A JBC ataca novamente com mais um título do mestre Takeshi Obata.
“Viva. Morra. Repita.”
“A morte é inesperada. É rápida. E impiedosa.”
All You Need Is Kill é jogar no certo.Baseado na novel homônima que recebeu uma adaptação hollywoodiana chamada Edge of Tomorrow (em português, “No Limite do Amanhã”), a obra foi lançada pela editora JBC primeiro em 2014 – em duas edições no formato tankobon – e em 2015 – em uma edição especial 2 em 1, em offset, com páginas coloridas, laminação fosca e verniz localizado na capa. De sobra, a obra foi desenhada pelo mesmo desenhista de Death Note, Bakuman e Hikaru no Go, Takeshi Obata.
Apesar de seinen, All You Need Is Kill muitas vezes passa a impressão de ser um “shounenzão de porrada” graças a narrativa, mas depois ele acaba demonstrando um tom mais pesado por conta de seu roteiro e arte.
A HISTÓRIA
Os humanos estão em guerra com seres chamados de “Mimetizadores”, ao qual não se sabe absolutamente nada, apenas que querem destruir a Terra. No meio disso temos Keiji Kiriya, um recruta que está prestes a encarar a sua primeira batalha. Antes desta batalha, Keiji acorda desesperado depois de um sonho onde é dizimado junto com os seus companheiros pelos Mimetizadores. Ele achava que era apenas um sonho, mas aquela havia sido a sua primeira morte. Keiji está em um looping. Toda vez que morre acaba voltando ao momento em que acorda. Como sair dessa?
CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS
História original de Hiroshi Sakurazaka, roteiro de Ryosuke Takeuchi e desenhos de Takeshi Obata, All You Need Is Kill foi lançado semanalmente na revista Young Jump (Gantz, Terra Formars, Tokyo Ghoul, Elfen Lied, Zetman) no ano de 2014, totalizando 17 capítulos compilados em 2 volumes e publicado no Brasil pela Editora JBC em dois formatos.
Durante a primeira leitura, pela internet, certos pontos da narrativa e do roteiro ficaram confusos, quem sabe pela tradução/adaptação. O que não aconteceu na segunda, já que tudo ficou mais claro e consegui entender certos plots e contextualizações, ainda mais falando na parte narrativa. Tentem uma segunda leitura se isso também afetou sua leitura, a obra ficará mais interessante. Durante esta, você pode acabar interpretando o final de maneira diferente, o que acaba tornando a série mais rica e proveitosa.
O primeiro capítulo já te prende muito bem. Com a ação, narrativa e principalmente a dúvida de “onde o autor quer chegar”. Durante o primeiro volume é explicado o desenvolvimento de Kiriya como um guerreiro, a maneira que ele começa a enxergar as “mortes” e como fará pra ficar cada vez melhor no campo de batalha. Um ótimo início.
As mortes são sempre insanas e muito bem desenhadas. Impactantes a nível de você esquecer do loop e achar que o personagem realmente morreu ali. Além disso, elas são tratadas de uma maneira bem diferente neste mangá, já que você começa a não se preocupar mais com elas em certo ponto. Isso de certa maneira é intrigante. Principalmente nos últimos capítulos.
O que me incomodou bastante são os “Mimetizadores”. Não há explicação nenhuma sobre o que eles são, ou porque eles estão atacando a Terra. Isso acabou me frustrando, já que era uma das coisas que mais me atraiu na série. Tanto no mangá, quanto no filme, você é colocado do nada dentro dessa guerra e não há nem uma explicação sobre isso? Particularmente não gostei, acho que poderia ter sido mais explorado. Isso pode ter acontecido graças a limitação de ser uma mini-série. Já no livro, essa explicação deve existir e, quem sabe, a história comece de uma maneira diferente.
A série é bem fechadinha, mas apenas dois volumes acabam “prendendo” o desenvolvimento de várias coisas. É tudo muito rápido e corrido em certos momentos, como o “carinho” de Kiriya por Rita, que até agora não consigo ver de onde surgiu tudo aquilo. Graças a isso, você acaba não se importando tanto com os personagens. A história não é “profunda”; ela é simples e direta.
Mas onde a obra realmente brilha é na ação, digna de um filme hollywoodiano. O traço de Takeshi Obata é um dos mais conhecidos e aclamados dos mangás atuais. Aqui ele não faz diferente. Cenas desenhadas com todos os detalhes possíveis são de encher os olhos a cada virada de página. Desenho sensacional, limpo, sombreamento, cheio de detalhes, com ótimos ângulos. Tudo isso faz com que as cenas de ação sejam fluídas, bem trabalhadas e “entendíveis”. Ouviu Kishimoto?
A EDIÇÃO NACIONAL
Todas as obras recentes de Takeshi Obata são lançadas no Brasil pela JBC, então esse era só uma questão de tempo. Death Note é um dos, senão o título mais importante da JBC, nada mais justo que a editora continue apostando (maneira de se falar, porque hoje em dia quase não é uma aposta) em obras do mestre.
A primeira edição foi lançada no formato pequeno (12x18cm) que a JBC vem utilizando, que é bem simples e se aproxima do formato japonês. Essa primeira edição foi lançada em papel jornal 52h, ou papel brite para os mais “técnicos”, com capas internas coloridas e capa espelhada, 218 páginas – naquela época onde os mangás da JBC tinham um excelente papel, denso, com uma boa alvura e quase sem transparência que dava gosto de ler. Já a edição especial, que é dois em um, foi lançada em um formato maior, com 434 páginas, igual aos relançamentos de Éden e Blade, com páginas coloridas em couchê brilhoso, papel offset e capas com laminação fosca e verniz localizado nas gotas de sangue na logo. Esse papel tem sido utilizado pela JBC constantemente, cada vez mais e mais, porém não acho que ele seja um sinônimo de qualidade, já que em certos casos ele pode ser até pior que o brite. No entanto, nessa edição o papel sofre um pouco de transparência, mas nada que atrapalhe a leitura, fazendo com que os desenhos encham os olhos.
Ambas edições foram traduzidas por Edward Kondo, que traduziu Hikaru no Go, outra obra que o Obata desenha, além de Magi e Nura. Algo curioso é o tempo que se passou para o relançamento da edição especial. Foi apenas um ano entre as duas publicações, ambas durante a CCXP dos seus respectivos anos. Um período bem curto de tempo para uma republicação, ainda mais sabendo que as duas edições da versão “normal” não estavam esgotadas. Claro, o cuidado foi maior, a edição é mais bonita e as pessoas ficaram mais tentadas a um “volume único”, mas não tem como sabermos se foi uma boa jogada da editora. Não vi nenhum erro de revisão na primeira edição, já na segunda achei um, de digitação; já as adaptações, em sua maioria, se encaixam perfeitamente com o contexto do mangá.
COMENTÁRIOS GERAIS
All You Need Is Kill é uma obra simples, que no quesito roteiro e história não tem nada acima do normal. A beleza da obra está na arte e nas cenas de ação que sempre te deixam empolgado.
“Mas vale a pena ler?”
Claro que vale. O tempo vai passar rápido, e quando você terminar, vai ficar chateado por não ter outro volume. As páginas vão passando e você vai ficando cada vez mais maravilhado com as cenas de ação e a rapidez com que seus olhos vão se deslocando de desenho pra desenho, de quadro pra quadro, de página pra página. Porém a obra tem seu “calcanhar de Aquiles”: o roteiro e a falta de espaço pra desenvolver melhor a história.
Graças aos desenhos de Takeshi Obata e a adaptação da novel para um filme, All You Need is Kill acabou ganhando uma atenção muito acima do normal e fazendo um ótimo sucesso – chegando no Brasil durante o mesmo ano em que começou e acabou no Japão. Para aqueles que assistiram o filme, ou pretendem assistir: são obras bem diferentes, tendo poucas coisas iguais no roteiro, inclusive o final. Podem correr atrás de ambos que valerá a pena.
All You Need Is Kill cumpre aquilo que prometeu, uma história despretensiosa sem nada “mirabolante”, cheia de ação, um excelente ritmo e lindos desenhos.
FICHA TÉCNICA
Título: All You Need is Kill (オールユーニードイズキル)
História Original: Sakurazaka Hiroshi
Roteiro: Takeuchi Ryousuke / Arte: Takeshi Obata
Editora: JBC
Total de volumes: 2 volumes ou Edição Definitiva
Valor: R$ 12,50 ou R$37,80
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Pontos Positivos
- Desenhos impecáveis;
- Ideias interessantes, apesar de serem mal exploradas e executadas;
- Melhor que muitos filmes de ação.
Pontos Negativos
- Personagens sem carisma, incluindo os protagonistas;
- A história acaba sendo pouco trabalhada por ser curta;
- Final que divide opiniões, tanto em qualidade, como nos acontecimentos, já que tudo parece apressado.
Nota: ★★★