Primeiras Impressões – Zetman

A versão animada da obra máxima de Masakazu Katsura chega para ser um dos animes mais esperados do ano.

Falar de Zetman pra mim era um dos momentos mais aguardados da temporada. Sou um dos maiores fãs do mestre Masakazu Katsura e obviamente era um dos que mantinha um hype grande pela estreia desse anime. Zetman é considerado por muitos a obra máxima de Katsura, mesmo ele já tendo feito grandes obras como Video Girl Ai, I’s e D.N.A.². O mangá é publicado desde 2002 na revista Young Jump da Shueisha e já passa dos 16 volumes lançados.

O anime foi lançado no último dia 2 de abril e uma grande expectativa era feita sobre a série até mesmo no Japão, com grandes propagandas, festas, comemorações e tudo mais que o autor tem direito. Porém, o pé atrás também existiu: será que Zetman conseguiria ter uma adaptação que fizesse frente ao mangá? Será que a estreia correspondeu as expectativas? É o que você confere agora.

A história

Em uma sociedade onde o luxo e a riqueza imperam, cientistas criam criaturas monstruosas conhecidas como “Players” que lutavam entre si e satisfaziam as apostas da alta sociedade. Porém um dia esses Players se rebelam contra seus criadores, matando todos os que estavam no local do “show”. Apenas 13 Players e 2 humanos conseguem escapar vivos. Um desses humanos, Kanzaki, leva em seus braços uma criança que guarda poderes ocultos. Anos se passam e essa criança chamada de Jin, vive nas sombras de um passado sem pais, e somente com as lições de vida de seu “avô”, que sempre o ensinou a não usar a violência e a esconder a marca em sua mão, o chamado “anel de anjo”.

Porém, o outro sobrevivente, Mitsugai, continua sua incessante busca por Kanzaki e a ganância pela retomada do projeto dos players. Um dia, uma misteriosa criatura aparece e mata Kanzaki, deixando Jin sozinho e em sua jornada na qual começa a se descobrir ao lado de Akemi, uma garota que começa a cuidar do garoto após a morte de seu avô. Porém um dia Jin e Akemi são atacados, despertando o  verdadeiro poder do garoto e percebendo por si só que não é um humano comum, se transformando em uma criatura poderosa e misteriosa. Quem será Jin? O que serão seus poderes? O que Mitsugai quer com ele? Tudo isso somado a uma amizade de infância de Jin com os netos de Mitsugai – Kouga e Konoha – transformam Zetman em uma das melhores séries de ação e ficção que você poderá conferir.

Considerações Técnicas

Posso resumir essa estreia de Zetman da seguinte maneira: Não foi o que eu esperava, mas também não me decepcionou. Mas já quero deixar avisado de ante mão: se você leu o mangá, provavelmente poderá se incomodar com esse anime. Digamos que o primeiro episódio englobou uma grande parte do início da série, apresentando personagens que só apareceriam em um futuro bem distante – no caso o principal vilão desse anime. Essa “aceleração” dos fatos foi feita de forma um pouco rápida demais para alguns, mas não é algo que fará a pessoa se afastar da série, principalmente se ela não teve contato com a versão em quadrinhos.

Nesse primeiro episódio, percebemos que Zetman contará com uma boa tomada de ação, mas tentará explorar também o interior de cada personagem. Não é uma série “feita para chorar” como um Ano Hana, mas conseguiu ser coerente nesse quesito. Não ficou nada forçado ou “obrigando” o telespectador a se emocionar com o anime, dando uma fluidez muito boa para os aproximados 22 minutos de episódio.

Quanto a animação do estúdio TMS (o mesmo de Lost Canvas), ficou bem claro aqui que o grande foco serão as cenas de ação e batalha. O restante da série é levado de maneira “comum”, hora com algumas passagens estranhas nas faces dos personagens, mas também não é nada comprometedor, digamos que “assistiveis”. Porém realmente percebe-se que a verba foi investida para as cenas de grande notoriedade, como a transformação de Jin e as lutas (que tiveram uma direção bem legal, por sinal).

A trilha sonora do anime também ficou bem no ritmo da série. Nada estupendo, mas também é ser muito “mimimi” pra reclamar. Tudo ficou bem ambientado e dá pra sentir o clima de Zetman mesmo sendo apenas o primeiro episódio. As dublagens ficaram bem encaixadas com os personagens (destaque para o Jin, que conseguiu passar bem o jeito “moleque” do personagem quando criança) e não destoam do que imaginamos.

Porém, como eu disse, se você já leu o mangá vai sentir uma pontinha de decepção. O traço e a forma como Katsura desenvolve seu enredo e seus personagens, dificilmente conseguiriam ser transmitidos para uma animação. Ele tem muito disso de “encarnar” no traço, algo que em um anime dificilmente você sente com o mesmo impacto quando é uma adaptação.

Talvez o grande ponto de reclamação do anime tenha sido sua abertura. Apesar de contar com uma animação muito legal, fazendo uma mescla bacana entre as cenas e a música (uma espécie de “rap pop” japonês), o conceito geral dela acabou destoando da ideia da série. Não combinou com a ambientação de Zetman e o clima da série, por isso o grande número de reclamações sobre a mesma.

Comentários Gerais

Como eu disse, foi uma estreia de nível “OK”. Não comprometeu para aqueles que não conheciam a série, mas desagradou em partes os fãs do mangá, como já era esperado, afinal em mais das metades das adaptações temos esses problemas. Porém acho meio besteira esses mesmos fãs dizerem “Larguem esse anime e vão ler o mangá”, por que afinal de contas se a pessoa se interessar pela série, em um caminho natural ela acaba partindo para o título quadrinizado.

Em uma relação de semelhança, tivemos isso com Deadman Wonderland e Highschool of the Dead, quando suas adaptações em anime ajudaram a popularizar as obras, obtendo uma maior procura pelos mangás dos mesmos (sendo inclusive lançados no Brasil pela Panini). Acho o anime válido nesse quesito, mesmo que ele seja um fiasco nas vendas (o que eu acredito muito). É a chance das pessoas conhecerem uma obra que era muito desconhecida – porque sim pessoas, por mais que não queiram admitir, muita gente só ficou sabendo da existência de Zetman após o anúncio do anime.

Com toda certeza teremos uma série de 13 episódios em aberto, provavelmente sem esperanças para uma segunda temporada. Com certeza teremos muitos que chorarão ao perceberem isso só no final, e novamente reafirmo que a procura pelo mangá aumentará muito. No Brasil, aposto em um efeito disso nas bancas, com um provável lançamento da série em um futuro não tão distante.

No mais, uma série bacana de se acompanhar para quem gosta desse gênero de ação. Apesar da censura, já deu pra ver que uma certa quota de sangue marcará a série de TV, o que apreenderá muita gente – afinal sangue sempre é atrativo, confessem. Vamos esperar para ver como se desenvolverá o anime e como eles tratarão essa “aceleração” que tivemos logo de cara no primeiro episódio. Torcemos para um final feliz, ou pelo menos para um final coerente. Katsura implora.

por Dih

Dih

Criador do Chuva de Nanquim. Paulista, 31 anos, editor de mangás e comics no Brasil e fora dele também. Designer gráfico e apaixonado por futebol e NBA.