Que tal um jogo apostando sua vida?
Acredito que Death Parade será um dos melhores animes dessa temporada e quem anda acompanhando, ou pelos menos assistiu um episódio de cada série, sabe: as animações estão fracas. Temos histórias com muitos clichês, nada inovadoras e uma porrada de enredo nonsense, sem contar a quantidade de ecchi – que, para quem gosta, é um prato cheio. Mas acredito que Death Parade seja um destaque em meio a tanta coisa ruim.
Falo dos animes da temporada só como um exemplo, não esperem que haja comentários de cada episódio e de cada anime que está em exibição. Me ofereci a escrever, porque gostei do que vi e pretendo continuar a falar do mesmo, mas só esse. Então, por favor, não insistam que os outros redatores, ou mesmo eu, comentem o anime X ou Y. Obrigada.
O Comentando são opiniões pessoais sobre determinado episódio e de tal anime, por isso sintam-se livres para dar opiniões sobre o mesmo. É mais fácil abranger os horizontes assim, certo? Vamos conversar um pouco sobre esse anime fora do normal!
Esse post contém spoilers e recomendo que o leiam só depois de ver o episódio. Do contrário, será por conta e risco.
Death Parade #1
“Death Seven Darts”
Para quem escolheu Death Parade de forma aleatória, sem mesmo ter assistido o OVA, deve ter se surpreendido com ele do começo ao fim, especialmente em seu primeiro episódio. Logo no início somos apresentados a um casal, Machiko e Takashi, que saem de elevadores diferentes; eles não sabem onde estão e não lembram do que aconteceu, e a única informação que recebemos é o fato de serem récem casados. Em seguida, descobrem que estão em um bar chamado Queen Decim e são “convidados” por Decim – uma espécie de barman sem expressão (?) – a jogar um jogo apostando suas vidas. Eles recusam e tentam encontrar uma saída mas, sem outra opção, acabam optando por jogar.
O jogo é decidido na roleta – que nem parece uma, na verdade. Parece mais aqueles azulejos de parede – que muda com o passar dos episódios. Nesse, o casal precisa atirar dardos em turnos e o ganhador seria aquele que tivesse menos pontos. Simples, mas com um detalhe: cada local acertado, causaria dor em determinado órgão do parceiro. Aí é que a coisa começa a ficar boa!
O ponto alto, provavelmente, foi o momento em que eles começaram a se recordar do passado e fizeram de tudo para ganhar a partida, mesmo que tivessem de trapacear. A verdadeira face e natureza humana dos personagens aparece nesse momento, em que ambos esquecem do bom senso e são dominados pelo medo da morte, pelo ódio dos acontecimentos anteriores aquele lugar e são afetados mentalmente por toda a situação. A MadHouse, assim como tantos outros trabalhos, soube caprichar nesse clima de suspense que foi apresentado logo no início da série.
Mas se tem algo que realmente me pegou de surpresa foi o famoso… PLOT TWIST! O ouro do episódio está nesse elemento que mudou não só a visão dos jogadores, mas como a minha também. Eis que quase no fim da partida, algo é revelado: o casal já está morto. O jogo é, na verdade, uma forma de poder julgá-los para serem mandados para o “vazio” e a “reencarnação” – para quem não sabe, é o ato de nascer de novo com outro corpo e etc. O Decim era o juiz que iria avaliá-los e, no fim, voltariam para o elevador sinistro e seriam mandados para seus respectivos lugares de destino.
O final estava repleto de flashbacks por conta das memórias dos dois personagens, que estavam alterados em todos os sentidos. Acreditava que ambos estavam errados e que deveriam ir para o vazio, ainda mais quando as ações um contra o outro pareciam tão errôneas – a expressão “lavar roupa suja” se encaixa bem na situação. Mas para onde cada um foi? Machiko acabou indo para o vazio e seu marido, Takashi, foi para a reencarnação. Isso é contado por Decim quando duas outras personagens aparecem no fim do episódio.
O grande atrativo de Death Parade é sua temática. Disputar um jogo apostando uma vida é bem interessante, mas algo que me chamou a atenção foi o fato de terem feito isso de uma forma “leve”; sem optar pelo horror ou as cenas mais macabras, eles escolheram algo mais psicológico ao invés do assustador. Algo que também vale destacar é o modo como tratam a morte, a questão do vazio, da reencarnação e como seria (estranho) se houvesse um juiz que decidisse o futuro que quem já partiu dessa – não necessariamente para melhor.
Quanto a parte técnica, Death Parade conta com uma animação digna do estúdio responsável, mantendo o nível de Hunter x Hunter – Chimera Ants, e do pouco assistido Hanayamata. Apesar do tema ser mais tenso, sua música de abertura é bem animada e dançante, com certeza quebra aquele clima mórbido, mesmo combinando tanto com o anime. Na verdade, a trilha sonora no geral combina muito com a série. O único porém seria o encerramento que não é tão “chamativo”; é mais fácil passar ele e ver se tem algum “extra” no final do que escutá-lo inteiro.
Para finalizar, Death Parade merece atenção. O anime se mostrou original (comparado a quantidade de obras genéricas que temos nessa temporada) e irei continuar acompanhando com o maior prazer – aliás, é a primeira vez que acompanho um anime semanalmente e não sei como vocês conseguem conter a ansiedade por um novo mísero episódio. Aguarde por mais Comentando desse anime no Chuva de Nanquim e até o próximo post!