Review – Atelier (2015)

Atelier Dorama HeaderMirei Kiritani e o primeiro dorama do selo Netflix.

Conhecida pelas séries e pelas grandes parcerias nas produções originais, como por exemplo os seriados Marvel, o Netflix aproveitou sua entrada no mercado japonês para investir pesado em um dos principais hobbies do povo local que acaba sendo difundido por outros países: doramas. Apesar de já contar com produções diversas japonesas e coreanas, o serviço de streaming precisava de mais. Depois de incluir animes que levam o selo Netflix devido a determinadas parcerias (como Sidonia no Kishi e Nanatsu no Taizai), chegou a vez do serviço firmar parceria com a TV Fuji – uma das mais importantes emissoras japonesas – para a produção de conteúdo original com seus atores de carne e osso. O objetivo é ter a série em exibição no Fuji TV On Demand no Japão, e ao mesmo tempo disponibilizar o mesmo para os 62 milhões de assinantes do serviço pelo mundo.

Foi assim que surgiu Atelier (que também leva o nome de Underwear em outros países). A série foi ao ar no final de novembro de 2015, estando disponível atualmente no Brasil todos os seus 13 episódios.

Atelier Resenha Review ChuNan Netflix (3)A HISTÓRIA

Tokita Mayuko é uma jovem que acaba inesperadamente encontrando um emprego que lhe mudará a vida e que exigirá o máximo de suas qualidades. Seu trabalho será com uma marca de lingerie de luxo, a “Emotion”, feitos à ordem em Ginza. Na presidência da empresa, Nanjo Mayumi, é um ícone que alavancou a indústria de lingerie japonesa desde que a marca foi criada há 25 anos. Mayuko experimenta a confusão em um mundo com um novo conjunto de valores diferentes de qualquer outro que ela já tenha presenciado no interior, de onde ela vem. Mas ela acaba gradualmente entrando sob o feitiço de seu trabalho e cresce com a ajuda das pessoas ao seu redor.

Atelier Resenha Review ChuNan Netflix (13)CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

A equipe de Atelier apresenta o diretor Ryuuta Ogata e Naoko Adachi como o roteirista da série. Já no elenco, dinheiro aparentemente não foi problema para o Netflix, já que alguns nomes de peso marcam presença. A principal, sem dúvidas, é a atual queridinha das adaptações, Mirei Kiritani (Heroine Shikkaku, Assassination Classroom). Disputando as atenções, sua outra “protagonista” Mao Daichi (Rich Man Poor Woman). Temos também a atriz Maiko (Pin to Kona, Space Battleship Yamato) e Dori Sakurada (Kamen Rider Decade, Beck, Orange) aparecem compondo o elenco. No caso de Kiritani e Sakurada, respectivamente, percebemos que o Netflix não pensa em economizar, já que são dois atores que contam com produções em que atuam nas telonas.

Atelier Resenha Review ChuNan Netflix (7)A primeira vista julguei Atelier com um “Chu-bra!” em dorama – sim, a redatora assistiu o anime ecchi ruim todinho sem pular um capítulo – e, bom, me arrependi amargamente dessa comparação ter me passado a cabeça – e de ter visto o anime, mas né. O segundo julgamento, novamente precipitado, que fiz foi comparar ele e o “Diabo Veste Prada” – aquele filme que já passou em tudo quanto é quadro “cinéfilo” da Globo – e que, apesar de terem uma ou outra coisa em comum, ainda não poderia ousar a misturá-los. Erro meu. O dorama tem como um dos assuntos principais a roupa íntima feminina que, ao contrário de certo anime flop, trata disso de forma sexy, mas ser sem vulgar. Aliás, talvez a primeira coisa que passe na mente da maioria das pessoas é que lingerie é ligada somente a sexo, a ser atraente para o parceiro de cama ou o que for, porém a série consegue quebrar essa visão da idade das cavernas. Ele trata de forma delicada e bem atual, tanto que em certo capítulo a Nanjo, dona da loja de calcinhas e sutiãs, diz que a mulher não se veste para os outros, se veste para si mesma. Será que foi nesse episódio que me apaixonei por ela? Uma mente tão aberta e contemporânea que tem tudo a ver com o que vivemos hoje em dia, com certeza não poderia ser comparada com a bruxa de filme da Sessão da Tarde.

Atelier Resenha Review ChuNan Netflix (2)A relação que tive com as protagonistas ao longo da trama foi uma verdadeira montanha-russa. E, sim, protagonistas, no plural, final em “s”, até porque considerar apenas a Mayu como uma não faz jus a todos os elogios – ou até mesmo críticas – que fiz ao longo desta resenha, logo elas só são validas quando as duas são consideradas, juntas, as peças principais. Houve momentos em que só conseguia ter um certo desprezo com Nanjo – inclusive a primeira impressão que tive dela era de que ela poderia ser uma inspiração para alguma futura bruxa dos filmes animados da Disney –, mas, em outras, só conseguia admirar a personalidade forte da personagem. Mayu não foi diferente. Personagem chave quando se refere a comédia e que conseguiu me entreter durante vários episódios, mas que me fez ter vontade de mata-la quando abria a boca para falar tudo o que pensava e, no momento seguinte, estar de cabeça baixa se desculpando com todos – e, acredite, isso acontece até o último fim.

Atelier Resenha Review ChuNan Netflix (1)Preciso ser sincera: da metade do dorama até o penúltimo episódio minha balança do “gostei ou não gostei” estava com saldo negativo para a série. Um dos pontos que mais me incomodaram foi a carga dramática que se sobressaia e não deixava os acontecimentos mais leves e mais cômicos terem seu espaço. Aquilo quase me fez droppar. Sei que muitos devem discordar da minha opinião impopular, mas os japoneses são os últimos da categoria que recorro quando o assunto é drama; a carga exacerbada não faz suas criações ficarem mais tocantes ou emocionantes, e sim, irritantes – entretanto, são mestres quando o assunto é a comédia e sempre me fazem rir com as cenas de “vergonha alheia”. Atelier não foge desse destino nipônico mesmo sendo um mestiço – olha o Netflix aqui de novo –, porém seu final me fez rever meus conceitos que, apesar de não ter mudado em sua maioria, sei que não teria me deixado com o mesmo gostinho se não houvesse tantas cenas “ruins” de drama. Previsível para muitos, mas, com certeza, não vi aquela onda chegar.

Atelier Resenha Review ChuNan Netflix (6)Acredito que tudo pareça flores na minha resenha, mas: não. Tudo o que escrevi até agora foi tão sincero quanto a minha felicidade ao comprar sorvete de pudim no mercado, então, sim, devo acrescentar mais um aspecto negativo que influenciou a série como um todo. Há um foco enorme, por muitos considerado o “principal”, que seria a loja de lingeries, Emotion, porém acredito que não. O foco principal gira em torno de Mayu e, até mais, na de Nanjo e, sinceramente, não gostei da maneira como esse aproveitamento se estendeu. O tema é tão vasto e aberto que acredito que ele deixou a história se perder um pouco, ainda mais quando se focava na vida pessoal de Nanjo; dramático ao excesso, como disse anteriormente, e com cenas bem dispensáveis.

Atelier Resenha Review ChuNan Netflix (8)Voltas demais para chegar em um ponto só.

Atelier Resenha Review ChuNan Netflix (16)Não espere romance na série. Como diz um velho ditado: “quem avisa amigo é”. Ele é fraco? Não, não chega a ser isso. Há um toque de romance sim, mas não ao ponto de satisfazer os adoradores do gênero. Talvez muitos considerem o fator de forma negativa, mas só tenho a protestar contra quem teve ou tem essa ideia do dorama, pois ele não precisa desse apelo, não precisa das “bitches” que se interessam pelos homens de outras, dos triângulos, quadrados, ou a figura geométrica que for amorosa. Ele tem uma história para contar, um conteúdo para mostrar e que para isso não precisa se apegar ao famoso “clichê” para conquistar um público. Negativo para muitos, mas um ponto altíssimo para mim.

Atelier Resenha Review ChuNan Netflix (11)COMENTÁRIOS FINAIS

Gostaria de falar um pouco do tema que Atelier aborda. Não estou falando de um tópico descarado, exposto para todos verem, e sim algo que só se percebe nos “momentos de reflexão pós-dorama” – sim, puramente coisa de gente de humanas, me desculpe. Nos últimos minutos do episódio final, a minha cabeça estava uma bagunça, agitada, inquieta, formulando todas as frases e sentimentos de minha experiência automaticamente. Isso virou uma mania que, agora, é incontrolável. Uma criação antes mesmo de ser escrita, antes mesmo de ser lida por outras pessoas, mas que me conforta; é mais rápido do que consigo acompanhar, porém me dá uma sensação de liberdade indescritível.

Atelier Resenha Review ChuNan Netflix (15)Atelier retrata duas personalidades e julgamentos opostos, duas mulheres que em diversos momentos se encontram a beira do colapso profissional, mas encontram sua luz graças a pessoas que as apoiam, que admiram, e provam que suas criações são muito mais que simples projetos; elas os criam, depositam suas esperanças, perdem e ganham muitas vezes, mas, acima de tudo, amadurecem com suas próprias os mesmos. Atelier não é realista quando só observamos o foco óbvio, entretanto, ele carrega o que todos percebem, ou deveriam perceber, conforme o passar do tempo: somos as criações que fazemos e que jogamos fora, todas elas nos tornam o que nós somos e, como resultado final, nos fazem crescer.

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