Produtos que inspiraram animes e que viraram febre no Brasil.
Na última semana tivemos o dia das crianças por aqui. É sempre bom recordar coisas de nosso tempo e dizer que “No meu tempo era melhor” mesmo que isso seja somente saudosismo. O fato é que muitos que frequentam nosso site ou qualquer outro que tenha como foco animes e mangás acabaram entrando nessa por algo que acompanhou na infância. O que muitos também devem se lembrar é que muitos desses animes tinham diversos produtos relacionados que era sonho de consumo da maioria de nós. Quem nunca quis comprar aqueles bonequinhos importados do Paraguai de Dragon Ball ou Cavaleiros?
Porém alguns se diferenciam nesse quesito. Alguns dos animes que se tornaram febre em nosso país acabaram surgindo primeiro em produtos e depois gerando suas séries animadas. E nesse ChuNan! Top você confere algumas séries que marcaram determinadas épocas com essa filosofia.
OBS: Não sei vocês, mas sempre me lamentei que Medabots não fossem reais.
Zillion
31 episódios
Estreia no Brasil: 1988
Exibido em: Globo e Gazeta
Zillion foi o primeiro que começou com a febre de animes que surgiram de produtos. Febre no final da década de 80 e começo de 90 no Brasil, a pistola Zillion era sonho de consumo da molecada. A Light Phaser era uma pistola que acompanhava o console Master System e possibilitava uma simulação de tiros eletrônicos. A coisa pra época era sensacional e quem tinha pirava na possibilidade de brincar com aquilo. Claro que a SEGA não perdeu tempo e junto com a Tatsunoko criou o anime Akai Koudan Zillion, em 1987. Em 1988 a série chegou ao Brasil na Rede Globo que exibia o anime de forma inconstante, como um tapa buracos nos programas infantis da Xuxa (é…) e mesmo assim caiu no gosto da pivetaiada. Essa exibição inconstante durou até o começo da década de 90 quando o anime mudou de casa e foi parar na TV Gazeta, onde foi exibido completo mas já sem muito destaque. Existe ainda um OVA que nunca foi exibido no Brasil. Me pergunto se nos dias de hoje a série faria sucesso. Provavelmente a 4Kids substituiria as armas laser por lança-discos.
Digimon
Mais de 300 episódios no total em todas as temporadas
Estreia no Brasil: 2000
Exibido em: Globo, Rede TV, Fox Kids, Jetix e Disney XD
Apesar do anime de Digimon ser do ano de 2000, o sucesso da franquia vinha desde 1997 quando diversos brinquedos levando o nome da série já eram comercializados no Japão. A Bandai ao lado de um grupo de criadores que já haviam sido responsáveis pela criação dos famosos tamagotchis (lembram dos bichinhos virtuais?) criaram os Digimon. Considerado por muitos como “o grande rival de Pokémon”, Digimon não obteve os mesmos números da franquia da Nintendo mas mesmo assim atingiu uma enorme fanbase pelo mundo, mantendo-se sempre equilibrado em vendas e popularidade, com produtos sendo comercializados até os dias de hoje.
Pokémon sempre reinou no Brasil, principalmente no começo de sua exibição na Rede Record. A Globo se sentia incomodada com isso e queria alguma coisa forte para competir no ibope com os monstros de bolso. Surgia nos Estados Unidos a febre de mais um anime focado em monstrinhos e que vinha conquistando diversos fãs, batendo inclusive Pokémon por aquelas bandas quando o assunto era o anime. Então chegou a hora do anime ser distribuído no país e depois de um grande investimento da Globo a série começou a ser exibida diariamente no programa da nossa querida e amada Angélica – que fez questão de ter o privilégio de cantar a música de abertura nacional, já que a vergonha da Eliana cantando Pokémon não poderia ser única. Digimon foi um sucesso e na época chegava a bater de frente com Pokémon no ibope, que já estava em seu segundo ano e enfraquecido um pouco de audiência.
Além da Globo, Digimon também foi exibido no canal pago Fox Kids e posteriormente no Jetix e Disney XD. Cinco temporadas foram exibidas por lá e também na Globo. A Rede TV chegou a exibir em 2011 a quarta temporada em sinal aberto mas sem grande repercussão. A sexta temporada está engavetada na Nickelodeon (isso mesmo) e até agora não tem previsão de estreia.
BeyBlade
Mais de 300 episódios em todas as temporadas
Estreia no Brasil: 2003
Exibido em: Globo, Jetix, Disney XD
Os animes de Digimon e Pokémon acabaram perdendo um pouco de força em território nacional. Pokémon já era usado como tapa buracos na Record e Digimon não tinha o mesmo impacto com suas temporadas seguintes. Mas tudo parecia salvo – ao menos comercialmente. A Takara – produtora de brinquedos japonesas de coisas como Transformers – resolveu revitalizar em pleno ano 2000 um clássico dos brinquedos: o pião. Você provavelmente nem chegou a brincar com um pião comum, mas com certeza já viu muitas BeyBlades girando por aí. O brinquedo virou uma febre não só no Japão mas no mundo inteiro em uma velocidade assustadora. Até campeonatos oficiais da bagaça começaram a ser divulgados por aí.
E claro que um anime era necessário. Em 2001 a MadHouse (olha aí, galera…) acabou puxando pra si a responsabilidade de produzir a animação de BeyBlade, que contou com 51 episódios. O anime rapidamente veio para o Brasil e teve seus 51 episódios exibidos em exaustão pela Rede Globo e também pelo Jetix. Estava escrito um fenômeno comercial entre as crianças. Tão fenômeno que BeyBlade foi uma das marcas mais comercializadas daquele ano. Depois de um tempo a marca perdeu força na rede aberta e acabou se fixando somente na TV a cabo. O Jetix exibiu as continuações da primeira temporada chamadas no ocidente de V-Force e GRevolution e os piões acabaram saindo um pouco de linha. Porém, misteriosamente, buscando revitalizar a marca a Takara tacou (foi boa, vai) mais um anime em 2010. A série chegou ao Brasil em 2011 com o nome de BeyBlade Metal Fusion e acendeu o mercado dos piões colecionáveis novamente com uma grande investida de marketing, mesmo se restringindo somente ao canal fechado Disney XD.
Foram 102 episódios exibidos e mais sua continuação – BeyBlade Metal Fury com mais 51 episódios. Hoje os brinquedos continuam entre os mais comercializados pelas lojas de brinquedos nacionais e o canal continua nas eternas reprises. Ainda existe mais uma série para ser exibida, por sinal: BeyBlade Shogun Steel. O anime já foi exibido em Portugal e não deve demorar para aterrissar por aqui. Enquanto isso, Let it Rip pra quem se divertiu e ainda se diverte com essas coisas engraçadas.
Yu-Gi-Oh!
Mais de 500 episódios em todas as temporadas
Estreia no Brasil: 2002
Exibido em: Globo, Rede TV e Nickelodeon
BeyBlade rapidamente teve um sucessor nas manhãs da Globo. Os piões se foram e uma nova febre se instalou por aí: as cartas. No caso de Yugi e companhia temos uma história um pouquinho diferente. Criado originalmente em 1996 pelo mangaká Kazuki Takahashi, Yu-Gi-Oh! primeiro deu as caras na revista Shounen Jump e rapidamente se tornou um sucesso. A série misturava algo sobrenatural, suspense e batalhas que envolviam monstros que surgiam através de cartas, ao melhor estilo Magic. Em 1998 o mangá ganhou uma adaptação animada com apenas 27 episódios, mas não deslanchou. A Toei acabou adaptando somente a parte “sombria” do mangá e mesmo assim não da maneira mais eficaz (sabe como é, estilo Toei).
Então, em 1999 a Konami resolveu bancar aquilo que tornou a série um sucesso: o card game. Rapidamente ele se transformou em um dos games do estilo mais vendidos do país e logo sendo transferido mundo afora. O TCG de Pokémon, que era algo bem popular na época, acabou sendo deixado em segundo plano pelos então monstros da Konami. O estúdio Gallop (Eyeshield 21) resolveu apostar novamente na série como um anime e deu resultado. Em 2000 estreava o segundo anime de Yu-Gi-Oh que durou a bagatela de 224 episódios. A série desembarcou no Brasil em 2002 na Nickelodeon (onde já se tornava a principal atração do canal com inúmeras reprises) e posteriormente na rede Globo. Sucesso! Card Games, originais e piratas começaram a tomar conta de todo núcleo infanto juvenil que você possa imaginar e mesmo com um incidente de “esse anime é do demônio” de um apresentador famoso a série continuava a deslanchar.
Porém a Globo cansou. O marketing não era mais tão intenso assim e a série animada perdeu forças por aqui. Até mesmo a Nickelodeon enrolava para exibição de novos episódios e isso irritou os fãs. Aqueles que já conheciam a série se mantiveram no TCG e outros desistiram. Yu-Gi-Oh! ainda teve um filme exibido nos cinemas nacionais mas sem grande alvoroço, apenas em algumas salas. A Nick exibiu anos mais tarde sua continuação, Yu-Gi-Oh! GX e a Globo também tentou apostar na série, mas sem sucesso, sendo cancelado depois de alguns episódios. A Rede TV em 2010 retomou a transmissão de Yu-Gi-Oh! GX de onde a Globo havia parado mas também não teve muito retorno.
Hoje a série é lembrada em pequenos nichos que ainda jogam o TCG (que ainda vende no Brasil oficialmente, por sinal). Yu-Gi-Oh! 5D’s, o terceiro anime da franquia, será lançado no Brasil diretamente em DVD. Já Yu-Gi-Oh! Zexal nunca deve nem ao menos aparecer por essas bandas. Já no Japão, Cardfight Vanguard é considerada a nova febre da juventude (e que estranha não ter aparecido por aqui).
Bakugan Battle Brawlers
Mais de 200 episódios em todas as temporadas
Estreia no Brasil: 2009
Exibido em: Globo e Cartoon Network
Depois de um longo tempo sem nada realmente explodir em território nacional, chegamos até a última grande febre comercial no Brasil, eu diria. Em 2006 a Sega Toys (não preciso falar que é a divisão de brinquedos da Sega) resolveu lançar em conjunto uma série que pudesse engatar uma nova linha de brinquedos. E assim como a Takara revitalizou os piões a Sega resolveu revitalizar um outro brinquedo antigo: bolinhas de gude. Mas bolinhas de gude que “cuspissem” monstros e que ainda contavam com Cards ao melhor estilo Super Trunfo. Enfim, era uma suruba de brinquedos em um único. Em um primeiro momento a coisa não deu muito certo no Japão, mas estourou no exterior, principalmente nos Estados Unidos. Tanto que o anime teve suas temporadas sucessoras sendo lançadas primeiro em território norte-americano do que no Japão.
Em 2008 a série chegou ao Brasil pelo Cartoon Network e em 2009 na Globo onde logo se destacou mais uma vez como uma das grandes séries comerciais dessa “nova era”. Os brinquedos também terminaram o ano como um dos mais vendidos no país e o anime durou durante muito tempo na programação do Cartoon Network. Já a Globo exibiu apenas a primeira temporada, com 51 episódios, no total das quatro (todas exibidas em rede fechada).
Provavelmente o público que acompanha o Chuva de Nanquim já era um pouco mais velho na época de Bakugan e por isso trata a série como um “lixo”. Bem, BeyBlade não é lá um exemplo de roteiro bem elaborado também. Conquistar o mundo com piões ou bolinhas de gude não parece ser algo muito natural, de qualquer forma.
Pokémon
Mais de 800 episódios em todas as temporadas
Estreia no Brasil: 1999
Exibido em: Record, Globo, Rede TV, SBT, Cartoon Network, Toocast
Olha, é até difícil falar de Pokémon. Deixei a série para último mas se formos escrever cada detalhe dos produtos e animes lançados por aqui ficaremos em umas 5 mil palavras. Mas vamos ao básico: criado pela Nintendo e se tornando uma das franquias mais vitoriosas da história dos games, Pokémon é literalmente uma mina de ouro eterna, que se revitaliza a cada nova geração – e provavelmente essa seja o grande trunfo de Pokémon: manter os antigos e conquistar os novos. Enfim. Em 1997 a OLM começou a adaptar a franquia dos games para as telinhas e o imenso anime de Pokémon começava. E quando eu digo imenso é imenso mesmo: atualmente estamos com mais de 800 episódios transmitidos no Japão. E isso definitivamente não é pouca coisa. Isso sem falar nos 16 filmes, nos trocentos OVAs, histórias paralelas e outros.
Em 1999 o anime chegava ao Brasil pela Record e o sucesso foi imediato. Além dos produtos e brinquedos relacionados também começava a febre do Game Boy e seus games. Claro que a Record teve um tratamento intensivo com a série no quesito marketing. A Eliana cantava aquelas musiquinhas bizarras, o álbum musical foi comercializado oficialmente no Brasil, filmes no cinema, no mercado home video. Era Pokémon em todo lugar! Todo! Porém o tempo chega pra todo mundo e a série começou a perder espaço na Record, que praticamente ia limando a sua programação infantil já naquela época. O quarto filme dos bichinhos foi aos cinemas somente em 2005, três anos depois do terceiro, e longe do mesmo sucesso de seus anteriores. Enquanto isso o anime continuava a fazer parte da programação diária do Cartoon Network onde permaneceu por muitos e muitos anos com todos os seus episódios inéditos.
A Record exibiu tudo até a quarta temporada, quando a Globo (isso mesmo, a Globo) adquiriu os direitos da série da quinta temporada (Master Quest) e da sétima (sim, ela simplesmente pulou a sexta) em 2005. Depois a série entrou em hiato e só voltou anos depois, em 2008, na Rede TV. Lá tivemos a exibição da 12ª temporada e posteriormente a exibição desde o episódio 1! Porém devido a algumas brigas de direitos autorais a série acabou ficando “quebrada” no ar e alguns anos depois saiu novamente, ficando somente com o Cartoon Network – que já não exibia mais diariamente. Os filmes por sua vez foram “divididos” entre SBT, Globo, Record, Rede TV…
Como podem ver a vida do anime de Pokémon não foi fácil por aqui. A série teve seu ápice, alguns picos de bons momentos mas acabou se tornando algo “dispensável” em nossa programação. Mesmo assim o fenômeno que a série como um todo causou foi incrível. Diversos produtos comercializados, uma grande “comoção” com os jogos da série e um fandom extremamente fiel. Ao lado de Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco é fácil falar que ela foi a produção mais famosa vinda do Japão para cá. Com ou sem saudosismos.