Review – Berserk Golden Age Arc I e o CG de latão

Finalmente saiu o filme de Berserk. Será que isso presta?

Berserk é um famoso mangá do autor Kentarou Miura e que é lançado desde 1990 na revista seinen Young Animal. A história abusa da violência para contar um ótimo enredo sobre lutas com espadas, intrigas, demônios e claro muito sangue, tudo em um universo medieval fictício criado pela “mente doentia” (leia: criativa ao máximo) do tio Miura. Tanto que muita gente acaba não aguentando ler muito do mangá por ser extremamente pesado e um dos poucos que eu realmente digo que uma pessoa menor de 18 anos não deveria ler. Berserk consegue passar temas muito polêmicos dentro da obra, e cenas como estupro e cabeças voando sem mais e nem menos, são coisas comuns na obra. Isso sem falar na grande referência à demônios, inferno e coisas do tipo, o que incomoda muito da opinião religiosa.

Uma adaptação foi feita para a TV em 1997 pelo estúdio OLM, mas acabou não ficando tão bom quanto (pelo menos pra mim, mas muitos acabaram gostando dessa adaptação) e terminou sem nenhuma notícias sobre uma continuação ou remake por mais de 10 anos. Até que em 2010, foi anunciado que um novo projeto estaria a caminho para a série, e que se trataria de uma adaptação para os cinemas. Em 2012, depois de muita enrolação saiu finalmente o primeiro filme da trilogia da Era de Ouro de Berserk. A obra foi adaptada pelo Studio 4ªC e distribuída mundialmente pela Warner Bros e prometia ser uma das melhores franquias japonesas nos últimos tempos. Mas… Este redator aqui ficou encarregado da review, mas será que eu realmente gostei?

A história

Conhecemos Gatts, um mercenário extremamente habilidoso e que maneja uma espada grande e pesada como poucos. Griffith, o líder do Bando do Falcão – um dos famosos grupos mercenários – acaba se interessando por ele ao ver uma das várias batalhas em que Gatts era contratado para lutar. E o nosso protagonista acaba sendo forçado a ser integrado no grupo após ser derrotado facilmente pelo Griffith e assim entra na Era de Ouro de sua vida.

Depois começamos a acompanhar como o Bando do Falcão começa a se tornar parte das tropas reais de Midland e vendo pouco a pouco as verdadeiras intenções de Griffith em relação a essa união. Por que ele estaria se unindo ao rei? Por que esse interesse tão grande em Gatts? E o mais importante, o que é aquele amuleto que sempre está no pescoço do Griffith? Começa a busca pela verdadeira amizade ou do verdadeiro poder?

Considerações Técnicas

Bom, já vou começar falando sobre a animação do filme. As pessoas que me seguem no twitter já perceberam que eu reclamei da opção de misturar animação tradicional com CG, ainda mais que o CG estava muito mal feito em cada imagem que aparecia sobre. E vendo o produto final se confirmou esse grande problema: os personagem em 3D ficaram muito mal feitos, parecendo um produto que foi feito em 2000. Foi optado pelo uso de animação tradicional em closes para mascarar como os personagens são feios e pouco detalhados em CG – mesmo assim isso não necessariamente algo que ajudou a esconder todos os defeitos da animação. E não são apenas os personagens secundários que são mal feitos. Em alguns momentos Gatts parecia ser o robocop por causa de alguns movimentos extremamente duros e artificiais.

Com tudo isso a animação já sai no cinema totalmente datada, afinal se já ficamos incomodados com os bonecões no ano que saiu, imagine daqui a 10 anos ou 20 anos? Posso até comparar com Akira: o filme é de 1988 e você acha que ele está datado? Akira possui 160 mil frames, em uma época em que tudo era feito na mão (tinha um cara que pintava cada janela de prédio que estavam com as luzes ligadas) a direção resolveu fazer com 120 frames por segundo, sendo que a maioria das animações básicas de hoje em dia são com 60 frames. É esse carinho, esse cuidado, que eu esperava por um filme de Berserk e acabei recebendo essa animação deprimente e bem mal feita.

Tirando isso não posso falar muito sobre a adaptação. Faz muito tempo que eu li essa parte do mangá, mas a história acabou fluindo muito bem e não te deixa cansado. Essa é uma das partes que eu mais gosto do mangá e não percebi nenhuma grande mudança que tivesse me incomodado tanto, apenas tiraram toda a infância do Gatts e resumiram em alguns flashs confusos – vale lembrar que seria necessária uma boa fatia de tempo do filme para mostrar isso detalhadamente. Apenas acho que um dos problemas é a falta de um pouco de desenvolvimento dos personagens secundários. Fica tudo muito centrado entre Gatts e Griffity e alguns bons personagens são deixados de lado. Não que isso afete no desenvolvimento da história, muito pelo contrário, mas poderia ser um ponto à se pensar. A trilha sonora não possui nada de especial, nada que venha te impressionar ou que você vá lembrar de algum momento por causa dela. Talvez esse seja o ritmo do filme: não há absolutamente nada que você vá se lembrar, nada que vale um ingresso do cinema.

Eu gosto muito do Gatts nessa fase, você percebia o quanto ele era habilidoso antes mesmo de aparecer demônios na história e acaba se perguntando como ele tinha virado aquele babaca no futuro. O dublador não conseguiu passar todo o ar de “fodão” que o personagem tem, mas vamos ver como ele fica depois de alguns acontecimentos. Eu preferia o antigo dublador. Griffith continua o mesmo personagem de sempre, onde o dublador ficou excelente para o tipo de personagem em questão. Casca acabou muito de lado, tendo apenas poucos momentos de tela e não dando nenhuma oportunidade para você simpatizar com ela. Uma coisa que pode atrapalhar os próximos filmes.

Comentários Gerais

Claro que eu estava na espectativa de um filme de Berserk, sempre esperei por um remake do primeiro anime e ele me decepcionou muito. A animação incomoda muito, mas o fato que o filme nasceu datado já desanima e mostra um orçamento pequeno e uma direção ainda mais limitada em N sentidos. Comparei com Akira porque o mangá de Berserk não perde em qualidade de história, mas a animação acabou sofrendo pela falta de cuidado. Temos pelo menos mais dois filmes para sair, sendo que provavelmente o último vai ser o melhor por causa de toda a ação. (Espero que não censurem as cenas.) Não é uma animação que eu possa recomendar, mas também não é algo que eu deva dizer que não vale os seus pouco mais de 60 minutos. Assista, pois em muitos casos o CG não incomoda tanto assim. O que não é o meu, claro.

Agora pegue o mangá para ler se você nunca ouviu falar sobre Berserk e quer começar a acompanhar. Os traços do mestre Miura são um dos mais bonitos que você pode encontrar e em constante evolução, mas é melhor ficar sabendo que a violência da história é grande e em alguns momentos pertubadoras. O único problema é que apenas os seus netos vão ver o final da história, os hiatos são algo frequente e a historia nem parece estar perto do seu arco final. O título sai no Brasil pela editora Panini, para os interessados.

por Luk

Luk

Eu juro que gosto de animes, apesar de todo o meu haterismo.