Review – Viajando ao passado de Kanto com Pokémon Origins

ReviewPokemonOriginVoltando a ter 10 anos de idade. 

Era dia 10 de maio de 1999 quando um garoto gordinho ligou sua TV na Record. Iria começar a passar um desenho japonês novo e ele não fazia ideia do que iria acontecer na sua vida. “Pokémon, Eu Escolho Você!” era o nome do primeiro episódio de Pokémon e ele não só mudou a minha vida, como a de milhões de jovens no Brasil. Após isso veio a febre com os jogos nos portáteis Game Boys. Não faço a mínima ideia de quantas vezes eu comecei aquela aventura no Pokémon Red ou em Pokémon Silver, mas eu garanto a vocês que sabia o nome dos 251 Pokémon de cor – mas escrever era outra história.

Muito tempo se passou, o anime de Pokémon já não significa muita coisa pra mim, já tinha virado mais do mesmo só com novos monstrinhos em uma nova região (na minha opinião), mas eu sei que a “garotada” ainda adora. Desse mundo eu só consigo gostar ainda dos jogos e do mangá (que todos vocês deveriam ler e que já comentei aqui antes), mas finalmente em 2013 é anunciado algo que parecia interessante. Pokémon Origins foi anunciado como sendo um especial em 4 episódios baseado e seguindo a história dos primeiros jogos Red e Blue (Green no Japão) e me deixou em um hype inacreditável, como jamais poderia imaginar que teria pela série novamente.

Pokémon Origins (4)A história

(Produção, é sério que eu preciso fazer isso? Ok, ok…)

O mundo é habitado por criaturas chamadas de Pokémon. Para algumas pessoas eles podem ser criados como animais de estimação e outros os usam em batalhas. Acompanhamos Red, um jovem rapaz que junto com o seu grande rival Green vai partir em uma grande aventura por toda a região de Kanto. Os dois são convocados pelo professor Oak (conhecido por aqui como “Carvalho”) para partir em uma missão para completar a Pokédex, uma espécie de enciclopédia onde os dados dos Pokémon capturados serão armazenados automaticamente. Para suas jornadas, ambos também ganham um Pokémon inicial para ajuda-los. A decisão está entre Charmander – um Pokémon tipo fogo,  Squirtle – um tipo água, e finalmente o Bulbasaur (ou Bulbassauro como dizia a nossa dublagem) – um tipo planta.

Pokémon Origins (5)Considerações Técnicas

Pokémon Origins é um festival de fanservice para os fãs dos jogos. Isso fica claro já na abertura que mostra as opções para iniciar um novo jogo e logo depois a clássica fala do professor Oak nos introduzindo aquele mundo maravilhoso. Os quatro episódios são baseados em alguns pontos memoráveis da história do jogo e sempre temos as referências ao mesmo, como por exemplo o visual de um dos treinadores que sempre tentam desafiá-lo para batalhas. Fora a historia ainda temos as músicas do jogo em uma forma orquestrada. Temos por exemplo as músicas de batalha, a música do Green e da equipe Rocket. Então temos a toda hora momentos que o anime ficou cutucando as lembranças daquele garotinho de 10 anos e a nostalgia tomou conta.

A animação lembra muito mais a primeira temporada da série “clássica” que as atuais, mas não esperem nada espetacular como nos filmes. O orçamento provavelmente era algo de um episódio comum e por isso não vemos nada muito diferente. Mesmo assim não dá pra negar um dedinho aqui e acolá dos estúdios Production I.G. e XEBEC. Em um paralelo, no anime hoje em dia cada batalha tem seus brilhos, uma explosão é criada a cada encontro de dois golpes e todo mundo ataca quando quer. Já em Origins temos uma luta sem uma pirotecnia tão grande e sem explosões a todo momento. O design dos personagens segue muito como eram nos jogos, tanto dos treinadores (é só reparar no professor Oak ou no Green) como dos próprios Pokémon. Eu adorei! Tanto que ao invés dos costumeiros “nomes” que os monstrinhos falavam no anime são substituídos pelos grunhidos dos jogos. 

Pokémon Origins (2)Porém, como estamos falando apenas de um especial, é um tanto complicado falar dos personagens. Basicamente só temos o foco no Red e algumas aparições do Green. Comparando com o Ash, Red possui um foco maior em sua missão e a executa com maestria. Green é um rival que aparece apenas para irritar o Red, mas possui algumas cenas bem interessantes.

Mas nem tudo são flores em Origins, mas a culpa não foi do anime e sim do tempo. A história do jogo inteiro é resumida em pouco mais de uma hora e meia. Eles chegam a pular muita coisa e isso pode deixar confuso o espectador que ainda não jogou o jogo (e que obviamente não é o público alvo aqui). Red captura a maioria dos Pokémon fora da tela e poucos são mostrados em flashs rápidos no começo do episódio. Esses flashs são os responsáveis em resumir a história e mostrar como os personagens chegaram ali naquele ponto. Mesmo assim, o maior problema de Origins é a parte das lutas. Elas acabam sendo resolvidas com apenas um golpe e quase nenhuma chega a ser tão marcante quanto algumas do anime original.

Pokémon Origins (6)Ainda sim temos momentos muito bons, onde eles chegam a explicar coisas do jogo que nunca tinham sido mencionadas (como o fato do porque de líderes de ginásio começam fracos e terminam mais fortes ou se realmente Pokémon fantasmas são monstrinhos que morreram – inclusive a música da cidade de Lavender é um dos momentos mais marcantes do especial) e de certa forma completam aquele universo.

Fora que me identifiquei muito com o Red no início. Em uma cena em particular ele tenta capturar o Nidoran de um treinador com quem ele batalhava e eu me lembro de ter feito isso na primeira vez que eu tinha jogado. Outra que eu gosto bastante é o fato da Pokédex realmente só identificar os dados de um monstrinho se ele for capturado e não só apontando o visor para ele como no anime original. Fora as batalhas que são bem mais parecidas com o jogo e até uma foi cruel o bastante para me traumatizar.

Pokémon Origins (1)Comentários Gerais

Esse especial foi a melhor coisa relacionada ao universo de Pokémon que eu já vi em um anime da série, batendo toda a primeira temporada e até mesmo o filme do Mewtwo. Mas acalme-se. O problema é que esse meu pensamento provavelmente está envolto de muita nostalgia e eu não sei se pessoas que não tiveram toda a experiência que eu tive com os jogos iriam acabar gostando tanto ou até mesmo entendendo algumas partes. Durante todo o especial, o anime brinca com o seu sentimento nostálgico, seja com a música, com personagens e até mesmo cenas que para qualquer um não teriam nada de especial. Como roteiro, direção e como uma animação por si só talvez Pokémon Origins seja muito mais falho do que nosso senso de nostalgia possa nos fazer enxergar.

Pokémon Origins (7)Ainda assim recomendo para todos e espero que essa iniciativa não pare somente nessa versão do jogo. Melhor ainda, espero que esse especial faça tanto sucesso em vendas quanto está fazendo em discussões na internet e que mostre para as empresas que há uma demanda grande para um anime de Pokémon sem o Ash como protagonista. Quem sabe esse especial não seja o motivador para uma adaptação animada do mangá Pokémon Special? Um grande sonho que pode ter ficado mais perto de se realizar. Não custa sonhar um pouco.

Luk

Eu juro que gosto de animes, apesar de todo o meu haterismo.