A pedido dos leitores, sequência Death Note – Hall da Fama com Light Yagami!
Olá a todos! Já estamos no décimo Hall da Fama, vejam só! Agradeço o apoio de todos por conquistar essa marca. E a postagem desta semana é resultado da “votação” organizada da última vez: a grande maioria votou a favor de uma outra postagem de Death Note, aqui estamos com o Hall da Fama de Light (ou Raito, como eu já estava mais acostumada em ouvir na maioria das comunidades por aí – devo pedir desculpas pela confusão da última vez ^^”… Usarei a nomenclatura oficial desta vez.)
E antes de começar, queria comentar brevemente sobre essa votação: foi uma experiência que me dispus a realizar, para saber o quanto vocês leitores topam alguma repetição de animes aqui – levando em conta como algumas séries têm vários personagens bacanas a se comentar. E é claro que a coluna tem tempo para explorar vários personagens de várias séries, sendo semanal; mas li alguns comentários preferindo diversidade, então acho melhor prosseguir com cautela. Enfim, vamos ao Hall agora.
Light Yagami era um estudante comum – quer dizer, não exatamente comum; com notas excelentes no colégio, comportamento exemplar e popularidade (em especial com as mulheres), Light era praticamente, aos olhos da sociedade, um modelo perfeito. Porém, ele tem um ego extremamente forte e está entediado com sua vida comum – demonstrando internamente sinais de insatisfação com o mundo em que vive.
Até que, em um dia qualquer, ele encontra um caderno de capa preta com a escrita “Death Note” no pátio do colégio. Ao chegar em casa com o caderno, ele lê as instruções escritas para escrever o nome de uma pessoa para que ela morra em 40 segundos. É claro que a princípio Light acredita que aquilo é apenas uma brincadeira; mas por que não tentar? Afinal, ele estava entediado. E há muitas coisas erradas neste mundo. Após utilizar o caderno escrevendo o nome de um criminoso que viu no noticiário, Light comprova o funcionamento do Death Note – e a partir daí, acredita que é a única pessoa capaz de carregar o fardo da justiça e punir os criminosos, tornando-se o deus de um novo mundo.
Light Yagami é um gênio; importante também é que sabe e confia plenamente no fato de ser um gênio, podendo ser considerado um realista pessimista. Só que a partir do ponto em que o Death Note surge em sua vida, como um Deus ex machina, as possibilidades revertem radicalmente: unindo seu intelecto com um poder inimaginável, é possível fazer uma mudança que só pessoas de forte convicção – ou talvez até mesmo obsessão – seriam capazes de fazer.
Iniciando sua jornada para criar um novo mundo, Light começa a executar grandes criminosos divulgados na mídia, chamando a atenção do público – que intitula o misterioso justiceiro como Kira – e também autoridades internacionais, que surpreendem-se com o número de mortes dentro do mesmo padrão. Para resolver o caso entra em cena o grande detetive L – que inicia uma disputa ferrenha e cheia de reviravoltas em que ambos os lados aproximam-se fatalmente, ficando cada um apenas um passo de alcançar a identidade de seu inimigo e destruí-lo.
Em primeiro lugar, há um ponto em Death Note que, apesar de não ser explorado com tanto intensidade – a série foca no ritmo frenético de suspense e investigação e no crescente degradação de Light – é levantado de forma interessante: quão longe a justiça pode ir? É certo executar aqueles que cometeram crimes tão cruéis, utilizando de métodos também cruéis? A questão é fortemente apresentada em um dos primeiros episódios do anime, em que Light mostra a Ryuuku a popularidade do Kira na internet: as pessoas, em seu anonimato, aprovam a execução dos criminosos para criar um mundo menor e menos impuro; porém, em público com suas faces expostas, procuram manter uma imagem moral e humanista muito mais como “fachada” do que sincera, que entra em conflito com uma opinião mais obscura. E este conflito moral de certa forma se repete entre o público da série; querem um exemplo? Experimentem acessar o fansite lightyagami.com e visualizar os resultados da enquete disponível lá. A porcentagem de votos contra a morte do personagem é massiva e interessante, e os comentários só completam o quadro: muitas pessoas querem ver um mundo novo e livre de criminalidade e de um sistema de justiça falho, não importam os meios. Mesmo alguns personagens da série demonstram preferir que os criminosos estejam mortos do que vivos.
O que – ao menos em minha opinião – muitas pessoas esquecem é que os motivos de Light não são exatamente nobres – ou pelo menos corropem-se fortemente ao longo do tempo. Porque Light, com seu grande intelecto e um forte ego ciente disso, estava entediado e encontrou um poder para fazer uma diferença colossal no mundo. Só que o conflito com L foi apertando cada vez mais os riscos, e nenhum dos dois gosta de perder; aos poucos Light mostrou seu egocentrismo como dominante, passando a não se importar em matar pessoas que cometeram crimes mais leves ou agentes do FBI, como forma de desviar as investigações, ou mesmo com o que acontece com sua família, que acaba sendo vítima dos conflitos contra Kira; sem falar em Misa Amane, usada sem dó nem piedade em seus esquemas.
E falando em esquemas, importante comentar sobre a disputa tão intensa entre Light e L, ponto-chave do anime – ambos são extremamente parecidos em seu intelecto e obstinação, o que leva sua disputa a estar sempre em um equilíbrio extremamente delicado. L, no fundo convicto de que Light é Kira, utiliza de diversos métodos excêntricos e jogo psicológico para encurralar seu oponente; por outro lado, Light possui precisão em utilizar os recurso do Death Note e dos shinigamis que L desconhece. Ambos possuem ótima compreensão de como seu oponente raciocina e forte obstinação em capturá-lo – obstinação que atinge níveis de obsessão em ambos, no caso de Light de forma mais intensa.
O que nos leva ao final da série: quando é pego, Light é acusado por Near de aplicar sua justiça de forma não-democrática, passando da linha da justiça ao assassinato em massa – o que L havia atestado desde o começo do caso Kira. Light sacrificou a própria humanidade ao longo do caminho e fez pessoas inocentes sofrerem, o que por fim contraria seu próprio ideal de justiça.
A questão é que, se por um lado o método de Light é cruel e tem motivos egoístas, o sistema de justiça vigente possui falhas e deixa muita impunidade passar. Ao final, Light e L estão mortos; seria hora de começar mudanças justas? Death Note é intenso, mas deixa as questões morais totalmente abertas ao espectador; mas um ponto que a série também deixa claro é como o poder tem grandes chances de corromper e desvirtuar ideias e sentimentos daqueles que não estão preparados para ele – e essa preparação não significa ter um intelecto superior. E sim, posicionar-se contra ou a favor da “justiça” de Kira é algo que exige vários pontos de vista a se refletir – pois não é à toa que questões como pena de morte causam tanta polêmica no mundo moderno.
Pois bem, este foi o décimo Hall da Fama. Espero que a experiência da “dobradinha” Death Note tenha valido a pena, comentem o que acharam do texto. E até a próxima!
por Mary