Aho-Girl #1 – Vocês (Não) Merecem Um Anime Assim

Precisamos aprender a respeitar o próximo.

Quando comecei a escrever no Chuva de Nanquim, sempre tive em mente um objetivo: falar das coisas que eu gosto, apresentar para outras pessoas e dizer minha opinião sobre  que consumo frequentemente. Nesse tempo, muita coisa mudou. Meu modo de pensar em relação a críticas, a forma como escrevo minhas postagens e também o modo como agia em relação ao meu público. Uma dessas mudanças, e que considero a essencial, é: não julgar a inteligência de ninguém.

Não é por gostar mais ou menos de um anime, de achar que uma série é fantástica ou horrível, que isso deva ser levado como verdade universal. Pior ainda: não é por pensar qualquer coisa em relação ao meu material consumido, que devo levar isso adiante como métrica para classificar um público entre “inteligente” e “burro“. Cada pessoa tem um gosto, cada um se identifica com algo, com um gênero, com um tipo de produto.

Isso significa que eu não possa criticar algo? Claro que não. Como disse no começo, eu uso esse espaço para expressar minhas opiniões, minhas ideias e os meus pensamentos sobre o que eu gosto ou não. Cabe a vocês adquirirem o próprio nível de crítica. Aqui você será bem recebido para uma discussão e um confronto de ideias.

E por que estou falando tudo isso? Porque esse anime é o mais singelo significado do “ame ou odeie“. E porque nós não merecemos um anime tão bom como Aho-Girl.


IMPRESSÕES DO EPISÓDIO

Logo de cara, Aho-Girl já é uma surpresa pessoal. Por algum motivo, resolvi encarar os animes “mais curtos” da temporada, como esse que os escrevo e Tsurezure Children. Nunca fui muito fã do formato, mas acho que tá na hora de deixar esse tipo de pensamento bobo de lado, não é? Por enquanto, nenhum arrependimento, afinal, ambos me conquistaram – cada um por um motivo diferente.

Primeiro: simplicidade. A fórmula de Aho-Girl não é nem um pouco inovadora – muito pelo contrário. O negócio é colocar Akuru e Yoshiko, os protagonistas, em situações extremas e muito non-sense. Cada tapa, soco, cadeirada e cena idiota que Akuru aparece é ao melhor estilo pastelão, no bom e velho estilo de “Os Três Patetas”. A paixão de Akuru por bananas é quase tão marcante quanto a de Kel por refrigerante de laranja – e talvez muitos de vocês nem saibam mais de quem eu esteja falando.

Claro que para alguns o negócio vai parecer eternamente repetitivo, mas justamente um dos trunfos da série é ser bem curtinha, com metade da duração de um episódio normal. Talvez isso tenha me ajudado a aproveitar ainda mais toda a produção. Boba. Escrachada. Aquele tipo de coisa que você se pergunta por que diabos está rindo tanto! Tão “ruim” e tão bom!

Desde Azumanga Daioh, sempre estive em busca de um sucessor neste estilo de adaptação de 4-koma. E sempre falhando miseravelmente nas escolhas. Tentei Nichijou e dezenas de outros que juravam ser incríveís e nenhum deles me cativou. Até que um dia, um conhecido me disse algo do tipo “o humor não é igual pra todo mundo”. E de fato! O que eu acho extremamente divertido pode ser maçante pra você, pra qualquer um – claro que existe uma linha tênue entre o humor, o bom senso e ofensas, mas isso não é tema para esse post. Ainda.

O título deste post nada mais é que uma brincadeira dupla. Aho-Girl é bom demais! Tão bom que nem todos merecem ele. Não por ser “grande demais para mentes pequenas”, mas por não atingir todos da mesma forma. Para mim, é a melhor comédia da temporada no sentido literal da palavra.

Com uma produção redondinha, animação que não compromete em nada, personagens carismáticos e piadas que vão te fazer despertar aquela quinta série interior, Aho-Girl acaba se tornando um anime para você desencanar de algo profundo ou elaborado demais. Às vezes, devemos parar e pensar que existem materiais pra todos os momentos, e que ele não servir pra você não o torna automaticamente ruim.

PS: Brincadeira, Aho-Girl é muito bom sim. Você que não gostou que é chato demais.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Aho-Girl é uma mistura de tudo que há de bom e de ruim no mundo. Ou tipo isso. Brincadeiras a parte, é o tipo de anime que definitivamente não vai agradar todos, que vai gerar uma chuva de ódio e julgamentos de gostos alheios. Mas quando não estamos sujeitos a isso, não é mesmo? Eu fico com a garota que gosta de banana no meu time, porque os poucos minutos que tenho semanais com ela são realmente relaxantes e divertidos.

Talvez estejamos todos ficando muito velhos para certas coisas…

…ou talvez só estejamos buscando em materiais totalmente aleatórios como esse, a função de “desligar o cérebro” que precisamos em nossas rotinas corridas por aí. Aho-Girl remete a um tempo em que eu não me importava com nome de staff, com estúdio ou com a opinião de ninguém para decidir o que eu deveria ou não levar como algo bom para o resto da minha vida. O simples fato de poder rir e me sentir um pouquinho mais leve já é um dos fatores que mais posso levar em consideração nesta exibição.

Ou seja: eu sou só mais um jogando palavras do meu gosto para vocês. Isso vai mudar algo? Não.

Aho-Girl vai continuar sendo bizarramente um anime que não parecemos merecer.

Dih

Criador do Chuva de Nanquim. Paulista, 31 anos, editor de mangás e comics no Brasil e fora dele também. Designer gráfico e apaixonado por futebol e NBA.