Review – Kill la Kill, de Ryo Akizuki e Kazuki Nakashima (Volume 1)

Review - Kill la killSupere os Uniformes Supremos, Ryuko!!!

No evento Henshin+ a Editora JBC apresentou o editor do selo Ink Comics, o primeiro relançamento de editor, Marcelo Del Greco retorna à editora para assumir o selo que tem como premissa lançar obras diferentes do habitual da editora, podendo trazer obras com origem em outros países, sem excluir o Japão. Na ocasião a editora prometeu um anúncio matador para o dia 1º de abril, e no Henshin Online 30 foi anunciado Kill la Kill.

O mangá é a adaptação do anime de 26 exibidos nos anos de 2013/2014 produzido pelo estúdio TRIGGER. O mangá foi lançado no mesmo mês do anime na revista Young Ace, de periodicidade mensal, e foi concluído em fevereiro de 2015 sendo compilado em 3 volumes. A história é de Kazuki Nakashima, do Estúdio TRIGGER, e a arte de Ryo Akizuki.

22A HISTÓRIA

A história de Kill la Kill acontece na Academia Honnouji, uma escola fictícia localizada na Baía de Tóquio, dominada pela presidente do conselho Satsuki Kiryuin e seu assustador conselho estudantil que impõe regras através da força obtida dos Uniformes Supremo Goku, roupa especiais que dão força sobre-humana a quem as veste graças a um material especial, a Fibra de Vida. Nesse ambiente hostil a aluna transferida Ryuko Matoi chega em busca do assassino de seu pai e a verdade sobre a Fibra de Vida, enfrentando o conselho estudantil com uma espada em formato de tesoura.

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CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

O mangá de Kill la Kill tem seu início muito semelhante da sua versão animada, com quadros bem fieis ao apresentado na animação, mas traz uma arte mais regular e menos caricata do que o que vimos nas telas, com o importante uso das onomatopeias muito bem utilizado. A perseguição ao aluno que roubou um dos Uniformes Supremos explica de forma rápida e sucinta como funciona o sistema de classificação pelos uniformes e a chegada de Ryuko no colégio, passando pela vila ao redor, mostra que esta classificação influencia totalmente na forma como a cidade se estrutura.

A apresentação de Ryuko em sua nova sala segue o já conhecido clichê de apresentação formal em mangás e anime, mas desta vez a protagonista não senta perto da janela e sim no meio perto da personagem mais doida do título, a incrível Mako Mankanshoku, que explica um pouco mais do colégio com todo o sei jeito maluco.

Os Uniformes Supremos são a mais importante referência de classificação do colégio, todavia a autoridade do Conselho Estudantil, sobretudo na figura de sua presidente, Satsuki Kiryuin, exige dos alunos comuns um respeito semelhante ao de uma organização militar, mas é na situação absurda de referência à presidente que Ryuko revela suas intenções de enfrentar o sistema e descobrir a verdade.

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Ryuko é o tipo de personagem feminina protagonista forte e decidida quanto ao seu objetivo, mas só a coragem e sua espada em formato de tesoura não são suficientes para derrotar os membros do conselho, fazendo com que acabe fugindo da luta. Após a primeira derrota ela encontra um uniforme falante, e um tanto quanto tarado, que lhe dá poderes sobre-humanos para que possa enfrentar todas as provações e obstáculos na sua busca. A utilização do uniforme não é de graça, o preço é seu sangue, e por esta necessidade Ryuko o nomeia de Senketsu.

A antagonista de Ryuko, Satsuki, é um exemplo claro de líder militar, com a orientação de ser uma pessoa superior desde o berço, fazendo dela uma pessoa orgulhosa, soberba e dotada de uma nobreza autoritária, mas não absolutista, já que conta muitos subordinados que seguem a risca suas regras. Ela vê na Ryuko a perturbadora do seu mundo, e como uma líder totalitária deve estripar esse mal do seu mundo idealizado.

O enredo do mangá é um tanto quanto louco, mas tem sua evolução tranquila e não acelerada, pelo menos não neste primeiro volume onde traz até metade do segundo capítulo do anime. É necessário verificar os volumes seguintes como o autor dará sequência na história.

120A EDIÇÃO NACIONAL

Kill la Kill é o primeiro mangá licenciado do selo Ink Comics, já que o primeiro mangá do selo foi o Henshin Mangá de 2014, e ele marca o retorno de Marcelo Del Greco à editora JBC. Editorialmente o mangá segue os padrões que a editora tem utilizado no seus mangás recentemente, fazendo um bom uso de fontes, sobretudo nos quadros que não são falas, já que este é um título que tem uma grande variação de estilo de onomatopeias dando essa oportunidade sem ficar estranho. A tradução e adaptação é boa – o anime original em si já traz muitas semelhanças com animações ocidentais fazendo dela uma obra de fácil entendimento. Algo que é muito interessante ao final do mangá são os rascunhos do autor, um material extra que sempre vale a pena ter.

Agora olhando a parte gráfica temos uma capa boa, que apesar dos exageros resolve bem os elementos, mas o “série em 3 edições” poderia ter ficado menos quadrado. A editora tem tido boas soluções para isso, mas é uma pena que não foi neste caso. Já o papel da capa é um couchê de alta gramatura, um bom papel. A lombada em si já fica um pouco a desejar, mas o excesso de informação ali pode ter sido solicitação da editora japonesa. No miolo o papel aparenta ser o brite 52g, o padrão da editora, e não encontrei casos de transparência, porém em algumas páginas parece haver uma falha de impressão, como se tivesse impresso em modo rascunho ou com pouca tinta. A encadernação do mangá ficou a desejar, com páginas duras de se passar e cheia de ondulações, mas neste caso não deve ser culpa da gráfica, está mais para o formato escolhido (pequeno) causando este tipo de sensação e não valorizando a arte.

168COMENTÁRIOS FINAIS

Kill la Kill é o primeiro mangá do selo Ink Comics, mas poderia muito bem sair pela linha normal da editora já que não apresenta nenhuma novidade ou diferencial, que é a proposta do selo. Não houve nada além do papel diferente da capa. Aliás, o selo também está sendo usado como experimental, já que Kill La Kill aparentemente foi impresso em uma nova gráfica, podendo funcionar como teste para títulos da editora principal. Como uma adaptação de anime, a HQ soluciona bem a transposição de mídia, apesar de que pelos poucos volumes que possui irá retirar muita coisa de sua mídia original, que é bem extenso para sair em apenas 3 volumes. O velho problema de adaptar anime, algo semelhante aconteceu em Steins;Gate (se você gostou do mangá sem ver o anime, não sabe o que está perdendo).

Para aqueles que gostaram da série é uma coleção que vale a pena ter, acho o traço do mangá melhor que o do anime, apesar do formato não ser o melhor. Para aqueles que conheceram pelo mangá sugiro que confiram o anime depois da leitura. O estúdio TRIGGER tem bastante influência dos trabalhos do estúdio Gainax, já que muitos artistas foram para ele.

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FICHA TÉCNICA

Kill la Kill 01


 Título: Kill la Kill (キルラキル)
Autor: Kazuki Nagashima, TRIGGER, Ryo Akizuki
Editora: JBC
Total de volumes: 3 (concluído)
Periodicidade: Mensal
Valor: R$ 13,90


Pontos Positivos

  • História bem fiel ao anime original;
  • Desenhos mais interessantes que a obra original;
  • Forma rica e bem utilizada das fontes nas onomatopeias;
  • Materiais extras interessantes ao final;
  • Ótimo layout e material da capa.

Pontos Negativos

  • Poucos volumes para um anime com duração de 26 episódios;
  • Formato pequeno, desvalorizando a arte;
  • Problemas de impressão e acabamento da obra;
  • Primeiro mangá do selo, mas sem diferencial da linha normal da editora.

Nota Volume 1: ★★★

Asevedo

Designer editorial e leitor de história em quadrinhos de diversos países. Assisto animes de forma esporádica. Sempre estou no Twitter.