Um toque de Chica Umino em nossas vidas.
Sangatsu no Lion
(3月のライオン)
Episódios previstos: 22 episódios // Estúdio: SHAFT
Gênero: Aventura, Esportes
Site Oficial // Trailer // My Anime List
Estreia: 08 de Outubro
Expectativa: ★★★★
Rei Kiriyama é um garoto que começa a viver sozinho financiado por seu salário como um jogador de Shogi profissional. Seu relacionamento com sua família é tensa, e ele tem dificuldades de interagir com seus colegas do ensino médio. Enquanto isso, a carreira profissional em Shogi entra em uma recessão, sobrecarregado com as expectativas pesadas colocadas sobre ele. Próximas a Rei estão as três irmãs Kawamoto: Akari, Hinata, e Momo. Ao contrário de Rei, eles vivem felizes em sua casa modesta, que acolhe Rei com satisfação como se ele fosse um dos seus próprios. Ele frequentemente visita a família, interagindo com eles e recebendo o tipo de cuidado e carinho que ele nunca teve. Esta é a história de triunfos de Rei, bem como seus fracassos, relacionamentos novos e antigos, e seu crescimento como pessoa.
Assim que a temporada havia sido anunciada, eu tinha a certeza de que não conseguiria acompanhar muita coisa. Fiz uma escolha aqui ou ali, e minha única convicção é que eu teria que acompanhar Sangatsu no Lion. E os motivos não são lá muito difíceis de entender. Honey & Clover está na lista de meus mangás favoritos, e poder ver uma nova obra da autora me deixa realmente empolgado. Sangatsu no Lion possui uma recepção extremamente positiva no Japão, o mangá está sempre entre os mais vendidos… Enfim, é muito complicado falar sobre algo em que suas expectativas já estão lá no alto.
Mas eu decidi fazer algo diferente: assistir o anime sem saber absolutamente nada sobre a trama antes. Não li o mangá, não pesquisei sinopse (embora a tenha visto depois de assistir a série) e realmente não sabia o que esperar a produção. Exceto, é claro, que o anime seria produzido pelo estúdio SHAFT, o mesmo de Madoka, Monogatari e Nisekoi. O que já teríamos a certeza da “identidade” do estúdio na produção, e que não sei dizer se é algo que me deixa feliz ou não. Fico um pouquinho incomodado com o toque tãããão “SHAFT” que o estúdio deixa nas obras de vez em quando, mas enfim.
O difícil mesmo será falar para vocês desse episódio. Porque eu realmente não sei o que eu vi, o que eu senti, o que eu ouvi. A primeiro momento, só posso dizer que é um anime difícil. Ele é forte, pesado e que gera extremo desconforto em muitos momentos. Me sentia desviando a atenção a todo momento porque era como se eu sentisse toda aquela apreensão que o personagem principal estava sentindo durante toda a passagem que foi exibida na primeira metade da animação. E isso é algo ruim? De forma alguma. O anime consegue te prender de uma forma absurda, instigado a descobrir o porque de cada lágrima derrubada pelo protagonista e o motivo de ele estar ao lado daquela família, tentando superar um trauma ou medo que ainda não nos foi totalmente passado. Ser forte e pesado nesse caso é um elogio. A carga emocional transbordada pela direção, pela fotografia, pelo character design (que apesar de não ser o mesmo responsável, lembra muito o de Honey & Clover, preservando muito das características da autora) e pela trilha sonora… sem palavras!
A trilha sonora é um dos pontos fortes dessa animação, e não posso deixar de falar das músicas de encerramento e abertura pelo BUMP OF CHICKEN. “Answer” e “Fighter” se complementam e ajudam ainda mais a emergir o espectador no meio da série. Também precisamos falar de um trabalho magnífico dos dubladores Kawanishi Kengo (o Satou de Shokugeki no Souma) e do trio Kayano Ai, Hanazawa Kana e Kuno Misaki. Tudo parece estar em muita harmonia nessa série. Toda composição, cada diálogo, cada cena traçada e cada corte. Fica difícil não tecer elogios. Todo o medo que eu tinha de início com o SHAFT simplesmente desapareceu neste primeiro episódio. A identidade da série não é do estúdio, e sim da autora.
Em cerca de 20 minutos de episódio, pouco da história foi realmente revelada para o público. Digamos que 80% do que vemos são apenas suposições que conseguimos fazer baseado naquilo que foi demonstrado em flashes, em personalidades e em sentimentos. Sabemos que Rei é um jogador de shogi profissional que alcançou esse status mesmo sendo apenas um estudante. Sabemos que sua família é ausente. E sabemos que a família que mora próxima a ele – composta das adoráveis Akari, Hinata e Momo – são o que ele tem mais próximo para considerar como “carinho verdadeiro”. E isso foi o suficiente para se apaixonar! Chica Umino tem uma sensibilidade em sua narrativa que é difícil descrever, e mesmo sem ter lido o mangá de Sangatsu, sinto que o estúdio fez o melhor possível para transmitir isso da mais pura forma. Toda a inocência das personagens, o drama de Rei, os pequenos gestos do dia a dia, os flashbacks… Também adorei a ferramenta de dividir o episódio em duas metades. Consegui sentir o feeling exato das duas metades, e isso ajuda a não demonstrar ao espectador uma quebra abrupta de personalidades entre os sketches apresentados.
Te garanto que dificilmente você não vai ficar doido pelo próximo episódio depois de assistir esse primeiro. Sangatsu no Lion apresentou uma estreia convincente, forte, e que ditou em muito a identidade da obra logo de cara. Se você gosta de dramas, slice of life e um clima que consegue te dar um mix de alegria e tristeza, com certeza este será o anime para você. Pretendo acompanhar até o fim, sem pensar duas vezes. Vamos torcer para que os próximos episódios cumpram toda a expectativa.