Esquecidos no Brasil, Otomen e Blade of the Immortal terminam no Japão

Quem sabe as editoras não se animam agora à voltar com essas crianças?

Dois dos melhores mangás que já pintaram por aqui e que simplesmente foram “largados de lado” pelas editoras nacionais, estão chegando ao fim no Japão.

O primeiro é Blade of the Immortal, publicado no Brasil pela editora Conrad como Blade – A lâmina do Imortal. O mangá terá seu último capítulo publicado no Japão em fevereiro de 2013, contabilizando 219 capítulos e cerca de 30 volumes encadernados. O autor Hiroaki Samura publica o título desde 1993 (!!!) e entre algumas paralisações, um anime (fraco) há alguns anos e um fandom formado, conseguiu fazer Blade uma das mais elogiadas histórias de samurais de todos os tempos, sem sombra de dúvidas. Ao lado de Vagabond, marcou boa parte dos leitores que ficaram decepcionados com a atitude da Conrad de não continuar o título.

Outro título que está para terminar no Japão é Otomen, que se encerra em novembro com 17 volumes encadernados no total. O mangá shoujo de Aya Kanno não é um dos maiores exemplos de popularidade no Japão, mas conseguiu se firmar muito bem gerando um dorama e sendo um título bem vendido nos Estados Unidos. No Brasil, o último volume lançado do mangá foi o 7 em outubro de 2010! Apesar da Panini não se pronunciar a respeito da continuação do mangá, os fãs praticamente não possuem mais esperança de um retorno, uma vez que a “pausa” já completa 2 anos no próximo mês. E é justamente esse fator que mais irrita o leitor: a falta de justificativa da editora. Muitos são os boatos: de que ele só voltaria quando Ouran acabasse (sendo que já acabou), que estavam esperando mais shoujos terminarem (lembrando que As Estrelas Cantam e Alliance Cross estão terminando em breve) ou que estavam aguardando o fim da publicação no Japão. Caso a última seja uma justificativa verdadeira, eis a chance que estavam esperando.

De qualquer maneira, não adianta reclamar de cancelamentos no mercado nacional, afinal eles ocorrem no mundo inteiro quando algo não vende. Basta lembrar que nos Estados Unidos mangás como Hitman Reborn e Gintama foram cancelados pela toda gigante e poderosa VIZ, detentora dos direitos da Shueisha por lá. Além disso, no Brasil o leitor de quadrinhos em geral já está acostumado com cancelamentos e términos repentinos de diversas outras linhas de comics. Claro que isso não é o correto, mas uma tática bem comum no mercado editoral. O único porém é a falta de respeito para com o leitor, que simplesmente fica aquém de qualquer informação sobre os títulos quando são paralisados, sem nenhum tipo de satisfação das editoras. Otomen? Blade? Ou vão se esquecer do caso Peach Girl e Éden? Ou mesmo de Full Metal Panic? Não importa se o público que consome é pequeno, apenas esperamos um comunicado, uma resposta, um “oi, cancelamos seu mangá favorito”. Ao menos nesse quesito, não temos muito o que reclamar da JBC.

Enfim, agora é cruzar os dedos e torcer muito para que Blade e Otomen possam ser vistos em nossas bancas um dia. São títulos bons demais e que merecem essa chance, inclusive de vocês, leitores.

Dih

Criador do Chuva de Nanquim. Paulista, 31 anos, editor de mangás e comics no Brasil e fora dele também. Designer gráfico e apaixonado por futebol e NBA.