Comentando – Retomando ao anime de ‘Shingeki no Kyojin’

Série tem retorno sólido, direto e eficiente.

É difícil falar de Shingeki no Kyojin. Tenho um amor muito grande por essa série, que adquiri tardiamente com o anime. Mas que eu faço muita questão de valorizar e de demonstrar o quanto gosto de algumas coisas retratadas nessa obra. Pra mim, Isayama só melhora no desenvolvimento de sua trama, e a maior parte (não todas) das críticas que vejo é em relação a diminuição da ação dos capítulos.

A segunda temporada de Ataque dos Titãs já se encontra no seu terceiro episódio e acho que esse é o momento certo para analisarmos em um ‘Primeiras Impressões’. Mas quero fazer algo diferente. Acho que todo mundo já faz (e bem feito) o trabalho de analisar todos os episódios, falar tudo que aconteceu e etc. Praticamente dar uma sinopse de tudo o que rolou nesses episódios. Mas a galera precisa mais. Precisamos ver a série como um todo. E é pra isso que resolvi escrever esse texto, que nem é tão grande assim, mas que tentarei explicar um pouquinho o motivo desse início de temporada estar tão bom quanto a anterior.

Antes de começarmos, gostaria que vocês tomassem nota de três pontos.

  • Não espere porradinhas logo de cara. Apesar de ser Shingeki no Kyojin, isso não significa que você terá combates brutais logo de início. Mas teremos cenas chocantes e que você precisará prestar atenção.
  • Observe os detalhes e as pistas que o enredo te dá. O que você menos espera será usado contra você no final e vai te surpreender.
  • Eren é um ótimo protagonista, por mais que você tente ver o contrário. Claro que você pode argumentar que ele é chorão e tudo mais. Mas o desenvolvimento dele nessa segunda temporada mostrará porque ele é o único protagonista possível para Shingeki no Kyojin.

O episódio 26 (o 1 da segunda temporada) começa exatamente do ponto onde paramos na primeira fase, com as pessoas descobrindo que dentro das muralhas estão os titãs – vale citar que a cena em si é muito mais clara naqueles filmes compilatórios lançados um tempo depois – e a humanidade percebendo que o segredo dos Titãs não é algo tão simples assim. Na verdade está bem longe de ser algo banal, uma vez que temos a apresentação logo de cara de um titã totalmente diferente, com formato de macaco e que parece comandar a porra toda. E gente… quem lê o mangá sabe o quanto esse bichão é doido e o quanto ele vai arranjar altas aventuras com essa turminha do barulho.

Esses episódios iniciais mostram algo que já vinha sendo discutido desde a primeira temporada: o quanto a trama de Shingeki anda ainda mais sem a presença de Eren. E não é uma crítica ao personagem em si (embora exista trocentas ressalvas sobre ele). Na verdade o que quero dizer é que a obra no geral abre espaço para muitas discussões sobre ética, política e tramas extremamente contextualizadas na nossa sociedade (como religião, crenças e críticas sociais). Eren é só uma chave para isso. Em Erwin, Levi, Mikasa e até mesmo nos personagens adjacentes que começam a tomar forma, como Connie e Sasha, temos uma evolução muito importante para Shingeki no Kyojin.

Como disse anteriormente, não quero colocar aqui uma descrição de tudo o que aconteceu nos três primeiros capítulos, mas é importante saber como todas as informações vão se juntando e você pode não perceber isso de uma vez. Os questionamentos de como os titãs foram parar em alguns lugares, ou como eles surgem em locais que não teriam a menor forma de se mover. Connie encontra um titã no segundo capítulo em uma posição que simplesmente não teria como ele estar lá. O autor passa a discutir algo muito maior, como a importância do ser humano em relação a outros seres humanos. Por que a vida daqueles que estão lutando é mais importante do que as outras? Isso ainda deve ser muito utilizado posteriormente até o final desta temporada.

Ah! E claro! Krista e Ymir formarão o melhor núcleo desse arco. É graças a elas que vocês terão mais e mais vontade de acompanhar essa coisa até o fim! Confiem em mim, esse terceiro episódio foi só a ponta do iceberg pra isso.

Até aqui, a animação apresenta uma clara evolução técnica em comparação com a primeira temporada. Embora não tenha acontecido nenhuma grande luta, já percebemos uma fluidez e um cuidado muito maior com a produção do que tivemos anteriormente. Muitos criticaram a escolha de apenas 12 episódios por aqui, mas é válido dizer que isso favorece a um direcionamento melhor do trabalho e ainda uma verba maior para a produção. Já foi deixado aberto algumas vezes como o Japão passa por uma crise de animadores (muitos projetos e poucos profissionais disponíveis para determinadas séries) e Titãs também foi atingido por isso. A decisão de fazer uma temporada curta e, possivelmente uma continuação com mais 12 episódios, provavelmente é a melhor para todas as partes. Deveremos ter um anime muito mas coeso e sem grandes problemas como enfrentaram em N momentos da primeira fase.

Shingeki no Kyojin é um dos grandes destaques da temporada até aqui. Qualquer crítica é válida, mas não há de se questionar o quanto a equipe conseguiu manter o ritmo. Toda a tensão, evolução e desenvolvimento que fizeram todos ficarem tão intrigados com o anime na primeira parte continuam fazendo desta obra uma das melhores adaptações que tivemos nos últimos tempos (não estou dizendo que é A melhor, mas de longe é uma das mais bem produzidas). Se continuarmos nos ritmos, deveremos ter um restante de temporada eletrizante e que vai deixar todos ainda mais nervosos para uma continuação ao final de Junho com o final da série. Como eu disse, meu palpite é que tudo retorne em outubro, dando continuidade na produção. Espero que esteja certo.

E você? O que achou da segunda temporada dos Titãs até agora? E por que a Sasha é a melhor personagem?

Dih

Criador do Chuva de Nanquim. Paulista, 31 anos, editor de mangás e comics no Brasil e fora dele também. Designer gráfico e apaixonado por futebol e NBA.