Review – O Mundo em miniatura de Karigurashi no Arrietty

O filme japonês com a maior arrecadação no Japão em 2010 finalmente chega para os otakus do ocidente.

Eu tenho sempre uma grande expectativa com todos os filmes que o Estúdio Ghibli faz e talvez isso seja um grande problema, já que é muito difícil superar todos os meus desejos para uma grande animação. Aconteceu isso com o último filme do mestre Hayao Miyazaki. Ponyo não é um filme ruim, mas não conseguiu me agradar de maneira nenhuma na primeira vez que assisti. Eu fiquei extremamente decepcionado com a animação porque esperava demais da história, porém assisti de novo esses dias na HBO e vi que não foi tão ruim assim.

Agora chega finalmente o último filme do estúdio, Karigurashi no Arrietty, marcando a estréia do diretor Hiromasa Yonebayashi. O filme fez bastante sucesso no Japão em 2010 e depois de alguma espera, finalmente se tornou acessível para o público ocidental graças aos atuais meios de comunicação. Será que é um bom filme e que conseguiu passar por essa barreira rabugenta que esse redator acabou levantando depois de Ponyo?

A história

O filme foi baseado no livro The Borrowers escrito pela inglesa Mary Norton e conta a história de Arrietty e seus pais. Eles fazem parte de uma raça de pequenas pessoas que possuem apenas alguns centímetros de altura. Seu pai acha que eles são os últimos de sua raça, já que não encontram outros do seu tipo há muito tempo, alguns até podem ter sido capturados por humanos e por isso eles evitam o contato.

Para sobreviver, seu pai vai até a casa dos humanos e pega algumas coisas que eles não vão perceber que sumiram, como um cubo de açúcar ou um alfinete que caiu atrás do armário (será que é assim que as canetas e borrachas somem?). Arrietty está chegando a idade de ir com o pai nessa aventura, mas um grande problema se aproxima: O sobrinho da dona da casa.

O sobrinho se chama Sho, um garoto que possui uma doença e que foi para a casa da tia para descansar. Ao chegar na casa ele repara que o gato está atrás de algo no jardim e acaba vendo Arrietty de relance ao se aproximar. Acontece que isso pode causar um grande problema aos pequeninos que podem ter sua vida em risco por causa desse pequeno encontro.

Considerações Técnicas

A primeira coisa que vocês vão perceber é a quantidade de detalhes que estão presentes na animação, muito mais ressaltado na casa da Arrietty: as paredes são repletas de folhas, flores e o quarto tem todo tipo de coisa que você já deve ter perdido na sua vida (o finzinho do lápis, taxinhas e outras coisas). Esse nível de detalhes já é uma marca do estúdio, que em animação nunca deixou a desejar.

Outra coisa que deve ser destacada é a trilha sonora da francesa Cécile Corbel, que combina totalmente com o clima da história, é extremamente bonita e eu particularmente dou destaque para a música ao fim. Mas vamos partir para a história que é o mais importante. Não adianta ter uma animação boa e uma trilha sonora agradável se a história for uma porcaria.

A história de Arriety pra mim é a parte mais fraca no filme, não que seja ruim mas pra mim ainda faltou algumas coisinhas que não a torna excelente. Os primeiros 40 minutos do filme mostram mais ou menos como é a vida dos pequeninos terminando em um certo ponto. Pra mim estava ótimo mesmo em um ritmo que pode ser considerado lento para alguns (adoro esse tipo de coisa). A segunda parte já é um pouco movimentadinha, deixando parecer que falta alguma coisa… O plot parece um pouco mal trabalhado e termina em um final completamente aberto, onde parece que dá abertura para uma continuação que nunca deverá vir. Eu acho que gostaria mais do filme se ele tivesse tomado um rumo mais “slice of life”.

A partir daqui vou contar alguns spoilers do filme, então não leiam se você não viu.

As coisas que eu mais senti falta na história tem relação com a “vilã”, a velha empregada da família. Ela tem alguma coisa contra os pequeninos que não foi explicada direito, a própria patroa comenta que a família os respeita e espera sua volta, mas parece que ela os quer capturar por algum motivo não explicado, só dizendo que são pequenos ladrões. E ao final? Não sabemos o que aconteceu com os protagonistas. Sho sobrevive a cirurgia e Arriety conseguiu achar um novo lugar pra viver?

Comentários Gerais

Arrietty não é o melhor dos trabalhos do Estúdio Ghibli, mas isso não quer dizer que o filme é ruim, longe disso, uma história descompromissada e uma animação extremamente bonita. O filme possui um ritmo um pouco mais lento, podendo causar um pouco de desconforto para quem está acostumado com filmes mais frenéticos. O único ponto fraco seria o final que termina sem um “fim”, deixando tudo um tanto aberto demais e deixando um sentimento de faltou alguma coisa. O chamado “vilão” também não é bom.

Enfim: recomendado a todos. É um bom jeito de passar o tempo em um fim de tarde com seus pais ou com a namorada que tem um preconceito com animes. Ainda espero poder assistir filmes desse estúdio no cinema… Infelizmente temos que esperar uma possível exibição nos EUA para pensarmos em ter alguma chance de se passar no Brasil. E olhe lá. Uma pena pois ver Arrietty com um som decente e uma imagem incrível seria uma experiência maravilhosa e digna para a qualidade do filme. E que venha Kokuriko-Zaka Kara, o filme de 2011 que só deve chegar em 2012 para a gente!

por Luk

Luk

Eu juro que gosto de animes, apesar de todo o meu haterismo.