Começando a nova seção do Chuva de Nanquim com uma das séries mais aguardadas da temporada de Janeiro: Black Rock Shooter.
Quando comecei a planejar fazer uma seção escrevendo o episódio inteiro de uma série, sabia que seria difícil escolher uma que conseguisse entrar no gosto do público e que todos pudessem discutir. Mas eis que a temporada de janeiro me abriu as portas com Black Rock Shooter: série curtinha (serão só 8 episódios), com uma fanbase muito grande por causa dos produtos relacionados e com toda a base no noitaminA, bloco famoso por exibir algumas das grandes “preciosidades” em termos de anime atualmente. Sei que muitos vão discordar do que direi aqui, mas minha intenção não é formar a opinião de ninguém e sim “debatermos” o episódio todas as semanas. Mas chega de papo e vamos logo ao que interessa.
Nota: Essa seção possuirá spoiler dos episódios. Leiam daqui por diante por conta e risco.
Black Rock Shooter #1 – Quanto mais eu ainda devo gritar?
Lutas, garotas colegiais e uma amizade beirando o romance yuri
Depois de uma apresentação a um mundo ao melhor estilo “artístico”, rebuscado de elementos “estranhos” como olhos no céu, Black Rock Shooter mostra em alguns instantes que vem disposto a agradar o público com cenas de ação. Mas eis que de repente…
Mudamos completamente e vamos para o primeiro dia de aula de uma garota “bonitinha” e que presta sempre atenção nos mínimos detalhes de tudo. Mas claro que a fórmula de protagonista atrapalhada também não lhe podia faltar, caracterizando a legítima “pura” da história. Seu nome é Kuroi Mato, e logo no primeiro encontro com a encantadora e bonita Takanashi Yomi, percebemos que sua amizade com a garota será o grande desenvolver da história.
Amizade essa que desde os primeiros instantes percebemos o pequeno fanservice voltado para os fãs de um romance yuri. Em uma das cenas, a encantadora Kuroi, que é totalmente pura de sentimentos, se encanta com a presença da amiga, e a partir dali fará de tudo para conseguir a atenção e o carinho de sua amiga. Mas é claro que nem tudo parece ser o mais belo mar de flores, e o primeiro passo para percebermos isso é todo o suspense que envolve Takanashi ao chegar em casa e falar com um… telefone sem fio (para aqueles que não conhecem, é aquela brincadeira onde você coloca um copo em cada ponta e falamos com a outra pessoa através de um barbante). Detalhe que esse telefone definitivamente parece lhe proibir de fazer uma possível amizade.
Mesmo assim, as duas acabam sendo atraídas por um mesmo hobbie: passarinhos. Ilustrações de passarinhos – e ajudam a entender todo o simbolismo do “poema” falado no começo do episódio – são o ponto chave para a relação das duas dar uma partida, mesmo depois de negativas por parte de Takanashi e até mesmo de uma consulta ao “psicólogo” de Kuroi. Sabem aquela coisa de destino? É o que parece ligar as duas, e parece que é isso que deve amarrar o anime se eu não estiver enganado.
Takanashi vai contra o desejo de seu “telefone” e acaba levando Kuroi para casa, onde a garota parece se divertir como a muito tempo não fazia. Porém a partir daí conhecemos a verdadeira razão pelo “medo” que a menina de óculos sente: a estranha e assustadora garota Izuriha Kagari. Chega a ser medonho tudo que a menina faz para impedir a amizade de Kuroi e Takanashi, usando desde comidas “estranhas” até uma boneca tão assustadora que parece o Fofão – Cliquem AQUI e vejam que não estou mentindo! E isso parece afetar muito Kuroi, que sente todo aquele clima de tensão. É o grande ponto desse episódio, onde você realmente percebe toda a pureza da menina e como ela fica assustada com aquela situação.
Isso parece alterar diretamente no universo da garota Rock Shooter e nos trás mais uma cena de ação (bem fraca, por sinal), onde a “heróina” acaba enfrentando uma estranha criatura CG que parece uma aranha mutante cruzada com escorpião. Ainda não dá pra entender a relação dos dois mundos só por essa cena. Ou pelo menos não dava até você ver uma garota tão horripilante quanto Kagari usando dos mesmos “artifícios” para se livrar de Black.
E é nisso que percebemos o grande ponto no qual a série vai se firmar: lembra quando falei da amizade das duas? Pois bem. Kuroi não desistiu da menina e está disposta a provar isso, correndo atrás da garota e lhe provando que as duas podem ser felizes juntas (sério, não foi isso ao pé da letra, mas essa cena vai fazer alguns corações de “shippers” dispararem). A cena é bem executada com uma trilha sonora que faz o momento ser ainda mais bonito, apesar de… forçado. As lágrimas da garota me passaram uma imagem muito “temos que provocar o drama na série” vinda do diretor.
O legal é ver o episódio terminar em um exato contraste, com a Black sendo estraçalhada por inimigos “do outro mundo”, inclusive com a presença da grande ‘vilã’ (ou para alguns anti-heroína) da série: Deadmaster. E claro que a abertura tinha que estar somente no final do episódio, afinal é moda isso acontecer.
Comentários técnicos
O maldito uso do CG.
Confesso que esperava mais desse episódio, principalmente depois de ter visto o primeiro OVA lançado a tempos atrás, no qual a história não era o grande ponto forte, mas a animação fazia prevalecer a vontade de assistir aquilo diante de belas apresentações de lutas e de jogos de luzes e sombras. A série não conseguiu me passar a mesma sensação, prevalecendo uma trilha sonora mediana na composição do episódio (mesmo a música de abertura do supercell com a “digital diva” Hatsune Miku, sendo muito envolvente) e uma composição muito satisfatória no uso da cor azul na maioria das cenas (o que já era esperado).
Vale dizer que o traço pareceu muito inconstante e os CG’s usados nas batalhas não empolgaram. Em uma das cenas logo do começo, percebemos como isso parece ter sido deixado em segundo plano pelos produtores – reparem no tamanho da cabeça de Takahashi na imagem acima. É anormal. Isso sem falar nas diversas cenas em que as personagens parecem não precisar respirar e não possuem nariz.
Considerações finais
Foi bom, mas não foi.
É difícil dizer o que achei desse episódio um de BRS. Fiquei um pouco decepcionado com o que vi, mesmo que a expectativa por uma qualidade da série não fosse lá o meu grande forte para essa temporada. Porém vale dizer que o anime ainda pode evoluir se conseguir dosar a carga dramática da série. A amizade de Takahashi e Kuroi pode render boas cenas e muitos arco íris vomitados pela galera fã da série. Já as cenas de ação no “mundo da Black” poderão ser melhor trabalhadas, já que nesse primeiro episódio ficou devendo muito.
Também espero sinceramente que o anime consiga preencher todos os furos daquele OVA, explicando principalmente a verdadeira relação dos “dois mundos” que vemos. Os oito episódios da série são mais que suficientes para isso, mas o momento que isso for feito pode estragar toda a tensão ou fazer o expectador perder a vontade de descobrir o “mistério”. Tudo dependerá da competência da direção do anime. Todos sabem que eu gosto muito de animes de “drama”, mas tudo que eu vi até agora foi algo forçado ao telespectador. Apesar de muitos dizerem o mesmo de Ano Hana, as sensações que os dois animes me causaram foram totalmente diferentes.
Se você não gostou do OVA, dificilmente vai gostar desse anime, que tende a cair para o mesmo tom. Porém vale dizer que ainda espero – de verdade – que a série possa me surpreender positivamente. Ao menos não quero começar a nova seção com o pé esquerdo. Força aí Black!
Ponto positivo: Amizade das protagonistas. Terror muito bem feito com a personagem Kagari (sério, essa garota dá medo).
Ponto negativo: Tentar forçar um drama desnecessário no primeiro episódio. CG’s atrapalhando as cenas de ação.
Nota do episódio: 6 de 10.
por Dih