Comentando – Primeiras Impressões: Magi #01

“Peitos” deve ser o pensamento do Aladdin na imagem acima.

Quando foi anunciada a tão esperada animação de Magi, a primeira grande expectativa foi saber o estúdio responsável pela mesma. Ao ser divulgado que o A1-Pictures seria o encarregado da adaptação, logo vieram a mente duas séries populares que conseguiram uma visibilidade maior devido ao seus animes: Fairy Tail e Ao no Exorcist. No caso do primeiro, a série animada popularizou – e muito – o mangá no Ocidente, onde já era relativamente conhecido. Quanto a Ao no Exorcist o sucesso foi ainda maior: o mangá simplesmente se tornou um dos mais famosos da atualidade no Japão, mesmo contando apenas com 25 episódios e um final totalmente alternativo ao apresentado nos quadrinhos.

Magi tem um potencial tão grande quanto os animes citados acima. Contando com o aperitivo de um tema envolvendo os mitos das famosas 1001 Noites, com Aladdin, Alibaba e diversas outras, a série conseguiu destaque nas páginas da revista semana Shounen Sunday e foi promovida para tentar conquistar seu público. A missão do A1-Pictures não é fácil, mas também não é algo que possamos simplesmente ignorar. Depois de um primeiro episódio empolgante, apaixonante e visualmente super atrativo, não é demais dizer que as editoras nacionais deveriam se mexer bem rápido para negociarem o próximo grande “battle shounen”.

Magi #01

Primeira Noite: Aladdin e Alibaba

Aladdin é um garoto de cerca de 10 anos que ficou aprisionado durante muito tempo e foi liberto graças ao misterioso gênio – também conhecido como djinn – chamado de Ugo. Os dois resolvem viajar pelo mundo em busca de outros djinns, e para isso trombam desertos, templos, cidades incríveis e tudo mais que você puder imaginar em meio ao universo árabe. Em um de seus pontos de parada, eles conhecem Alibaba, um jovem que trabalhava para um “lord” de sua cidade natal, mas que tinha como grande sonho se tornar rico, poderoso e conquistar uma dungeon – uma espécie de “aventura” que concede um tesouro magnífico ao final da mesma.

O primeiro episódio basicamente serviu para apresentar a amizade que deve se estabelecer entre os nossos dois protagonistas – e que sem pestanejar, entre a jovem de cabelos rosas que foi salva por ambos nesse primeiro contexto (isso não é um spoiler, até porque está mais claro do que sol quente em dia de verão).

Magi teve provavelmente o melhor primeiro episódio da temporada. Divertido, com alto teor de entretenimento, uma animação muito condizente com a ambientação da série e um destaque enorme para a dublagem dos personagens. Aladdin, interpretado por Kaori Ishihara (a Kanna de Ano Natsu de Matteru) é um daqueles personagens que você tem vontade de apertar, abraçar, puxar as bochechas e que também não consegue ficar sem dar risada com suas atitudes totalmente puras e inocentes.

Seu amor inexplicável por peitos (ao menos por enquanto) proporcionou algumas das cenas mais engraçadas dessa primeira aventura. Porém mesmo sendo apenas uma criança, seu espírito de batalha, sua vontade de ajudar ao próximo e o seu enorme coração conseguem se destacar em meio a tudo.

Da mesma forma que Alibaba, interpretado por Yuuki Kaji – o Shuu, de Guilty Crown – conseguiu ter em sua interpretação toda a personalidade do jovem. Mesmo com sua ambição não consegue esconder seu coração enorme e, posteriormente, esse será um ponto crucial para demonstrar com ainda mais veemência a amizade que se sobressai entre ele e Aladdin.

E poderíamos falar aqui de todos os personagens “coadjuvantes” que apareceram durante a série, mas vamos deixar para os próximos episódios, onde com certeza terão a atenção merecida e poderão ser descritos de forma mais integral.

Se há algo que ainda merece destaque na análise desse primeiro episódio, com certeza é a trilha sonora. Shiro Sagisu – que cuidou da sensacional trilha de Bleach, outro battle shounen que dispensa comentários – dá um show na ambientação da série e proporciona uma melodia belíssima e totalmente encantadora, tornando-se um verdadeiro show. É como se você realmente pudesse ser emergido dentro do universo das mil e uma noites (e sim, mesmo que o anime nada tenha a ver com AQUELE Aladdin da Disney, não há como não sentir o sentimento de nostalgia batendo à porta).

Ah, e claro que não podemos deixar de lado o magnífico trabalho na abertura da série, composta musicalmente pelo grupo SID, que ficou ainda mais conhecido desde seus trabalhos em Kuroshitsuji e Fullmetal Alchemist. Também temos o grupo das idols do Nogizaka46 comandando o encerramento da série (ou seja, esse é pra garantir a venda de álbuns no Japão). V.I.P. e Yubi Bouenkyou são os respectivos nomes das músicas comentadas.

Poderia dizer que a animação foi impecável – o que seria um pouco de fanboysismo com um misto de satisfação – mas prefiro que vocês mesmos tirem as conclusões ao assistir. Magi não apresenta a excentricidade de [K], mas com um character design extremamente relacionado ao mangá, fotografia de nível altíssimo e cenas de batalhas e magias que realmente fizeram a alegria dos adoradores do gênero, chega a ser difícil falar algum ponto negativo. Mesmo o meu receio em como seria a adaptação da aparição de Ugo junto à Aladdin foi prontamente acalmado ao ver o resultado final.

Sim, Magi ainda tem muito o que caminhar pela frente. Pode ainda não ser o anime mais esperado da temporada, mas com certeza já conquistou muitos nos episódios semanais da série que os aguardam. Seja pelo carisma de Aladdin, pelas batalhas que virão pela frente (porque elas virão), ou pelo simples desejo de continuar acompanhando as aventuras ambientadas nesse mundo maravilhoso.

E posso dizer que mesmo se tratando de um shounen, Magi é feito para “todos”. Ele possui uma fórmula que consegue ser bem apreciada por todos os públicos – nada muito underground, nada que o afaste muito dos grandes populares da Shounen Jump, mas um tempero próprio. Um carisma. Sim, já devo ter comentado desse fator anteriormente no texto, mas é o que melhor define esse mangá, e consequentemente seu anime. Se na temporada retrasada tivemos em Tsuritama uma daquelas séries que te fazia ficar com um sorriso ao final de cada palhaçada de Haru e companhia, podemos dizer que Magi é o responsável por esse sentimento agora.

Há potencial, de sobra. Há público, de sobra. Há competência, há uma equipe incrível por trás (desde produção até os seiyuus) e há o desejo de criar aquele que pode ser o mais novo sucesso do Japão – e do mundo. Que minhas palavras não estejam erradas. É o meu desejo como fã e como alguém que se pode dizer totalmente satisfeito com o que viu nos primeiros 23 minutos da adaptação. Sigamos.

Dih

Criador do Chuva de Nanquim. Paulista, 31 anos, editor de mangás e comics no Brasil e fora dele também. Designer gráfico e apaixonado por futebol e NBA.