Eu Recomendo #21 – Animações do século XXI

animaçõesrecomendoheaderDepois dos clássicos, chega a nova geração.

Quatro anos atrás eu escrevi um dos primeiros Eu Recomendo aqui no site, que teve como tema Filmes Clássicos da animação japonesa, onde o filme mais recente de tal lista era Perfect Blue, de 1998. Só clicar na imagem abaixo e conferir o post anterior.

eu recomendo filmes

Depois disso, sempre quis gastar um tempo para indicar os filmes mais novos, que também tratam de assuntos de uma maneira tão boa quanto aqueles 5 citados anteriormente. Infelizmente, por vários motivos, esse post nunca conseguia sair do papel. Muitos sempre procuram baixar coisas novas com a chegada das férias junto com falta do que fazer e as vezes a preguiça é grande para maratonar uma série.  Então agora é um ótimo momento para apresentar alguns filmes mais novos e que eu guardo recordações com muito carinho.

Lembrando que eu estou limitado no número de recomendações, fora que tem muita coisa que eu nunca assisti, então cabe a vocês leitores para completar esse post com suas dicas. Também é bom esclarecer que eu preferi recomendar um filme por diretor, então eu acabei escolhendo apenas os meus preferido por mais que eu goste de outras obras dele. Então sim, A Viagem de Chihiro não é o meu filme preferido do Miyazaki dessa época.

halHAL
Diretor: Ryoutarou Makihara
Ano de produção: 2013
Estúdio: Wit Studio
Duração: 60 minutos

O coração de Kurumi está estilhaçado após a morte de seu namorado Hal em um terrível acidente de avião. Ela não consegue mais ter forças para continuar vivendo sua vida sem seu amado e acaba desistindo do mundo. Mas a família, junto com um brilhante cientista chegam a conclusão que apenas uma terapia nada convencional poderia ajuda-la: a robô terapia. Eles transformam a aparência do robô QO1 em algo extremamente humano e o enviam para tomar conta da casa e da garota. Com o tempo, a ligação entre os dois vai ficando cada vez mais forte e aos poucos o passado do casal é revelado, mostrando que nem tudo são flores.

Hal foi o último filme dessa lista que eu assisti e fiz até um review sobre ele, só fui conhecê-lo em uma pesquisa para completar esse post. Para mim é uma injustiça tão pouca gente comentando sobre ele, que ainda merece ser indicado apesar de ser o mais fraquinho entre os listados aqui. Uma história interessante sobre vida e morte, com uma animação linda e o design de personagens que eu gosto bastante. O único defeito seria que ele é bem curto, eu realmente acho que uns 30 minutos a mais não fariam tão mal a história e poderia me ajudar a ficar mais ligado aos dois protagonistas.


kotonoha no niwaKOTONOHA NO NIWA – THE GARDEN OF WORDS
Diretor: Makoto Shinkai
Ano de produção: 2013
Estúdio: CoMix Wave Films
Duração: 46 minutos

Takao Akizuki é um colegial de 15 anos que está cada dia mais entediado com o seu cotidiano de precisar ir ao colégio e assistir aulas cada vez mais chatas. Seu grande sonho é ser um sapateiro, mas sua família (constituída de uma mãe melodramática e um irmão já adulto) não parece acreditar que ele vai conseguir alguma coisa com isso.  Em dias de chuva, o garoto sempre pega um desvio do seu caminho para a escola e acaba matando aula para ficar desenhando sapatos em um belo jardim no parque de Shinjuku. Lá ele encontra Yukino Yukari, uma mulher que também mata seu trabalho para ficar naquele mesmo lugar, bebendo cerveja e comendo chocolate. Em meio a época de chuvas no Japão, onde é quase certeza que todo dia a chuva vai cair sem trégua na cidade, os dois acabam se encontrando e aos poucos vão ficando cada vez mais próximos. Takao estava fascinado tanto pela mulher, quanto pela vida adulta que ela representava, já Yukino via nele as lembranças de uma juventude perdida e os seus erros do seu presente.

Eu não sou um grande fã do Makoto Shinkai, mas Kotonoha no Niwa me marcou  e me envolveu com muita força tanto por causa da sua arte maravilhosa e por causa de sua história. Eu tive grandes problemas de depressão quando era mais jovem e a minha história pessoal se relaciona muito com o enredo, tanto que no final eu acabei chorando bastante com certos acontecimentos.  Também fiz um review na época que assisti o filme e comento melhor sobre o assunto, mas já digo aqui que esse filme possui a melhor animação que eu já vi em toda a minha vida.


o castelo animadoHOWL NO UGOKU SHIRO – O CASTELO ANIMADO
Diretor: Hayao Miyazaki
Ano de produção: 2004
Estúdio: Studio Ghibli
Duração: 113 minutos

Sophie é uma jovem garota que trabalha na chapelaria de sua filha e não possui nenhuma ambição, sendo que ela acha que no final seu destino é apenas continuar trabalhando no mesmo lugar para sempre. Um certo dia ela acaba sendo importunada por alguns oficiais do exército e acaba sendo salva por um rapaz misterioso e muito bonito chamado Howl. Essa ação acaba atraindo a atenção da Bruxa do Nada, que movida por ciumes lança um feitiço que transforma nossa protagonista em uma velha. Sophie resolve sair de casa para quebrar essa maldição e isso acaba levando a garota a trabalhar no maravilhoso castelo voador de Howl, uma porta de entrada para um maravilhoso mundo mágico e novo.

Sim, O castelo animado para mim é um filme melhor que a viagem de Chihiro. Eu sei que essa não é uma opinião muito popular, mas eu gosto muito mais desse mundo mágico e toda a retratação da guerra em que o Howl acaba se envolvendo. É interessante ver como o modo que o enredo mostra as mudanças dos protagonistas com o passar do tempo, como a diferença entre a acomodada Sophie novinha e a versão mais velha dela que passa a confiar nela mesmo e ter muito mais iniciativa e como o Howl acaba parando de ser tão egoísta a medida que ele se relaciona com a garota. Mas enfim assistam ele e A Viagem de Chihiro, de resto infelizmente não curto muito dos outros trabalhos mais novos da Ghibli. (Joguem pedras pequenas por favor.)


ookamiOOKAMI KODOMO NO AME TO YUKI – AS CRIANÇAS LOBO
Diretor: Mamoru Hosoda
Ano de produção: 2012
Estúdio: Studio Chizu
Duração: 113 minutos

A história acompanha a vida de Hana, uma mulher que acaba se encontrando, apaixonando e casando com um homem que poderia se transformar em lobo chamado de Ookami. Hana acaba dando à luz a duas crianças, que possuem o mesmo tipo de “habilidade” do pai, a menina mais velha se chama Yuki e é super animada, enquanto o filho mais novo se chama Ame e é introvertido e fica doente com facilidade. Essa família acaba precisando sair da cidade grande após uma série de acontecimentos e se mudam para uma cidade do interior, onde Hana poderia cuidar deles com mais tranquilidade e aproxima-los mais da natureza.

Da lista esse é o meu filme e diretor favoritos, foi dificil deixar fora dessa lista 2 filmes que eu sou tão apaixonado: Summer Wars e Toki Wo Kakeru Shoujo. Wolf Children me conquista por causa da protagonista Hana, a definição de uma mulher extremamente forte e que passa por problemas absurdos por causa de seus filhos e se sacrifica sem culpar ninguém ou dar desculpas por não conseguir fazer certas coisas. O filme é dividido em duas partes, a primeira é mais sobre a criação das duas crianças e a segunda é mais sobre as escolhas de cada um. Se vocês procurarem podem achar esse filme dublado, eu acabei assistindo ele novamente na HBO e para mim está com uma dublagem excelente!


hotarutabiHOTARUBI NO MORI E – INTO THE FOREST OF FIREFLIES’ LIGHT
Diretor: Takahiro Omori
Ano de produção: 2011
Estúdio: Brains Base
Duração: 45 minutos

A história é centrada em Hotaru, uma garotinha que acaba se perdendo em uma floresta conhecida por ser povoada por espíritos. Um jovem rapaz chamado Gin se aproxima e a ajuda a encontrar a entrada da floresta, Hotaru acaba descobrindo que ele é um espirito e que possui uma maldição que o impede de tocar em qualquer um ser humano.  Nós acabamos acompanhando essa relação inusitada, como ela vai se modificando com o passar dos anos e como essa maldição pode se tornar algo horrível.

Hotarubi no Mori e foi um filme indicado por um colega durante um podcast que eu participei, uma história que sim é simples e rápida, mas ainda sim se torna muito marcante e emocionante. Enquanto em Hal eu senti que precisava de um pouco mais de tempo para me importar ainda mais com os protagonistas, em Hotarubi eles fazem de uma maneira tão perfeita que no fim eu já queria que a relação dos dois não fosse tão impossível.  Ainda me recordo de uma cena especifica em que eu realmente estava feliz e ao mesmo tempo estava triste, ainda mais ajudado por uma excelente trilha sonora e uma animação linda.


sword of strangeSTRANGER: MUKOU HADAN – SWORD OF THE STRANGER
Diretor: Masahiro Ando
Ano de produção: 2007
Estúdio: Bones
Duração: 103 minutos

Um ronin chamado de Nanashi (“Sem nome”) salva um garotinho chamado Kotarou e seu cachorro de um grupo de samurais que o perseguia, esse rounin nunca utiliza sua espada para matar e sempre a mantem selada com uma corda. Kotarou resolve contratar o rounin como seu segurança para protege-lo de uma milícia misteriosa da China que o perseguia.  Entre essa milícia está Rarou, um estrangeiro extremamente habilidoso, impiedoso e com uma sede de sangue absurda.  Nanashi acaba aceitando proteger o garoto, como uma forma de redimir seu passado e isso acaba o colocando no mesmo caminho do assassino de cabelos loiros.

Eu adoro como nesse filme eles demonstram os samurais com seus poderosos sensos de coragem, lealdade, confiança e com uma dosagem artística de muita violência. Confesso que faz um bom tempo que eu assisti ele pela última vez, mas ainda assim sempre me recordo das lutas fantásticas que estão bem distribuídas durantes os mais de 90 minutos de filme. Já comentamos sobre ele aqui lá no Cenas Marcantes #03 (que é um post tão antigo que o Dih chega a citar o falecido MSN) e nele temos para mim uma das melhores cenas de luta da história dos animes, a batalha final entre Nanashi e Rarou é espetacular e incrível e que merece ser vista por todos.


paprikaPAPRIKA
Diretor: Satoshi Kon
Ano de produção: 2006
Estúdio: Madhouse
Duração: 90 minutos

Em um futuro próximo, uma nova forma de psicoterapia é criada, onde os terapeutas entram nos sonhos dos pacientes através de um aparelho e os ajudam enquanto exploram o seu subconsciente. O problema que em mão erradas esse aparelho pode ser usado para propósitos errados, conseguindo até aniquilar a personalidade de uma pessoa enquanto ela sonha. Após alguns acontecimentos esse aparelho é roubado e cabe a uma renovada cientista e seu alter-ego chamado Paprika entrar no mundo dos sonhos e descobrir quem está por trás de tudo, antes que algo muito ruim aconteça.

Onde termina a realidade e começa o sonho? Paprika é um filme com uma história pesada, eu confesso que já assisti ele umas 3 vezes e até hoje não consigo entender ele muito bem. Ainda assim ele é mais uma obra prima de Satoshi Kon e está pau a pau com Perfect Blue para mim.  O filme vai caminhando para uma loucura absurda, onde a realidade e os sonhos se misturam e em nenhum momento você vai acabar achando a história monótona. E bem se algum de vocês conseguiu entender todas as plots, por favor comente aí e me ajude a entender todas as metáforas.


patemaSAKASAMA NO PATEMA
Diretor: Yasuhiro Yoshiura
Ano de produção: 2013
Estúdio: Purple Cow Studio Japan
Duração: 99 minutos

Um experimento científico dá errado e causam graves consequências para toda a humanidade. Conhecemos Patena, uma princesa de uma vila subterrânea e que possui uma grande paixão em explorar os inúmeros tuneis que ligam a pequena vila em lugares dos mais diferentes tipos. Seu lugar favorito é a zona perigosa, uma região em que todos os cidadãos são proibidos de entrar e mesmo assim a curiosidade de Patena é muito mais forte que qualquer bronca que os anciões poderiam dar. Só que em um momento a princesa encara uma série de eventos inesperados, que de uma hora para outra vão virar o seu mundo de ponta cabeça.

Talvez o filme com a plot mais bizarra desse post, não que isso seja ruim e claro que estimula em muito a curiosidade de quem está assistindo. Sakasama no Patema não é brilhante, mas eu me diverti muito durante o filme inteiro e minha cabeça explodiu como uma série de plot twists absurdos que apareciam durante o filme inteiro. É interessante você procurar e assistir sem saber quase nada sobre ele, certeza que não vai se arrepender.


redlineREDLINE
Diretor: Takeshi Koike
Ano de produção: 2009
Estúdio: MadHouse
Duração: 102 minutos

Em um futuro distante Redline é um dos programas mais populares do universo. Uma corrida mortal realizada de 5 em 5 anos e que basicamente não possui regras. O ganhador conquista não só muito dinheiro, ele ganha também fama e reconhecimento por todo lugar que vai e é com isso que muitos corredores sonham em chegar. E finalmente, após muito tempo de espera,começam as qualificações para a tão famosa corrida e que vão selecionar os melhores pilotos de todo o universo.É em uma dessas qualificações que conhecemos o protagonista da nossa história, JP ou o também conhecido pelo apelido Sweet JP, já que não usa armas e acredita que a corrida não deveria ser uma guerra. Ele tem um carro totalmente modificado e caro, um dos motivos que seu mecânico precise combinar corridas e até mesmo evitar que ele as ganhe para conseguir pagar seus fiadores. Como será a vida de JP dentro da RedLine?

Redline é um filme extremamente divertido e que não deve ser levado tão a sério. É aquele tipo de programa que você quer buscar quando só está afim de se divertir, sem tentar pensar muito na história e quer mais ver uma ação totalmente maluca e sem sentido nenhum. O plot do filme está lá mais como uma desculpa para o diretor Takeshi Koike extravasar e colocar uma corrida que deixaria o clássico Corrida Maluca no chinelo, indo de homens máquinas, até um bebê gigante ameaçador e assustador. Mais do que recomendado, tem até review!


kaguya himeKAGUYA-HIME NO MONOGATARI
Diretor: Isao Takahata
Ano de produção: 2013
Estúdio: Studio Ghibli
Duração: 137 minutos

A história mostra Okina, um cortador de bambu que encontra uma menina dentro de um talo de bambu. Okina decide leva-la para casa, já que ele acredita que a pequena princesa seja um presente dos deuses e decide cria-la como sua própria filha ao lado de sua esposa, Ona. A menina cresce rapidamente e as crianças da região acabam a apelidando de Pequeno Bambu pela sua evolução em tão pouco tempo.

Para quem não se lembra Isao Takahata é o mesmo diretor de Túmulo dos Vagalumes e volta mais uma vez a fazer um filme na Ghibli; e me encantar do início ao fim. A primeira coisa que você pode notar é o estilo da animação que eles escolheram fazer, algo mais cru e que parece uma pintura em aquarela em movimento. Em certos momentos chegam a ficar bem minimalistas acompanhando o tom da cena. A história e a protagonista me deixaram apaixonado! Uma das marcas mais conhecidas da Ghibli é possuir uma protagonista feminina extremamente forte. A parte musical é maravilhosa, ainda mais nas partes em que elas são cantadas pelos personagens. Talvez minha única reclamação seja o final, mas o diretor seguiu fielmente o  Conto do Cortador de Bambu e aí não é culpa dele…

Luk

Eu juro que gosto de animes, apesar de todo o meu haterismo.