Review – Magi – O Labirinto da Magia, de Shinobu Ohtaka (Volume 1)

Magi Review HeaderEssa é a mistura de Brasil com Egito.

O ano de 2014 está sendo um ano realmente bom para os fãs de mangás no Brasil. Nunca tivemos tantos títulos nas bancas quanto hoje e tantas ofertas diferentes para diferentes públicos – alguns com um leque mais extenso que outros, mas ainda assim marcando presença. E claro que isso se deve às editoras apresentando títulos mais desconhecidos e ao mesmo tempo hits de grande sucesso.

Magi é um desses hits. Hoje vivemos uma escassez enorme de títulos em nossas televisões, o que diminui, e muito, a probabilidade de grandes sucessos nacionais. Mas algumas obras conseguem se destacar apenas com a divulgação da internet entre o nicho. E é se baseando nisso que Magi acabou virando um dos mangás mais pedidos do último ano e agora chega ao Brasil pela editora JBC.

Com títulos como Fairy Tail e Blue Exorcist (carros chefes de shounen atuais da editora) encostando-se ao Japão, fica a cargo de Magi a responsabilidade de se tornar um dos principais mangás da mesma.

Magi Review (7)A HISTÓRIA

A história de Magi gira em torno de Aladim, que viaja pelos desertos cheios de bandidos e criaturas maléficas e que possui uma flauta mágica que possui dentro dela um gênio! Ele se chama Ugo e curiosamente “não tem” uma cabeça, mas mesmo assim possui um corpo extremamente forte.  Ugo pede para Aladim e ambos partem em busca de outros recipientes mágicos, como a sua flauta. Mas qual será a utilidade de tais recipientes?

Para encontra-los, o garoto e seu amigo azul terão que enfrentar as chamadas “Dungeons”, e para isso eles conhecerão outras pessoas como Ali Babá, Morgiana e outras pessoas que tentarão lhes ajudar… assim como muitas que também vão querer atrapalhar a sua missão e que possuem os mesmos objetivos em mente. Será que a amizade de Aladim e Ugo será o suficiente para sobreviver aos perigos que o mundo mágico lhes aguardam?

Magi Review (3)CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

Magi – O Labirinto da Magia (Magi – Labyrinth of Magic / マギ) é um mangá publicado na revista Shounen Sunday desde 2009 com a autoria da mangaká Shinobu Ohtaka, sendo a sua segunda obra serializada na revista (a primeira foi Sumomomo Momomo). O título atualmente se encontra com 22 volumes no Japão, ainda em andamento e com direito a duas adaptações animadas pelo estúdio A1-Pictures, somando 50 episódios (adaptando cerca de 20 volumes do mangá).

Magi começou a despontar no final de 2011 e começo de 2012, quando o mangá que já vendia uma boa soma dentro da proposta da Shogakukan com a Shounen Sunday, começou a despontar ainda mais e começou com os primeiros boatos de seu anime. A partir daí a evolução na escala de sucesso passou a ser maior e com a série em exibição o mangá rapidamente ganhou ainda mais repercussão e se tornou um dos títulos mais vendidos em 2012 e 2013. Hoje é o título mais vendido em publicação na revista, que conta com obras como Detective Conan e Silver Spoon, de Hiromu Arakawa (a autora de Fullmetal Alchemist).

Magi Review (2)“Mas o que faz de Magi uma série tão querida assim? Não é apenas um battle shounen comum?”

Sim. E não. Apesar de ser, de fato, apenas mais um shounen no meio de tantos, a autora Shibobu Ohtaka soube usar algo que com certeza atraiu a atenção de muitos: As 1001 Noites. A autora se aproveitou de diversos personagens consagrados e os adaptou em uma releitura para as páginas do mangá. Um erro comum é que algumas pessoas acreditam que a autora simplesmente utilizou exatamente os mesmos personagens das 1001 Noites e afiliadas (existem alguns contos que não fazem parte da obra original, mas acabaram sendo agregados em edições lançadas com o decorrer do tempo), com todas as suas características, o que não exatamente um erro, mas merece um cuidado aqui.

Mas automaticamente você não consegue não se encantar pelo Aladim criado pela mesma, ou gostar da coragem e da persistência de Ali Babá. E posteriormente de outros personagens que vão aparecendo no decorrer da história. A ambientação e a forma como a autora distribui seus personagens é realmente cativante e prende você através de diversas formas. Desde os belos e regulares traços da mangaká, até a fórmula de comédia que realmente vai te fazer dar boas risadas durante a leitura mesmo durante uma cena de tensão.

Magi Review (1)Outra coisa realmente envolvente é a forma como a autora trabalha questões políticas. Opressão de povos, reis ditadores e a discrepância entre povos ricos e pobres. Muitas críticas sociais são feitas em Magi, algumas adaptadas para a sociedade atual e outras envolvendo o período em que a história se passa (como a relação entre os escravos e seus patrões).

Não há como não apreciar a leitura do primeiro volume de Magi. Se você nunca viu nada relacionado com a série vai dar muitas risadas com as piadas envolvendo o pequeno Aladim e sua fixação por… mulheres (fato que é explicado posteriormente de uma forma melhor). E comida. E mesmo esse “mulheres” da história não é um fanservice jogado. Aliás, nenhum tipo de piadinha desse tipo tem uma conotação ofensiva na história e as brincadeiras do tipo acabam sendo muito bem encaixadas no mangá.

Como todo mangá longo, Magi também possui posteriormente os seus pontos fracos e até alguns desenvolvimentos bem indesejados no decorrer da história. Porém não há como negar que o primeiro volume realmente consegue te vender o produto e a proposta entregue por Shinobu Ohtaka. Magi não é um mangá genial (sem trocadilhos), mas sabe executar bem os clichês do gênero que tem em mãos.

Magi Review (8)COMENTÁRIOS FINAIS

Magi merece toda a fama e o reconhecimento atual que ganhou no cenário internacional, e acho a presença do mangá por aqui algo muito positivo e um grande acerto por parte da JBC. É sempre bom ver que outros bons mangás conseguem seu destaque mesmo não sendo parte da Shounen Jump da vida (por sinal, a autora conta que foi rejeitada na Jump em uma de suas tentativas de se tornar mangaká). Magi tem uma leitura gostosa, divertida, cheia de aventuras e magias (sem trocadilhos também) estampadas em suas páginas. É como se você visse um grande e belo conto sendo transpassado em uma linguagem visual de mangás.

A versão da JBC merece elogios. O mangá segue o mesmo modelo do original (sem capa espelhada), impressão na capa interna e o papel de gramatura melhor que a editora já vem usando em outros títulos desde o ano passado. Vale lembrar que Magi não possui páginas coloridas no original, então não adianta sair pedindo isso pra ninguém. As adaptações também ficaram muito boas, e mesmo as piadinhas e termos ganharam escolhas muito cabíveis e que não atrapalham em nada a sua leitura (ver o Alibaba falando “Nheco Nheco” é hilário).

Magi Review (4)Magi merece uma oportunidade para os amantes de shounen e para aqueles que não gostam de se prender a demografias para uma boa leitura. Abra a sua mente e aproveite a leitura encabeçada por Aladim e companhia.

FICHA TÉCNICA

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Título: Magi – O Labirinto da Magia (マギ)
Autora: Shinobu Ohtaka
Editora: JBC
Total de Volumes: 22 (Em Andamento)
Periodicidade:
 Mensal

Valor: R$12,90

Pontos Positivos

  • A autora realmente consegue criar personagens carismáticos que ajudam o leitor a se envolver na história; 
  • O roteiro envolvendo as 1001 noites e afins é um chamativo em especial para o mangá, o transformando em algo diferenciado;
  • A comédia presente na série é de longe um dos maiores pontos fortes do mangá.

Pontos Negativos

  • Como todo battle shounen, corre o risco da autora se perder nos clichês com o passar do tempo;
  • O mangá já passa dos 20 volumes e não tem sinais de que vá acabar. Mangás longos demais ainda conseguem desestimular muitos leitores;

Nota Volume 1: ★★★★★

Dih

Criador do Chuva de Nanquim. Paulista, 31 anos, editor de mangás e comics no Brasil e fora dele também. Designer gráfico e apaixonado por futebol e NBA.