Até que ponto o amor por alguém pode chegar? Descubra nessa mistura de paixão e medo.
Hoje farei um breve review do mangá de Le Portrait de Petite Cossette (O retrato da pequena Cossette, em francês), baseado num OVA de mesmo nome. O mangá é um seinen de somente dois volumes publicado em 2004 e conta a trágica história de amor de uma alma perdida. O mangá foi publicado nos Estados Unidos pela editora TokyoPop (que eu utilizei para fazer essa postagem) e seria uma ótima pedida para a Panini, que costuma publicar títulos curtos de apenas 2 volumes. Quem sabe não é? Mas enfim…
Antes de começar, queria dizer que é a primeira vez que escrevo algo do tipo, então peguem leve, hehe.
A história
Le Portrait de Petite Cossette conta a história de Eiri Kurahashi, um estudante comum de artes que trabalha meio período numa loja de antiguidades. Essa loja possui uma misteriosa pintura, um quadro amaldiçoado cujo rumor diz que todos os seus donos anteriores morreram de maneiras bizarras. Eiri estava prestes a descobrir que isso era verdade, pois o novo dono do quadro, que recém o havia comprado, foi encontrado morto – suicídio. Não obstante, Eiri se depara com o fantasma de Cossette, a garota da pintura amaldiçoada, aparentando ter uns 14 anos apenas; com seu triste olhar a pequena menina pede por ajuda. O garoto parece se comover bastante com a inocente Cossette e decide ajudá-la. Não fica exatamente claro do que Cossette precisa, mas ela diz que são os seus pertences de quando era viva que estão causando essas misteriosas mortes, assim Eiri e Cossette começam sua busca pelos artefatos amaldiçoados para evitar que mais pessoas morram. Isso, claro, era apenas uma desculpa e mais tarde é descoberta a verdade por trás disso. Mas não entrarei em detalhes agora.
No decorrer dos capítulos, conforme o protagonista vai juntando esses artefatos ele começa a presenciar alguns acontecimentos do passado de Cossette, como se ele mesmo estivesse vivendo aquele momento. A primeira dessas visões que Eiri tem é de cara o assassinato da garota. Assim, no decorrer de sua busca, vemos como eles vão ficando mais próximos um do outro: de um lado Eiri que apenas quer ver Cossette sorrir, e do outro a pobre fantasma que parece se preocupar com Eiri colocando sua vida em risco para ajudá-la.
Então se dá a premissa da série, qual é afinal o passado trágico por trás da Cossette? Por que ela precisa de ajuda? Qual a ligação de Eiri com toda essa história e por que ele é capaz de ver a pequena Cossette?
Opinião geral
Bom, eu gosto bastante de séries de terror e Le Portrait de Petite Cossette com certeza é uma ótima pedida aos fãs do gênero, se você ainda aprecia um pouco romance, melhor ainda. A série é curta e objetiva, prende o leitor. Eu estava com problemas de estar sem vontade de ler mangás e demorando demais para ler as séries que tenho (culpa de Black Bird), mas Cossette me fez ir lendo e me deixando com vontade de saber o que ia acontecer no próximo capítulo. Talvez somente não seja assim logo no início quando o mangá ainda está focado na busca pelos objetos amaldiçoados, mas logo o passado da Cossette começa a ser revelado e é bastante intrigante.
O traço da autora (Não consegui confirmar o sexo da pessoa, creio que seja uma mulher) é algo à parte, o modo como ela desenha as cenas mais tenebrosas da série é de espantar, o psicodelismo presente em algumas cenas da mente do protagonista, e o principal: Cossette. É impossível não se encher de compaixão ou ficar tocado pela tristeza que a garota transborda, sempre com seu olhar cabisbaixo ou derramando lágrimas. Mas nem tudo no traço é perfeito, claro, os cenários, apesar de detalhados quando retratando imagens do período vitoriano, são um pouco… Como posso dizer, parece que foram feitos um poucos às pressas, as linhas são muito tremidas – parece faltar um certo capricho.
Outro ponto que gostei nessa série foi talvez a forma meio distorcida como eles retratam o amor, e até que ponto você pode ir por amar alguém – a influência do medo nisso. Mas para comentar o porquê disso eu precisarei dar spoilers sobre o final da série. Portanto, se você se interessou pelo mangá e quer saber o que se esconde por trás das lágrimas da Cossette aconselho a ler o mangá. Posso garantir que o final é bastante surpreendente.
A partir de agora vou falar alguns spoilers da série, incluindo o seu desfecho. Então leia por conta e risco!
As coisas começam a esquentar no mangá lá pelo final do primeiro volume/início do segundo, onde nos é esclarecido como e quem matou Cossette. Marcello era um pintor que começa a conversar com a pequena garota e deseja pintá-la em um retrato. A partir daí eles começam a passar bastante tempo juntos, o que acaba até por ocasionar alguns comentários sobre o estranho relacionamento dos dois. Mas ainda sim Marcello queria fazer um retrato de Cossette, porém havia um problema: ele não conseguia encontrar a cor da garota, a cor que a representasse por completo. Acho que já dá pra imaginar que ele encontrou a cor, e que cor seria essa, não é mesmo? Sim, um profundo vermelho cor de sangue. Marcello assassina Cossette em nome de sua arte, sua obsessão e sua loucura. Isso nos é mostrado, assim como todas as cenas do passado da Cossette, pelos olhos de Eiri, porém com dicas adicionais nos dando a primeira das respostas da trama: Eiri na verdade é a reencarnação de Marcello, daí suas visões! E as revelações não param por aí, agora as verdadeiras intenções de Cossette são reveladas: ela quer matar o Eiri. Mas vamos com calma, nem tudo é entregado mastigado na série então temos que pensar um pouco.
A verdade é que Cossette estava juntando aqueles artefatos do início pois eles eram necessários para fazer um ritual, um ritual para que Eiri e Cossette possam ficar juntos pela eternidade. Mas como acontece esse ritual? Sacrifício, o protagonista precisa tirar a própria vida e para obter isso Cossette se revela uma garota um tanto perversa e tenta seduzi-lo, ele também está apaixonado por ela, mas será que a ponto de abandonar a própria vida?
Esse é o ponto que as coisas ficaram um pouco estranhas na minha mente, pois Cossette não queria vingança por ter sido morta por Marcello, ao contrário, ela parece amá-lo (o que me pareceu um amor meio doentio) e quer ficar junto dele para sempre. Por isso ela tem vagado pelo tempo – 250 anos, mais especificamente – procurando as próximas vidas de Marcello e tentando convencê-lo de fazer o ritual, compactuando seu amor. Foi justamente daí que veio meu espanto pois eu acreditava que o que Cossette queria vingança.
Apesar de já ter contado praticamente todo o mangá, não vou dizer se no final Eiri e Cossette fazem o ritual, apenas vou terminar o post com a frase que Cossette usa para encerrar o mangá:
“Quem me amará o suficiente para sacrificar sua própria vida?”
por Trunks