Review – Defense Devil, de You In-Wan e Yang Kyung-Il (Volume 1)

Defense Devil ReviewCulpado ou inocente?

A Panini tem apostado bastante em shonens fora do convencional, com Sankarea e o seu romance-zumbi, Sora no Otoshimono com seu fanservice, comédia e anjos e agora Assassination Classroom (mesmo com o sucesso atual), uma classe com o objetivo de matar o próprio professor. Tudo isso mostrando que o mercado está disposto a aceitar cada vez mais coisas diferentes, assim aumentando o leque de títulos nas bancas.

Defense Devil - 16A editora volta a arriscar com um título pouco conhecido por nós brasileiros, Defense Devil. Com roteiro de Youn In-Wan  e desenhos de Yang Kyung-Il, o mangá foi publicado na revista Weekly Shonen Sunday (InuYasha, Konjiki no Gash Bell!!, The World God Only Knows, O Mito de Arata) da editora Shogakukan de 2009 a 2011, somando 10 volumes. Um erro comum entre os leitores é chamar a obra de manhwa já que os autores são coreanos, porém a partir do momento que é publicado no Japão ela se torna um mangá.

Defense Devil não escapa de seu rótulo “shounen”, porém, mesmo assim o título se destaca por ser bem diferenciado, tanto em narrativa como em roteiro. Mas será, ou não, que realmente vale a pena comprar mais um shounen no meio de vários?

Defense Devil - 11A HISTÓRIA

Mephisto Bart Kucabara é, literalmente, um advogado do diabo. Porém, Mephisto é exilado do mundo dos demônios e para retornar ele precisa coletar algo chamado de “Dark Matter”. Para isso ele cria um plano para recolher todas as almas negras de sujeitos pecadores e que são condenados para irem ao inferno. Mas sua missão não é assim tão fácil. Para salvar pessoas e almas inocentes, Mephisto terá que enfrentar as criaturas chamadas de shinigamis, que entram em seu caminho e tentam acabar com ele a qualquer custo. No decorrer de sua missão, ele ainda contará com uma ajuda inesperada, e uma grande reviravolta em seus rumos. E claro, seu grande parceiro Bchuler.

Kucabara será o advogado dos pecadores e os declararás inocentes. E o pagamento? Dark Matter.

Defense Devil - 02CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

A primeira vista Defense Devil aparenta ser apenas mais um daqueles shounens com uma capa muito atraente, traços bonitos, plot clichê e aquele toque de sobrenatural – algo bem comum em títulos atuais. Característica bem comum em mangás que compõem essa demografia. Mas logo em seu primeiro volume ele se mostrou muito além disso, ou pelo menos um grande potencial.

Com uma trama diferenciada, com um ar “denso”, com um tema bem mais adulto do que a maioria dos mangás shonens. Desde “julgar as pessoas pela aparência” até “suicídio”, dois temas tratados neste volume. Defense Devil trás a tona os elementos de “direito” (no sentido ‘advogado’ da palavra) para um uso um tanto quanto curioso, mas muito bem posicionado dentro do contexto da obra. Isso não significa que ele saia totalmente desse “padrão”, já que muitos elementos como “transformações”, lutas e o clássico “resgate dos poderes perdidos” fazem parte do mangá. Fórmula de sucesso de todo e qualquer shounen.

Em seu primeiro volume vemos capítulos episódicos e explicações, como uma espécie de apresentação para a série. Ao final do volume Defense Devil já mostra que não vai ser bem assim, apresentando seu plot e criando um potencial bem intrigante, explicando a verdadeira dificuldade de Kucabara em conseguir o “Dark Matter” e de julgar os seres humanos.

Defense Devil - 15Apesar de não apresentar uma trama que possamos chamar de complexa, Defense Devil é o tipo de mangá que deve ser lido com um pouco mais de atenção já que são utilizados muitos termos diferentes e técnicos, além das conversas explicativas. Se você é estudante de direito, gosta de coisas que envolvam esse tipo de tema e se interesse no julgamento de criminoso e réu, essa obra pode ser bem interessante de se acompanhar.

Um exemplo disso é uma paráfrase ao famoso ditado popular: “Estar no lugar errado, na hora errada”. As pessoas são acusadas por aquilo que não fizeram pelo simples motivo de coincidências estarem lá para abraçá-las. Depois de tudo isso, quem irá acreditar nessas pessoas? A obra tem aquele “humano” que muitas pessoas gostam. Ou melhor, ela busca resgatar alguns pensamentos humanos que muitas vezes deixamos passar no calor do momento. Porque analisar algo no calor do momento é muito mais fácil do que parar para refletir sobre o mesmo.

Outro elemento presente em Defense Devil é “ecchi básico”. Não é um ecchi aos níveis de Sora no Otoshimono ou Sankarea, por exemplo. Ele existe, mas não é algo que atraia a sua atenção do plot principal ou atrapalhe a leitura, fator que geralmente irrita aqueles que não gostam tanto assim de tal “ferramenta”. Para alívio cômico, a comédia está sempre presente, além de ser um ponto bem legal da obra com boas sacadas com a dupla de protagonistas, quebrando o clima em pontos importantes.

Defense Devil - 13Dupla de protagonistas que por sinal são um carisma puro pra série. Você provavelmente vai ficar querendo saber o passado do Kucabara e quais suas motivações. O autor consegue nos deixar curioso facilmente. Se em alguns momentos o autor parece tornar tudo muito “clichê”, em outros ele sabe utilizar isso a seu favor no desenvolvimento. Como por exemplo o mundo em que se passa a história. É basicamente o mesmo de muitas outras obras, mas é usado perfeitamente, com algumas características próprias e diferenciadas que fazem você ter uma identificação com o posicionamento dos personagens.

Com um traço bonito e segue detalhado, típico de manhwa (como The Breaker), Defense Devil apresenta um visual limpo, com bom enquadramento e conseguindo se fazer entender tudo o que se passa na página, sejam em cenas de ação ou de diálogos mais longos. O ritmo é ótimo e flui super bem, tanto que não percebe o tempo passar enquanto a leitura é feita, parece até que 60 minutos se tornam 20.

Sobre o produto físico temos mesmo padrão da Panini, papel brite 52g com capas internas coloridas. Não temos páginas coloridas no original, então nada disso na edição brasileira também. A tradução ficou a cargo de Jae HW e a edição com Diego M. Rodeguero.

Defense Devil - 14COMENTÁRIOS FINAIS

Defense Devil promete, cumpre e ainda te dá mais do que você espera. De longe, uma surpresa da Panini muito bem recebida. Roteiro bem feito e redondinho, traços limpos, bonitos e bem detalhados, personagens carismáticos, trama envolvente, comédia na medida, futuro incerto que causa curiosidade e um ecchi mínimo, mas que é bem dosado dentro da proposta do mangá.

Para aqueles que sentem uma grande falta de D.Gray-Man graças ao hiatos, é uma ótima pedida e promete dar uma diminuída naquela saudade da obra da tia Hoshino. Ele também lembra muito a premissa de Nougami Neuro em certos momentos (a ideia de demônios julgando seres humanos e aproveitando-se disso). E é claro, como não é uma obra tão longa e já com final é uma boa opção para você que não quer começar mais um daqueles “mangás infinitos”.

FICHA TÉCNICA

Defense Devil 1

Título: Defense Devil (ディフェンスデビル)
Autores: Youn In-Wan (História) e Yang Kyung-Il (Arte)
Editora: Panini
Total de Volumes: 10
Periodicidade:
Bimestral

Valor: R$11,90

Pontos Positivos

  • Personagens carismáticos;
  • Traço detalhado, limpo e bonito. Boa diagramação e fácil interpretação;
  • Roteiro diferenciado e que mantém a curiosidade do leitor.

Pontos Negativos

  • Pode se tornar repetitivo dependendo do rumo do autor nos próximos volumes;
  • Algumas pessoas possuem um certo preconceito com manhwas (acreditem), e ver o nome de autores coreanos pode afastar alguns desavisados;
  • No Japão, o mangá teve um final de certa forma “acelerado”. Isso pode ser um ponto negativo para a conclusão da trama.

Nota Volume 1: ★★★

Gabriel Sau

Jovem rapaz formado em jornalismo e imitador do Silvio Santos. Fã e pseudo-crítico de quadrinhos e joguinhos. Colecionador de mangá que passa 80% do tempo falando sobre eles no Twitter.