Eu Recomendo | Os novos sucessos de mangás no Japão #001

Mangás para se ficar de olho!

Desde que me encontro inserido nesse universo, as pessoas tentam constantemente prever o que acontecerá futuramente com o mercado japonês e, por consequência, mundial dos quadrinhos japoneses. Vamos de quem considera improvável um novo fenômeno surgindo, até aqueles que gostam de fazer suas apostas entre as novidades que surgem a todo o momento.

Detentora dos maiores sucessos de vendas e casa dos maiores shonens das últimas décadas, é de conhecimento que principalmente a Shueisha, editora da famigerada revista de publicação semanal de mangás Shonen Jump, se mantém no topo com o sucesso sem precedentes de One Piece. O mangá está perto de completar seu 100º volume compilado e é top cinco entre os quadrinhos mais vendidos da história, batendo de frente com personagens populares como Homem Aranha e Batman.

Contudo, antes dessa estabilidade, a Shonen Jump já teve um grande auge nas décadas de 80~90 com a publicação de Dragon Ball e Slam Dunk (sim, O Mangá de esporte), o seu declínio com o fim dessas obras e o seu renascimento com as estreias de One Piece, Hunter x Hunter e Naruto mais ao fim da década.

De lá pra cá, dentro da revista tivemos outros marcos, como Bleach, Death Note e My Hero Academia (esse último, mais de uma década mais jovem que os outros mencionados, e ainda em lançamento). Sucessos que foram expressivos, porém não prolongados, como Assassination Classroom. Outras editoras também conquistaram o seu lugar ao sol, com franquias como Attack on Titan, Fairy Tail e Nanatsu no Taizai.

Cada vez mais a crença de que o mercado vai afundar com o fim de One Piece como tantos prometem parece irreal. Claro, teremos um grande impacto com a vindoura finalização da obra que acontecerá nos próximos anos, mas me parece ser outros tempos, e mangás que começaram tímidos e se destacaram recentemente são a prova disso: Kimetsu no Yaiba e Jujutsu Kaisen.

Kimetsu era um mangá de “fundão” da Jump até conseguir uma ótima adaptação em anime e se tornar o mangá mais vendido de 2020 de forma estrondosa. Ainda assim, não houve uma extensão maior do plano original da autora. 15 volumes não se tornaram 70, mas 23. Já Jujutsu recentemente ganhou uma explosão de vendas com a popularidade de seu anime, tendo 30 milhões de volumes em circulação no Japão com apenas 14 volumes publicados.

Com essa introdução um tanto longa, porém necessária, é que me leva a ter um novo olhar para nosso contexto atual e imprevisível. Não pretendo entrar aspectos como originalidade e reinvenção nas obras atuais (mesmo percebendo alguns elementos mais “experimentais”), mas observar que há sim, obras com potencial de popularidade imenso e que provavelmente terão uma duração não “infinita”, mas marcante. Talvez essa seja a nossa nova realidade.

Nessa primeira parte trouxemos algumas obras que, seja desde seus lançamentos ou uma crescente gradual, tem conquistado um grande público sem ainda ter um anime em exibição.


SPY x FAMILY
por Tatsuya Endo
Demografia: Shounen (JUMP +)
Volumes: 6 volumes – Em andamento

Talvez o mais conhecido da lista, SPY x FAMILY é um mangá de Tatsuya Endo publicado bissemanalmente na plataforma digital da Shueisha, a JUMP+. Esse espaço, aliás, é algo a se valorizar, pois dali surge há possibilidade de que talentos sejam publicados com maiores chances, uma vez que a Shonen Jump em si tem um disputadíssimo quadro de séries e sem sombra de dúvida muitos mangakás recebem um grande “NÃO” ou têm suas obras interrompidas prematuramente antes de mostrar o seu potencial.

“SPY” é um mangá de comédia e ação sobre um espião, codinome “Twilight”, que em seu novo disfarce deve constituir uma falsa família em um curto prazo de tempo para se aproximar de seu alvo. Tudo começa já tão surreal, como por exemplo, ele adotando Anya (também conhecida como melhor personagem) sem saber que a pequena tem a habilidade de ler mentes. Para completar, uma “Mãe”, Yoh, uma assassina profissional. Com isso, temos um mangá que acerta brilhantemente no tom de humor, com situações ridículas de engraçadas em que personagens guardam segredos um dos outros e tentando levar uma vida típica de uma família de comercial de Margarina.

Mas o impressionante em si é que desde seu surgimento, sem um autor de renome por trás ou algo como um anime ou franquia pra impulsionar, cada tomo publicado vende absurdamente no Japão! Com dados do final do ano passado, foi revelado que são oito milhões de cópias em circulação com apenas 6 volumes publicados. DETALHE: até a publicação deste texto não houve sequer um anúncio de anime para a obra. Provavelmente não será uma obra longeva, mas com muitos frutos a colher.


Kaiju No. 8
por Naoya Matsumoto
Demografia: Shounen (JUMP +)
Volumes: 2 volumes – Em andamento

Também publicado digitalmente pela JUMP+ desde julho de 2020, o mangá Kaiju No. 8 (ou Monster #8), escrito e ilustrado por Naoya Matsumoto, impressiona pois com apenas UM volume lançado até o momento já alcançou a incrível marca de 550.000 cópias em circulação no Japão! Desde a sua estreia já se ouvia vários burburinhos, mas o nascimento de um novo sucesso se concretizou com o retorno do primeiro volume compilatório.

Naoya já foi assistente de mangakás como Iwashiro Toshiaki (Psyren) e Ryuuhei Tamura (Beelzebub), e até já tentou a sorte com o mangá “Nekowappa!” lá em 2009, sendo cancelado com apenas 13 capítulos. Agora, nessa ficção científica que acredito ser uma boa pedida para fãs de Attack on Titan e Terra Formars, o seu tão aguardado momento finalmente parece ter chegado.

Num mundo onde monstros são reais, Kafka Hibino é um homem que trabalha num emprego muito distante de seus sonhos de infância. Inesperadamente, o mesmo acaba se tornando um dos monstros, tendo que guardar segredo para preservar sua própria vida, e também finalmente entra nas Forças de Defesa do Japão sei ninguém ao menos SONHAR com o poder adquirido por Hibino. É um mangá muito dinâmico e divertido, provavelmente com um futuro brilhante pela frente.

Recentemente, Monster #8 venceu o prêmio Manga Taisho, grande premiação anual.


Oshi no Ko
por Aka Akasaka e Mengo Yokoyari
Demografia: Shounen (JUMP +)
Volumes: 3 volumes – Em andamento

Com roteiro de Aka Akasaka, mesmo autor de Kaguya-sama: Love is War, e ilustrações de Mengo Yokoyari, Oshi no Ko é um mangá absurdamente bom e imprevisível se você começa a ler sem procurar muitas informações sobre. Sem revelar muito, a história basicamente se desenvolve a partir da polêmica cultura das “idols” e em como esse fanatismo pode se tornar doentio, como plano de fundo para uma história de drama, comédia e com mistérios muito fortes com reviravoltas chocantes, ainda entrando até reencarnação no pacote.

O mangá é publicado semanalmente na Weekly Young Jump desde abril de 2020, e com apenas dois volumes publicados já alcançou 600.000 cópias em circulação. A tendência, acredito eu, é que se popularize ainda mais e que no futuro seja impulsionado por um anime de sucesso.

Quanto a crítica, a aclamação já chegou: o mangá ficou em 7º lugar no Manga Taisho também deste ano, consolidando ainda mais o seu potencial.


Chainsaw Man
por Tatsuki Fujimoto
Demografia: Shounen (Shonen Jump)
Volumes: 11 volumes – Concluído (?)

Ok, esse aqui é um pouco manjado, mas também não pode ser ignorado, certo? “Chainsaw Man” tecnicamente foi concluído recentemente na Shonen Jump, com o 11º com previsão de lançamento para março, provavelmente. Entretanto, é o caminho da obra até a sua popularização que é digna de nota.

Tatsuki Fujimoto, pelo menos por aqui, é mais conhecido por ser a mente por trás do bizarro mangá “Fire Punch”, por si ó bastante controverso. Mas foi com Chainsaw Man que o mangaká fez a sua estreia na Shonen Jump e, mesmo sendo algo mais “fora da casinha” para os padrões shonen e não tendo um anime, foi conquistando um espaço e popularidade incríveis, mas nem isso fez que Fujimoto seguisse na Shonen Jump, uma vez que uma “segunda temporada” do mangá já foi anunciada, migrando para a JUMP+ (o digital é o futuro mesmo, pelo andar da carruagem).

Na época do lançamento do décimo volume da obra foi divulgado que 6.4 milhões de cópias estavam em circulação no Japão. Isso é incrível, uma vez que até aquele momento um anime ainda não havia sido anunciado e todo esse número expressivo é mérito da própria obra. Com o final da “parte 1” também foi anunciado que o estúdio MAPPA está produzindo uma adaptação animada, então podemos esperar que em 2021 vamos ter os volumes de Chainsaw Man figurando entre os mais vendidos do ano.

Se isso não for o suficiente para você, vale mencionar que Chainsaw Man ganhou o 66º Shogakukan Manga Awards anual, como “Melhor Mangá Shonen”. Se você não conhece a bizarra história de Denji, o mangá será lançado em breve pela Panini e já possui sinopse oficial.

Denji é um jovem extremamente pobre que junto de Pochita, seu demônio de estimação, trabalha feito um condenado como Caçador de Demônios para pagar a imensa dívida que possui. Mas sua vida de miséria está prestes a mudar graças a uma traição brutal!! Aqui começa a história de um novo anti-herói que com um demônio em seu corpo, caça demônios!!


A Couple of Cuckoos
por Miki Yoshikawa
Demografia: Shounen (Shonen Magazine)
Volumes: 5 volumes – Em andamento

Para fechar a primeira parte da nossa lista, vale a pena mencionar uma obra um pouco mais tímida, mas com potencial pra crescer bastante em popularidade. A Couple of Cuckoos (ou Kakkou no iinazuke, no original) é publicado desde janeiro de 2020 na revista Weekly Shonen Magazine, da editora Kodansha, e tem chamado atenção pelos seus números sólidos conquistados. Atualmente, com cinco volumes publicados, o mangá tem vendido em média 200.000 cópias por tomo.

A obra de Miki Yoshikawa é um shonen de comédia que segue o adolescente de 16 anos Nagi Umino, estudante do segundo ano que descobre ter sido trocado ao nascer. A caminho de um jantar com o intuito de conhecer seus pais biológicos, Nagi acidentalmente conhece a ousada e sincera Erika Amano, que passa a ficar determinada a fazer de Nagi seu namorado falso, já que não tem a menor intenção de realmente se casar.

Mas assim que Nagi chega para o jantar, ele descobre que seus pais decidiram resolver a troca feita na maternidade de uma forma um pouco peculiar: um casamento arranjado entre ele e a filha que seus pais biológicos criaram. Nem preciso mencionar que daí em diante é só confusão, né? Ainda mais com – spoiler do primeiro capítulo – um quarteto amoroso se formando para tornar tudo ainda mais complicado.

Um ponto interessante é que mesmo novinho (o mangá tem um ano de idade), no momento que escrevo esse texto, há fortíssimos rumores de que o anime esteja em estágios iniciais de produção. Porém atenção: por enquanto não é nada mais que um rumor. Entretanto, seja agora ou no futuro, eventualmente acredito que vá acontecer.


Então essas foram as primeiras obras que selecionamos para se ficar de olho. E para você, quais mangás têm dado sinal de possível sucesso? Não só em qualidade, mas em popularidade, mesmo. Esperamos dicas de vocês para uma segunda parte!

Val

Otaku, cinéfilo, marvete e várias outras classificações aí do mundo geek! Ah, e psicólogo.