Eu Recomendo: Melhores estreias de mangás de 2017

Pra você em busca de carne fresca.

Eu não sei quanto a vocês, mas eu ando encontrando uma grande dificuldade em encontrar séries novas. Não uma nova série para ler, mas realmente séries novas, que você não tenha medo de que vá ser cancelada, ou que não vá encontrar nas locadoras da internet caso não venham para o Brasil. Então passei a olhar com mais carinho para as estreias no Japão no geral. Nos últimos anos, ótimos mangás acabaram e outros excelentes tomaram seu lugar. E foi pensando nisso que preparei esta postagem, para indicar os melhores mangás que tive o contato e que tiveram seu lançamento especificamente em 2017! Independente de gênero, demografia, tanto faz. O negócio aqui é indicar coisas boas.

Você conhece mais alguma coisa que começou neste ano e que tenha gostado muito? Não deixe de comentar e indicar pra gente também! Enquanto isso, espero que aproveitem a lista e que apareçam aqui para comentar conosco o que acharam das indicações.

JAGAAAAAN
por Keisuke Nishida e Muneyuki Kaneshiro
Demografia: Seinen (Big Comic Spirits)
Volumes: 3 volumes – Em andamento

Shintarou Jagasaki é um policial que vive com sua namorada enquanto está em um trabalho que o está matando lentamente com aborrecimento. Parece que ele vai se casar em breve e viver uma vida chata com uma família nuclear – um futuro sombrio para um cara com sonhos! Certo dia, um misterioso monstro apareceu no trem e, de repente, ele pode disparar com a mão direita como o mestre Buppanatsu, o mascote de berinjela de sua cidade!

Pra mim, a melhor estreia do ano dentro do estilo que eu curto. Tem de tudo um pouco: ação, aventura, suspense, horror, gore, trash, drama, tudo. É um mangá que lembra demais elementos de séries como Gantz, Yu Yu Hakushô, I Am a Hero (inclusive, o desenhista de Jagaaaaan foi assistente do autor de I Am a Hero) e outras séries que apelam para a porrada com detetives sobrenaturais e super poderes. São muitas coisas, muitos clichês, mas todos muito bem feitinhos! Você fica doido pra ler os próximos capítulos e a série tem um ritmo muito gostoso de se acompanhar, dando um dinamismo muito grande para toda a ação que cerca os poderes do protagonista. Não pense que tudo se baseia no fanservice, o plot também é bem desenvolvido e, no máximo, a violência em excesso pode ser o que mais vai te desagradar. Mesmo assim, leitura mais que recomendada.


CHI NO WADACHI
por Shuzo Oshimi
Demografia: Seinen (Big Comic Superior)
Volumes: 2 volumes – Em andamento

Esta ilusão humana me incomoda. Mãe e Filho. Esta é a melhor escolha.

O Luk já falou deste mangá aqui no Chuva de Nanquim, e vive falando dele no Twitter, até que finalmente resolvi dar uma chance. Não me arrependi. E não é a toa que o apelido de “Bates Motel dos mangás” é dado para esta série. Ela perturba, incomoda e te faz se contorcer um pouquinho – mesmo parecendo que não tem nada demais. A relação entre os personagens é estranha, te deixa com um gosto amargo na boca, e toda a ambientação que o autor faz é algo fora de sério. Sempre gostei do cara, mesmo com Aku no Hana tendo os seus baixos, mas em Chi no Wadachi ele parece estar na forma mais tininda de seu trabalho. A arte está sensacional, enquadramento, desenvolvimento, plot, timming… É um mangá que vai te conquistar, pode ter certeza. Se gosta de um bom suspense psicológico, não deixe esse passar.


DR. STONE
por BOICHI e Riichiro Inagaki
Demografia: Shounen (Shounen Jump)
Volumes: 3 volumes – Em andamento

Taiju precisa se confessar para a jovem Yuzuriha. Depois de tanto tempo guardando o segredo de seu amor pela garota, ele toma coragem e inspiração com seu amigo Senkuu e decide finalmente mostrar todo o seu sentimento. Porém, no momento X, uma grande luz cai sobre a Terra, transformando toda a população humana em estátuas petrificadas! Uma grande catástrofe tem início, com muitos corpos se quebrando, apesar de todos sentirem as sensações mesmo em tal forma. Quase 4 mil anos depois, Taiju acorda com sua força de vontade de rever Yuzuriha, e encontra Senkuu pronto para desvendar o que aconteceu com eles e dar início a um novo começo da raça humana na Terra. Agora, com a inteligência de um e a força do outro, como essa dupla sobreviverá em um mundo onde nada mais resta?

Principal estreia da Shounen Jump deste ano, que nos apresenta dois nomes muito conhecidos do público. BOICHI, autor de Sun Ken Rock, tem agora a chance de trabalhar com um roteirista muito elogiado na Shueisha. Inagaki foi o responsável por Eyeshield 21, ao lado de Yusuke Murata. Essa dupla tem feito um mangá extremamente divertido, cativante, cheio de ação e com um visual que te conquista muito fácil (menos pelas capas) – Boichi desenha demais, minha gente. Mesmo se tratando de uma série semanal, Dr. Stone não enrola, não é cansativo e seus acontecimentos estarem indo para um ponto muito interessante. Como eu disse, é a melhor estreia da Jump do ano, até do ponto de vista de dados numéricos. Veremos se vai vingar nos próximos anos.


AO NO FLAG
por KAITO
Demografia: Shounen (Shounen Jump+)
Volumes: 3 volumes – Em andamento

A história do “puro amor jovem” começa quando três alunos do terceiro e último ano do ensino médio estão durante um período em que estão realmente preocupados com os caminhos para o futuro. Esperar por estes dias doces, dolorosos e angustiantes é uma missão cada vez mais difícil, mas os três juntos dividem momentos e nos mostram um pouco de como se sentem nesta fase tão difícil de suas vidas.

Sabe aqueles autores que você simplesmente sente que ele não teve sorte? Foi assim com Horikoshi (de My Hero Academia), por exemplo. Acho que o KAITO é outro caso desses. Dois de seus mangás anteriores eram realmente bonitinhos (Cross Manage e Buddy Strike) mas parecem não ter empolgado o público. Mas algo em seus títulos ainda chamava muita a atenção: esse traço. Acho que algum editor bateu na porta do cara e falou “meu amigo, hora de fazer uns slice of life que sua arte combina pra isso”. Não deu outra. Uma história de romance e amizade envolvendo três amigos é tudo que se precisava pra deixar seu visual com ainda mais identidade. Ao no Flag é, provavelmente, o melhor mangá desse estilo que li esse ano. Romance, diálogos gostosos, personagens carismáticos. Enfim, todos os ingredientes para uma boa série. Falar mais que isso é spoiler. Leiam!


REIRAKU
por Inio Asano
Demografia: Seinen (Big Comic Superior)
Volumes: 1 volume – Completo

Esta história mostra a alma a deriva de um artista solitário, cujo coração foi usado…

Inio Asano dispensa comentários. Vocês sabem que ele dispensa. É um autor que ficou mundialmente conhecido por PunPun, que tem uma biblioteca de respeito com materiais como Nijigahara Holograph, Solanin e tantos outros. Neste ano, ele começou Reiraku, uma série que ele deixou muito claro que seria extremamente “pessoal”. E não há dúvidas de que é isso que realmente acontece. Desilusões da vida, relatos de trabalhos realizados de forma errada e uma personalidade que se molda depois de tudo que se passa. Esse é Reiraku, que passa longe de ser o melhor mangá de Asano, mas ainda é acima da média de muitas coisas que saem por aí. Mesmo que você lesse várias, e várias, e várias vezes, a impressão que temos é que dificilmente entenderá tudo que o autor quis dizer. Creio que, para ele, Reiraku significa muito mais do que talvez sejamos capazes de identificar. De qualquer modo, por ser um volume completinho, é uma leitura que deve atrair aqueles que são fãs do bom e velho Asano.


KUSURIYA NO HITORIGOTO
por Hyuuga Natsu, Nanao Ikki & Nekokurage
Demografia: Seinen (Big GanGan)
Volumes: 1 volume – Em andamento

Um certo país grande nas planícies centrais do continente é governado por um imperador. No harém daquele imperador as mulheres jovens são vendidas para trabalhar por um período e, em alguns casos, são sequestradas e vendidas por estranhos. Um desses casos, Maomao, está trabalhando como farmacêutica do bairro dos prazeres, sendo simples e relutante, tentando se manter sem chamar atenção até o término do serviço. Ela não tem nenhum desejo ou interesse em se tornar importante no palácio interno e preferiria estar misturando medicamentos, lidando com venenos ou experimentando – com ela mesma como o rato de laboratório mais conveniente. No entanto, há um boato de que os filhos do imperador estão sendo amaldiçoados até a morte; sempre cética e curiosa, Maomao resiste a uma investigação bem planejada e chama a atenção de um misterioso oficial do alto escalão, começando assim sua carreira peculiar como farmacêutica testadora de venenos.

Esse aqui é, provavelmente, o título que mais demorei para me decidir em colocar por aqui ou não. O mangá é ótimo, a dúvida é por se tratar de uma espécie de quadrinhos tão prematura, como muitos fazem e ninguém fala nada. Baseada em uma série de novels antiga, Kusuriya é um daqueles achados que nos fazem agradecer por ainda existir um pouquinho de criatividade na mente humana. Divertido, empolgante e ao mesmo tempo relaxante. Maomao é uma protagonista ao melhor estilo Sherlock Holmes, que não deixa passar nenhum detalhe e ainda se mete nas piores situações apenas para seguir em frente. Não se engane pelo rosto bonitinho, afinal, com certeza, este é um mangá que nos mostra que ainda existe muitos mangás bons ao meio de tantos materiais duvidosos, ano após ano.


KIMI WA NATSU NO NAKA
por Nagisa Furuya
Demografia: Shounen-Ai (gateau)
Volumes: 1 volume – Completo

Chiharu Saeki e Wataru Toda são dois colegiais que compartilham um mesmo hobby. Eles adoram assistir filmes. Depois que se encontram, acabam se tornando rapidamente amigos, até que esse relacionamento tem uma súbita mudança. O que significa amar alguém? O que você pode realmente fazer sobre isso? O desenrolar do relacionamento de dois adolescentes durante um brilhante verão.

Falando sério, as pessoas precisam muito ser mais mente aberta com mangás shounen-ai e yaoi. Sempre temos ótimos mangás saindo deste nicho, com temáticas slice of life, personagens super fofos e tramas que fazem você se identificar muitas vezes. “You are in the blue summer” é apenas mais um desses, e o escolhido para representar esta demografia na lista de melhores leituras do ano. Com um tema “batido” de colegiais e uma amizade vinda do passado, este mangá ainda consegue te fazer sentir cada sentimento dos personagens principais, seus medos, suas descobertas e os receios que os envolvem. Tocante, belo e com uma arte encantadora… estes são apenas alguns dos adjetivos para a série. Como disse antes, deixe seu preconceito de lado, desfrute de um ótimo mangá e de uma sensibilidade que emociona.

Dih

Criador do Chuva de Nanquim. Paulista, 31 anos, editor de mangás e comics no Brasil e fora dele também. Designer gráfico e apaixonado por futebol e NBA.