Uma obra verdadeiramente perturbadora!
Eu sempre tenho o costume de ler os primeiros capítulos dos mangás que estão saindo no Japão. É sempre aquela sensação de uma caça ao tesouro onde posso muito bem encontrar um baú valioso, ou na maioria das vezes um com um conteúdo bem questionável. Em uma dessas andanças me deparei com um mangá chamado Trail of Blood, e minha expectativa foi de que teria algo que respingaria sangue na minha tela…
…mas eu recebi algo bem diferente.
Obs: Este artigo pode conter spoilers sobre a série. Recomendamos que leia pelo menos três capítulos do mangá ou continue por sua conta em risco.
“Esta ilusão humana me incomoda. Mãe e Filho. Esta é a melhor escolha.”
Essa é a sinopse oficial que foi publicada na revista Bessatsu Shounen Magazine pelo autor Shuuzo Oshimi, e ela é a melhor coisa que eu poderia escrever sobre a história mesmo após 9 capítulos, que serviram muito mais de base do que qualquer coisa. Na verdade, nenhum deles falam muita coisa sobre plot. Então porque raios estou gastando meu tempo falando sobre ele?
Trail of Blood me prendeu totalmente pela atmosfera que o autor passa pela narrativa e pelo visual. Ele utiliza um traço mais rabiscado, cheio de rasuras, com uso bem grande de closes na mãe e no filho que possuem um design mais tradicional, enquanto os personagens em sua volta são mais caricatos, com emoções exageradas e linhas de expressão bem acentuadas.
A relação entre a mãe e o filho me deixa o tempo todo desconfiado, mesmo sabendo que eu consideraria normal em qualquer outra obra, já que ela é uma daquelas mães super protetoras em relação ao garoto – e óbvio, enquanto isso, ele é bastante apegado a ela. Toda essa desconfiança vem basicamente do nome e da introdução do mangá. O sorriso dela enquanto os dois conversam sobre a morte de um gatinho de rua ainda me deixa muito incomodado, mas ainda não foi mostrado nenhum sinal de atração sexual entre os dois ou coisa do tipo – apesar de parecer que tudo vai se desenrolar para isso.
O mangá vem saindo desde o finalzinho de fevereiro, com capítulos quinzenais de pouco mais de 20 páginas (tirando os dois primeiros que eram mais longos) que leio imediatamente quando vejo que saiu. Tudo porque quero realmente ver o que vai acontecer logo, quero saber qual é o segredo que aquela mãe tem e como a relação entre os dois vai se desenrolar. Engraçado que saíram apenas 9 capítulos no momento que estou escrevendo esse post, mas fizeram minha cabeça entrar em um grande conflito. Parece que estou investindo nessa história por muito mais tempo e ainda assim sinto que não sei absolutamente nada dela em si, já que não aconteceu muita coisa e apenas no sexto capítulo chegamos a um ponto de virada. (E QUE PONTO DE VIRADA MEUS AMIGOS!)
O motivo desse post é simples: quero compartilhar essa experiência que estou sentindo e quero que mais e mais pessoas conheçam a obra. No twitter posto as imagens dos capítulos que nem um maluco, e sempre vem alguém interessado em saber do que estou falando. O trabalho super bem feito de Shuuzo Oshimi – o mesmo autor de Aku no Hana e Happiness (que será lançado no Brasil pela editora NewPOP) – conseguiu me prender muito, e não consigo me recordar da uma narrativa em mangás que me deixou tão ansioso, apreensivo, nervoso e claustrofóbico em alguns momentos com um simples sorriso ou um beijo de uma mãe em um filho.
Leiam! Vale a pena!