Especial – 720 episódios depois, eu digo: “Obrigado, Naruto.”

Acabou.

E assim se passam 720 episódios. Parece que foi ontem.

Eu sempre fui um grande fã de Naruto. Daqueles que acompanhou o mangá semanalmente até o fim, vendo as discussões nas redes sociais, fóruns e conhecendo mais e mais fãs dessa cultura maluca. Até que um dia o mangá acabou. E um grande vazio veio dentro de mim, porque eu realmente senti que uma parte de mim iria naquele dia.

O que muitos talvez não saibam é que na verdade eu conheci Naruto pelo anime. Naqueles DVDs piratas (desculpa, sociedade) que tinham apenas 3 episódios em cada disco. Um amigo do colégio me emprestou e…

…eu simplesmente viciei naquilo com meus 14~15 anos! Dali fui atrás do mangá, mas nesse tempo maratonei vários e vários episódios. E sempre na espera de sair um “novo DVD” com continuações da série, já que naquele tempo internet era um luxo. Aliás, quando coloquei internet em casa foi justamente na época da estreia deste que acaba hoje (23): Naruto Shippuuden. Eu juro para vocês que metade das pessoas que eu conversava na escola ou no MSN falavam “você sabe que hoje começa o arco do Naruto grande, né?”. Era o centro das atenções. Durante semanas eu acordava as 6 da manhã pra ver se já tinha episódio novo disponível. Foi um vício.

O tempo passou, as coisas foram ficando mais apertadas e com isso a quantidade de animes que fui vendo diminuiu. Acabei dropando Naruto e assistindo ocasionalmente algumas cenas que queria ver depois de ter lido o mangá. Mas o anime sempre guardou um espaço em meu coração. Naruto marcou uma geração. Não há nada que tenha surgido depois dessa série que tenha feito o mesmo nível de sucesso e importância que Naruto tem. Bleach? One Piece? Ataque dos Titãs? Nada. Naruto sempre foi over. E vai continuar sendo por anos, porque esse “legado” não vai acabar com esse anime. Seja pelos fillers enormes, pelas lutas fantásticas (a luta do Gaara contra Lee ainda é a melhor coisa dessa série no geral), pela trilha sonora, pelas aberturas e pelos encerramentos. Aliás, é muito interessante como essas acabaram sempre passando em algum momento realmente diferente da minha vida.

Primeiro foi o mangá, agora sua adaptação animada. Naruto se vai deixando lacunas nas vidas de pessoas que acompanharam essa série por quase 15 anos. Não é pouco tempo, não é pra qualquer um. É um feito invejável. E esse post pode até estar sentimental demais, você pode até estar rindo das minhas palavras, mas eu sei que você aí que acompanhou as aventuras desse moleque loiro encapetado entende tudo que eu estou dizendo. Brincamos que o Naruto é nossa inspiração para decisões da vida, mas poucos personagens conseguiram crescer ao lado de pessoas como foi com esse. Veja bem, eu amo Dragon Ball, Yu Yu, Pokémon e tudo isso que fez a minha infância, mas foi uma das poucas sensações que tive ao ver um protagonista crescer (literalmente) física e mentalmente.

Hoje vocês verão muitos posts exaltando Naruto nas redes sociais, nos portais, nos grandes sites. Talvez muito melhores do que este que vos escreve. Mas garanto que esse texto simplesmente escorregou pelas minhas mãos. Assim, puft. Parei pra pensar em como o final desta série me deixou pra baixo, mesmo sabendo que na próxima semana já tem o Boruto aí pra escrever sua história – e quem sabe, fazer algo parecido com uma nova geração. Quem sabe.

Eu não sei explicar e nem definir para vocês todo o carinho que tenho com essa série. Eu não sei explicar esse amor, essa sensação de amizade que já havia descrito antes em relação ao mangá. Essa proximidade com a obra, a sensação de ter feito verdadeiros amigos dentro de uma série 2D! Que loucura, caras! Isso é praticamente impossível de se pensar. Mas pra mim não é. Pra mim Naruto estará sempre guardado em um espaço especial em meu coração, de forma realmente sincera e honesta. E eu não estou entrando em méritos por ser bom ou ruim, pelo amor, né? Estou aqui falando do lado humano da coisa, que não me deixa mentir em relação a esse sentimento tão doido que tenho por essa franquia. É anormal.

Me sinto um cara de sorte em poder viver tudo isso, em compartilhar esses sentimentos e expressar isso em palavras no Chuva de Nanquim. Em poder trabalhar com o mangá, em viver profissionalmente falando de tudo isso. Esse site existe muito graças à esse carinha que se despede de nós hoje. Obrigado por ter nos entregue uma companhia ao longo de todos estes ano, Kishimoto, Pierrot e todos os envolvidos nesta produção.

Com certeza, este dia ficará em nossas mentes. Tô certo. Dattebayo!

Quer encerramento melhor pra terminar essa história?

Dih

Criador do Chuva de Nanquim. Paulista, 31 anos, editor de mangás e comics no Brasil e fora dele também. Designer gráfico e apaixonado por futebol e NBA.