Um tema que tinha um ótimo potencial.
Todos sabem que um dos animes mais populares do ano de 2012 foi Sword Art Online. Ele era um dos assuntos mais comentados na temporada de Verão e continuou assim até o fim do ano. Atingiu níveis que há muito tempo eu não via. Pessoas que eu nunca pensei que iriam comentar de um anime já escreviam em redes sociais sobre um tal anime chamado “SAO”. Enquanto isso a light novel ia sendo traduzida pela internet afora e as editoras começavam a ouvir os pedidos frequentes para que ela viesse para cá. Mas não era só com carinho que o anime era citado: também há muita gente que não suporta esse anime, que chegam a dizer que a história de Sword Art Online era a pior já feita e quem gostava era um idiota (coisas normais de internet).
Eu critiquei bastante Sword Art Online pelas redes sociais. No começo até tinha gostado, mas com o passar dos episódios comecei a perceber algumas coisas erradas. Nunca cheguei a fazer um texto sobre ele (mais por preguiça) mas agora chegou a hora de desabafar! Podem me xingar e criar comunidade no Orkut me xingando (só se juntar com o pessoal de Another e Berserk.) ‘Bora?
A história
Em um futuro próximo uma tecnologia revoluciona o mundo. O aparelho Nerv Gear é capaz de estimular todos os seus sentidos através do cérebro do usuário com uma realidade virtual. Não demorou muito para ser criado um jogo utilizando esse equipamento, o primeiro MMORPG (Agora nomeado VRMMORPG) lançado se chama Sword Art Online. Nessa realidade virtual o mundo tem a forma de um gigantesco castelo flutuante chamado Aincrad, com um total de 100 andares. Foram vendidas apenas 10 mil unidades desse jogo e essas se esgotaram com uma velocidade inacreditável.
Kirigaya Kazuto já havia sido um beta tester do jogo, então foi natural ele conseguir uma cópia de SAO. Após algumas horas dentro do jogo, ele e outro jogador percebem que o botão de logout não estava presente no menu e com isso eles não podem sair daquele mundo virtual. Após alguns eventos, Kayaba Akihiko, o criador do jogo informa a todos que a única maneira de sair seria derrotando o chefão final no último andar da Aincrad e que morrer em SAO significaria morrer na vida real também.
Considerações Técnicas
Sword Art Online foi uma light novel criada por Seki Kawahara e voltada para o público masculino (o que acaba sendo um grande fator “estranho”, já que graças a isso a série passa uma falsa imagem de que um garoto pode ser o “master pegador” sendo um viciado em jogos on-line, o que dispensa maiores comentários). O mesmo autor é responsável pela série Accel World, que também ganhou uma adaptação em anime no ano de 2012. A novel principal atualmente rende 11 volumes encadernados e ainda está em andamento desde 2009, rendendo spin offs, mangás e diversos outros produtos relacionados.
A série light novel de Sword Art Online é dividida em 4 “jogos” representados: SAO, Alfheim, Gun Gale e UnderWorld. No anime adaptaram apenas as duas primeiras, mas com o sucesso da saga não vai ser nada estranho ver as outras duas sagas adaptadas em breve em formato de série de TV ou mesmo em especiais. Mas como a ideia aqui é comentar especificamente do anime, vamos utilizar um sistema de “perguntas e respostas” para demonstrar como tudo acontece em Sword Art Online, como poderia ter sido melhor e como a série conseguiu transitar do amor ao ódio em alguns momentos.
Vocês conseguem ver todo o potencial que esse anime tem só lendo essa sinopse? Tá, não é uma ideia totalmente nova, já vimos esse tipo de coisa em .hack ou até mesmo na saga de Greed Island em Hunter X Hunter. Mesmo assim convenhamos que é uma ideia que empolga. Mas Sword Art Online não consegue explorar esse ótimo plot e nem chega perto disso.
“Pô, deve ser legal ver o protagonista sempre a beira da morte, com medo de lutar contra os inimigos!” Quase nunca é mostrado o Kirito em uma situação realmente de perigo de vida já que ele se torna um dos jogadores mais poderosos do jogo através de time skips (sim, não vemos ele treinar). Ele já conhecia bem o jogo por sua experiência como beta tester e com esses saltos no tempo nunca sabemos exatamente qual é o nível de poder dele. E nos únicos momentos em que vemos o Kirito em real perigo, a luta se define em menos de 10 minutos com um belo Deus Ex Machina para ajudar o personagem – isso quando a luta nem ao menos é mostrada! Então sim, essa parte da trama que seria interessante não foi bem desenvolvida.
“Mas deve ter umas mortes legais, qualé!?” SAO tem uma das mortes mais estúpidas que eu já vi em um anime, em que o personagem se recusa a tomar uma poção de cura, sem motivo nenhum. Fora que tem uma das casualidades que é relevante ao protagonista e não me causou impacto nenhum porque a personagem apareceu em menos de 20 minutos no anime. Como eu vou me importar com alguém que eu vi tão pouco e que não tinha quase nenhuma personalidade “gostável”? Então não, não foi bem desenvolvida essa parte na história.
“Mas que tal os personagens? Dá pra acompanhar a história se eles forem interessantes!” Eles são mais rasos que os lagos do nordeste na seca. Se você ver apenas um minuto de cada personagem, você já vai ter visto tudo o que eles são. Não vai ter um desenvolvimento de personalidade em nenhum dos personagens secundários. Na dupla de protagonistas temos algumas tentativas de desenvolvimento que acabam não sendo tão boas. O nosso amigo Kirito tem a personalidade de muitos protagonistas de anime por ai: ele é o herói que ajuda a todos e nunca vai fazer algo errado. Fora alguns momentos que você não entende direito suas decisões, como por exemplo em um episódio que ele resolve seguir o caminho de personagem solo, que não fica em grupo com outros personagens, mesmo assim no episódio seguinte lá está ele em um grupo com pessoas que ele nunca ouviu falar. Por que? Vai saber. Já a Asuna é conhecida por ser uma das jogadoras mais poderosas do jogo, mas é difícil você ver isso em algum momento já que na maioria das vezes ela acaba sendo salva pelo protagonista e assumindo mais um papel de princesa indefesa. E nem vamos comentar da Yui e da irmã do Kirito, porque eu preferia que elas nem existissem. Não, eu não gosto dos personagens.
Tá tá tá, mas e as lutas? As lutas contra pessoas no jogo são as que eu mais gostei, ali o anime se torna interessante, o problema que isso é coisa rara nesses 25 episódios. As lutas contra os chefões são rápidas e nem parecem tão perigosas, um erro na adaptação do anime, já que nas Light Novels até conseguimos temer pelo personagem. Então não deu certo.
“Mas… não é possível, tem mais coisa ruim por ai?” Bom poderíamos falar dos episódios de 3 a 7 que eu até poderia dizer que são fillers dentro do anime, porque não parecem se encaixar na história, mesmo tendo sido escritos na Light Novel. Nesses episódios chega até ser mostrado em apenas 20 minutos uma garota encontrando ele e se apaixonando e essa personagem só voltar aparecer no último episódio por 2 minutos.
Ainda temos o segundo arco do anime que começa por volta do episódio 15, que só mostra que a história deveria ter terminado bem antes. Estender o roteiro da forma como foi feito, não favoreceu em nada no desenvolvimento da história. Temos um dos piores vilões que eu já tive o prazer de conhecer, tentáculos estupradores, fetiches, incesto, pessoas que levam a sério demais os jogos de videogame, a Yui como uma espécie de “Navi do Zelda” e mais Deus Ex Machina.
“E afinal de contas, o que você gostou?” Há de se dizer que o estúdio A1-Pictures conseguiu fazer um bom trabalho nesse quesito. Gosto da animação, apesar de simples é o que podemos chamar de eficiente. Ela me agradou bastante e até mesmo os CGs dos monstros acabaram ficando legais e coerentes (porque apesar de mal feitos daria pra entender já que são inimigos virtuais). A trilha sonora composta por Yuki Kajiura (a mesma de Mahou Shoujo Madoka Magica) tem seus momentos em que ela se encaixa bem no que está acontecendo – afinal, com esse nome na produção não dá pra esperar menos. As composições para abertura e encerramento também são aproveitáveis e divertidas. Porém, no geral, isso é Sword Art Online. E… é só.
Comentários Gerais
Sword Art Online é como aquele jogo de videogame que você acompanha antes de sair com uma empolgação grande, vê vídeos e lê a sinopse percebendo que ali tem um ótimo potencial para ser um dos melhores jogos do ano. Depois do lançamento você percebe que não era bem assim, ainda consegue ser um pouco divertido, mas não é lá essas coisas. Na metade pro fim você está jogando enquanto ouve música no computador, só mesmo para saber como vai terminar a história.
O anime tem uma grande quantidade de problemas, personagens rasos sem nenhum desenvolvimento, história que muitas vezes acabam se contradizendo, um segundo arco desastroso e até mesmo confuso. A adaptação é bem fraca se comparada com o original. Peguem a Light Novel se querem acompanhar essa história. Dizem que em um site chamado Google é possível encontrar informações sobre ela.
Podemos facilmente dizer que SAO é a linha tênue entre o overrated e o overhated. Amado demais por uns, odiado demais por outros. Não há motivos para nenhuma das duas partes em questão, sejamos sinceros. O anime atende as expectativas de alguns e decepcionou outros, algo extremamente normal. A dimensão que a série tomou é o que acaba assustando. Podemos afirmar que foi um dos grandes sucessos dos últimos anos na internet sem pensar muito. A explicação? Não adianta procurar. Simplesmente aconteceu. Talvez a era digital em alta, a facilidade de se encontrar conteúdo… Bem, não adianta tentar caçar alternativas. Como disse antes, deve ganhar uma segunda temporada porque vendeu e para os produtores isso é o que importa.
Alguns vieram me perguntar por que eu tinha colocado ele no “Eu Recomendo Especial” e eu penso que mesmo que eu tenha achado ruim, ele ainda tem o carisma para cativar algumas pessoas. Vale a pena tentar assistir pelo menos 3 episódios. Se não gostar, paciência. Apesar de tudo que eu falei, acompanhei esse anime até o final… por que? Nem eu mesmo sei, deve ser algum pacto com o demônio. Tomem suas próprias conclusões.
por Luk