Primeiras Impressões – ‘Aku no Hana’ ou ‘Flower of Evil’

headerA internet é a verdadeira flor do mal.

Antes de começar, há de se falar que já tive contato com o mangá antes da animação de Aku no Hana. Devo dizer que esse primeiro episódio de ‘Flower of Evil’ foi no mínimo curioso. Mas mais curiosa ainda foi à reação da internet com relação ao mesmo. Não importa o local onde eu vá, a quantidade de pessoas “metendo o pau” no primeiro episódio da série chega a me impressionar. E o mais engraçado é que muitas dessas pessoas são aquelas que dizem que não devemos julgar nada pelo primeiro episódio. Bem, não sei. Talvez por não concordar com a reação exagerada vista até agora, acredito que Aku no Hana acabou sendo destacado mais pela técnica excêntrica do que pela execução em si. Convenhamos que ele fugiu de tudo do tradicional e claramente isso é proposital. O que também não isenta a animação fraca e ao mesmo tempo experimental da série.

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“A história de Aku no Hana é aquilo que podemos chamar definitivamente de “no mínimo estranha”. Tudo gira em torno de um garoto chamado Takao Kasuga, um cara que é totalmente apaixonado pela bela colega de classe Nanako Saeki. Só que tudo se complica no dia que ele meio “sem querer querendo” acaba roubando as roupas de ginástica da garota (que lá no Japão parecem ter tanta importância quanto as roupas íntimas). Até aí tudo bem, já que bastava apenas ele entregar… Mas acontece que ele foi surpreendido pela “estranha” Sawa Nakamura, uma garota que faz com que ele vire seu “servo” em troca de não espalhar para todos sobre o segredo. E não é que isso vai gerar um triângulo amoroso totalmente diferente?”

Em primeiro lugar é necessário destacar o uso da técnica de rotoscopia (basicamente um processo que você utiliza uma pessoa “de verdade” como modelo para a animação) em uma série televisiva. A rotoscopia não é um processo simples e muito menos barato, mas é usado em alguns filmes bem conhecidos e que souberam se prevalecer desse efeito. Além dos clássicos da Disney como Bela Adormecida, Branca de Neve e filmes de outras proporções como Titan A.E., esse tipo de animação ainda é usada em alguns longas para causarem certo impacto no expectador.

3Aku no Hana surpreende em tentar usar essa técnica na série, e a meu ver tudo tem a ver com a escolha do público alvo da animação. A ideia não é alcançar aquele que vê um Naruto ou One Piece (não desmerecendo as obras, claro). Com uma animação peculiar e com um character design extremamente diferente e “rústico” (por que não, feio?), a impressão que temos é que o diretor não procura se apegar a elementos específicos dentro da obra e sim na execução da mesma. Há tensão causada pelas cenas longas e aleatórias, contrastadas por uma trilha sonora afiada e de certa forma assustadora, em conjunto com expressões e movimentos muito mais “humanos” do que estamos acostumados em qualquer anime comum – e cenários lindos, que não perdem em nada para qualquer um representado no mangá da obra. Não há como deixar de lado, por exemplo, a incrível cena final do episódio, deixando o grande clímax para o próximo e ainda assim causar uma sensação de suspense, de medo, de “que porra vai acontecer daqui pra frente?”. Talvez o ritmo consideravelmente lento tenha sido o grande ponto negativo.

12O grande erro de Flowers of Evil é não conseguir atingir o expectador. O ‘Frankenstein’ acabou não tendo o resultado esperado e ao invés de atiçar a curiosidade acabou causando medo. Tudo que é diferente de início causa espanto, repulsa, aversão. Com essa série não foi diferente. A expectativa em cima da adaptação de um mangá tão diferente já era um grande mistério desde seu anúncio. Guardar toda a apreensão para o momento do lançamento foi ainda pior, mais arriscado. E os resultados estão sendo colhidos agora. Queda de encomendas na Amazon.Jp, pedras atiradas pelos 4 cantos da internet. Isso mostra que além das falhas de animação e da possível verba abaixo do orçamento necessário para um bom projeto, o maior inimigo de Aku no Hana foi o público, que parece não estar preparado para uma mudança tão brusca em suas séries, que ainda quer viver do clássico e que assim como demorou a se acostumar com a intervenção do 3D direto, dificilmente vai se acostumar com um processo ainda mais artisticamente “duvidoso” quanto à rotoscopia.

10Como pessoa que já leu o mangá posso dizer que como adaptação a obra deixa a desejar, mas como obra única ela me deixou satisfeito. Senti-me preso naquela atmosfera diferente e intrigante, que me passou outra sensação da leitura. Apesar da maior parte das opiniões serem contrárias, acho que esse é mais um daqueles casos que só a sua própria opinião poderá te dizer se deve continuar ou não. Eu continuo, por enquanto.

9Ah, e aquele encerramento… Tentem tirar das suas mentes logo. Aquilo é perturbador.

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Dih

Criador do Chuva de Nanquim. Paulista, 31 anos, editor de mangás e comics no Brasil e fora dele também. Designer gráfico e apaixonado por futebol e NBA.