Comentando – Primeiras Impressões: JoJo’s Bizarre Adventures #01

DIIIIIIIIIOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!!

Acho que se em toda a história da Shounen Jump, uma série jamais mereceu tanto esse anime quanto JoJo. Ele não é apenas um dos mangás mais ovacionados do mundo, como também é o responsável por impôr um estilo único de glamour misturado ao alto teor de testosterona de outros mangás como Hokuto no Ken. Mesmo com os OVAs já lançados anos mais cedo, ainda faltava algo a mais. E esse “algo” chegou com uma série de TV nas mãos do David Production, estúdio que no ano passado também foi o responsável por animar Level E, outro mangá “antigo” e que teve um resultado satisfatório.

Com uma verba reduzida, mas com um cuidado técnico todo especial em cima da estética oitentista de JoJo, temos como resultado uma das séries que podem se tornar uma das mais populares da temporada. Que o meu lado fanboy não me deixe enganar. Mas mais do que isso, que vocês se empolguem tanto com a série como eu.

JoJo’s Bizarre Adventures #01

Dio The Destroyer

Basicamente JoJo conta a história por trás da maldição que envolve a família Joestar e a misteriosa máscara que vemos no decorrer do episódio. Mas a verdadeira maldição do primeiro arco – conhecido no mangá como Phantom Blood – tem um nome: Dio Brando. Criado por um velho bêbado e vagabundo nas montanhas, Dio é um dos personagens mais memoráveis que você poderá conhecer. E não só por ser o vilão, mas por toda a personalidade que o envolve. Ele não tem sentimentos, mas tem a ambição que provavelmente falta à metade dos personagens de outras séries. Ele não só quer vencer, como também quer humilhar, pisar, se sentir superior. E é nessa história de Dio com Jonathan Joestar, o herdeiro legítimo da família, que vemos o desenrolar da primeira parte da trama.

Enquanto JoJo foi criado com todos os mimos e sendo o centro das atenções, Dio chega de repente na vida da família (como uma forma de favor, já que seu “pai” havia salvo o chefe da família Joestar e o próprio JoJo em outra oportunidade) e se mostra um jovem culto pelas costas, quando na verdade esconde toda a sua verdadeira personalidade. Acredito que a cena em que Dio chuta o cachorro Danny (e posteriormente é o responsável por sua morte) foi uma das que mais abalou o público nesse episódio. Simplesmente algo desumano e que na animação conseguiu ser passado de uma forma tão “filha da p***” quanto no mangá.

O interessante aqui é que Dio é um vilão que dificilmente vemos em outras séries. Como eu disse antes, ele é memorável porque ele é simplesmente RUIM! Mal! Não importa o motivo, ele só é! E você vai ter cada vez mais raiva dele com o passar dos episódios e torcer mais e mais por seu protagonista. É a partir disso que Phantom Blood consegue cativar o seu leitor, e nesse caso, seu telespectador.

Sobre o restante do episódio em si, não dá pra falar muito. A ideia foi demonstrar a diferença entre os protagonistas. Você viu que as lutas terão um foco totalmente especial e que JoJo não é um cara qualquer. Como Dio mesmo retrata na briga entre os dois dentro da casa, ele fica ainda mais forte dentro de uma situação desesperadora e de combate. Além disso, Erina será uma figura essencial para o desenvolvimento do personagem com o decorrer dos episódios.

“Mas onde estão as bizarrices do título?” Calma! Elas chegarão e serão acrescidas na história quando você menos esperar. Esse é o “toque” de JoJo. As coisas simplesmente acontecem porque elas tem que acontecer. Esqueça a lógica e foque em um roteiro onde o objetivo é distribuir socos, poses estranhas, roupas mais estranhas ainda e personagens extremamente marcantes de sua forma.

Sobre a animação, como dito anteriormente, JoJo apresenta uma renda bem abaixo do que merecia. Talvez por esse motivo você tenha a impressão de em alguns momentos estar assistindo um anime feito em “flash”, com um visual bem precário. Mas eis o grande mérito do estúdio aqui. Mesmo com todos os contras e falta de orçamento, JoJo consegue contornar tudo com uma animação extremamente estilosa, que nos remete aos anos 80 sem tirar os pés da atualidade. Podemos dizer que todo o charme e o “glamour” que a série possui no mangá conseguiu ser passada para o novo público sem que parecesse cafona ou datado.

O character design diferenciado, as técnicas clássicas de animação com quadros congelados e até mesmo a utilização de “onomatopeias” entre as cenas de impacto, serviram para deixar a série ainda mais envolvente, mais elegante. Isso não quer dizer nem de longe que a série possua a beleza da animação de [K] ou Zetsuen no Tempest, mas dentro de seus limites consegue fazer algo simplesmente encantador e simples. Artístico. Tudo isso acompanhado por uma trilha sonora extremamente viciante comandada por Hayato Matsuo e, é claro, uma música de encerramento simplesmente perfeita para todo o clima: Roundabout, da banda YES – música de 1971 que serve como um convite para entrar no clima retrô e apaixonante que JoJo proporciona.

Pode ser que o clima da série não seja para todos. Alguns dirão que a adaptação é simplesmente um “quadro a quadro” do mangá. Mas não exatamente vejo isso como um ponto negativo. Afinal, a ideia não é adaptar? E como fazer isso com uma obra totalmente deslocada e com um traço que não condiz com a realidade das séries atuais? Sim, JoJo consegue trazer à tona uma vitalidade para o “velho” de uma forma muito mais competente e eficaz do que Lupin III tentou há algumas temporadas atrás. Satisfatória e para qualquer um que esteja disposto a ver um bom battle shounen.

Talvez JoJo não consiga quebrar paradigmas de pessoas que “julgam” uma obra como “datada”. Talvez a série não seja um sucesso e passe despercebida por quem realmente precisa, os japoneses. Mas com certeza ela é um dos melhores aperitivos para essa temporada de outubro. Ainda não sabemos se o anime cobrirá somente o primeiro arco (Phantom Blood) ou se ele também se estenderá até Battle Tendency, como surgiram alguns comentários recentemente em blogs japoneses. Particularmente, se a série manter esse nível, e conhecendo a história de JoJo como conheço, não há com o que se preocupar. A família Joestar está em boas mãos.

Nos vemos no próximo episódio.

por Dih

Dih

Criador do Chuva de Nanquim. Paulista, 31 anos, editor de mangás e comics no Brasil e fora dele também. Designer gráfico e apaixonado por futebol e NBA.