiu entrar bem no feeling do mesmo. No primeiro momento, a abertura de Brave 10 não empolga, mas você vai aprendendo a gostar de sua sonoridade aos poucos, embora o principal nela seja a apresentação dos personagens que virão as ser os dez bravos de Yukimura. Já a melodia do encerramento realmente não é do meu agrado, mas, assim como a abertura, mostra os personagens aos poucos, para depois mostrar todos juntos, como um grupo. Por esse mesmo motivo, posso adiantar que as músicas cumprem bem o seu papel para com a série.

OS PRÓXIMOS PARÁGRAFOS CONTÉM SPOILERS. CASO NÃO TENHA VISTO A SÉRIE, PULE PARA OS COMENTÁRIOS GERAIS.

Até aqui tudo muito bem tudo muito bom, até que chego na parte de analisar o roteiro de Brave 10… É difícil ter palavras para explicar o quanto fiquei DESAPONTADO! Como disse, a abertura e encerramento cumprem seu papel, mostrando os personagens que virão as ser os 10 Bravos, porque é apenas isso que acontece no anime! Embora no final tenha uma reviravolta, onde ocorrem as melhores lutas desses doze episódios, a série deixa um gostinho de quero mais, parecendo que Brave 10 é apenas a introdução de uma grande história. Sabendo que existe a continuação, Brave 10 S, eu realmente espero que neste mangá a história realmente se desenvolva.

Como dito anteriormente um ponto em que Brave 10 peca é nas suas cenas de ação e de luta. A parte que eu achava que seria o mais empolgante no anime, foi o que acabou sendo mais, por assim dizer, “jogado”. Não que não tenham pontos fortes, mas a maioria delas parece se passar rápido demais, e acabar de maneira estapafúrdia. Sem contar que o Saizou tem “síndrome de Seiya”, e se levanta sempre que ouve a mocinha “indefesa” Isanami. Só digo que não gostei de todas as lutas porque acabei gostando das lutas do Kamanosuke (para mim, de longe, o melhor personagem do anime).

Comentários Gerais

Decepcionante. Vi o primeiro episódio esperando mais de Brave 10, e terminei o último ainda esperando mais. Acho que a história tem um potencial incrível mesmo, mas o problema parece realmente ter sido no mangá e torço para que em sua sequência as coisas realmente andem. Já se vai ter anime de Brave 10 S, pessoalmente eu duvido, principalmente se a recepção do mangá foi tão boa quanto a do anime.

Não posso dizer também que seja uma série totalmente inútil e ruim, é boa para passar o tempo, mas não pode ser vista esperando muita coisa, muito menos um final. A comparação com Sengoku Basara é ridícula, pois este último é muitas vezes superior a Brave 10. Se quiserem ver um bom anime sobre o período Sengoku, Sengoku Basara é a melhor opção. Brave 10 é raso e seus personagens não chegam a ser marcantes (além de uma protagonista extremamente irritante) o que dificulta criar uma relação de “apego” com a série. Não é a toa que o anime deve ser daqueles que entrarão no esquecimento daqui algum tempo… A não ser que algum milagre aconteça e uma continuação seja anunciada no futuro. Só não esperem demais.

por César

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