Muitos feels para uma web comic só. Com certeza minha favorita.
As pessoas se apaixonam e amam. Isso é inevitável. Mas como tudo isso começa? Como termina? Como continua? Essa web comic mostra de forma perfeita como lidamos com os relacionamentos usando exemplos diferentes, que fariam qualquer um se identificar em algum momento. Felicidade, tristeza, revolta e alívio. Tudo isso e muitos mais em uma obra que escolhi ler de forma aleatória, mas que me trouxe ótimos momentos. De longe a minha web comic preferida.
A HISTÓRIA
Summer está perdidamente apaixonada e feliz; Mira é bonita e uma mulher de sucesso, mas sem namorado; Jung-A mora com seu namorado há cinco anos. Essas garotas de 25 anos são muito próximas e acreditam que seus relacionamentos e amizades durarão para sempre, porém, depois de uma série de acontecimentos tudo começa a mudar drasticamente.
CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS
The Stories of Those Around Me é uma web comic coreana com roteiro e arte de Omyo. A história foi publicada em 2012 no site Naver Webtoon, sendo finalizado com 60 capítulos e mais um extra. A web comic tem uma licença em inglês e foi publicado em junho de 2014 até julho deste ano no site Weebtoon. Você pode ajudar a autora lendo no link a seguir: The Stories of Those Around Me.
Os pontos altos da série são muitos. Eu particularmente amo os desenhos da autora, são fofos, coloridos e vivos, como desenhos de crianças, mas por trás disso há um roteiro extremamente caprichado, fazendo com que a obra seja vista com mais maturidade. Ainda falando sobre a arte, a Omyo coloca imagens coloridas de algum personagem no final de cada capítulo, que são bem semelhantes aos traços que vemos nos mangás, o que só me faz admirar a autora ainda mais, já que os capítulos eram publicados semanalmente – Omyo é workaholic, essa é das minhas. O mais fascinante de tudo é o modo como todos os dramas das personagens conseguem ser passados de um jeito perfeito, impecável, fazendo com que realmente haja a identificação do leitor sobre algumas das protagonistas. Antes que me esqueça, recomendo altamente para quem curte shoujo ou josei – acredito que josei seria mais específico, já que todas tem 25 anos – por se tratar de um romance que desenvolve os relacionamentos de cada personagem. A comédia é um fator que me agradou bastante também; assim como a autora sabe fazer partes dramáticas – que me fizeram chorar bastante – ela sabe fazer partes tão engraçadas que não tem como não rir.
The Stories of Those Around Me não é uma web comic perfeita. Sim, ela é a minha preferida, mas há alguns erros que me incomodaram ao decorrer da história, um exemplo disso é o choque ao trocar de trama, de “protagonista”; é como tentar fechar um livro depois de lido, mas ainda ter mais páginas onde há mais um começo, mais drama, mais conflitos. É indiscutível o fato de que isso obviamente faz parte – senão nem haveria necessidade de colocar a Mira, Jung-A ou a Summer juntas em uma única web comic – mas após a segunda parte, há uma série de capítulos que mais parecem ser “extras” e meu kokoro ainda não estava recuperado de Jung-A e, com certeza, não estava no clima ideal para ver capítulos que nada tinham a ver com ela.
Mira é a personagem que mais gostei. Dona de uma personalidade forte, orgulhosa e independente ela não admite precisar de um namorado na frente das amigas e diz que relacionamentos amorosos são besteiras – a típica “tsundere”, por assim dizer. A primeira parte da web comic é focada nela e ouso até dizer que seria uma forma de prender o leitor com sua trama – já que depois vem a parte da Jung-A – e assim fazer com que quem lê continuasse a acompanhar o romance. Mira pode ser definida como a pessoa que se apaixona, tem aquele crush, mas em boa parte se vê caindo nas enrascadas que isso traz; a insegurança, o nervosismo, o questionamento normal do “ele gosta de mim ou nem sabe que existo?” e tantas outras coisas que são comuns na apaixonada. É acompanhado todo um processo no desenvolvimento na vida dela e tanto as ações da personagem quanto sua personalidade conseguem deixar a história leve, engraçada e ainda bater aquele “doki doki” – me desculpem a expressão, precisava usar – que alivia e traz felicidade. Impossível não se identificar com ela se você já gostou de alguém.
Jung-A é do tipo que se vê no comodismo de um relacionamento que já dura a muito tempo. Nada vaidosa, tímida, que guarda tudo para si, parece estar cada vez mais infeliz com seu relacionamento, porém usa argumentos como “conhecemos um a outro melhor do que ninguém” ou “nos entendemos até por pensamento” para que o namoro continue, apesar de ambos parecerem estar saturados da rotina que os cerca. Quando o “arco Mira” acabou, foi como sair de um calor escaldante e entrar no inverno do Ártico. Talvez esse seja um dos pontos em que a autora acaba me surpreendo, pois ela não se prende a um só tipo de estereótipo e consegue trabalhar muito bem com diferentes tipos de tramas. Confesso que o começo da parte da história de Jung-A não é tão convidativa, mas isso não tem nada a ver com a narrativa que a autora constrói, e sim com a personalidade da personagem – que não chega a ser submissa, mas parece não estar longe disso – causando o efeito de raiva sob a garota; as vezes queria bater na menina, outras, só abraçá-la. Preciso dar um aviso antes de terminar de falar sobre essa segunda parte da história: a vida da Jung-A, o relacionamento, o que acontece dentro e fora dela, tudo isso é puro suffering. E, para piorar, a autora (dona do meu rabo) fez um último capítulo desse arco com uma visão que não é dela, mas sobre ela. Se a primeira parte, a de Mira, consegue aquecer o coração e ser nostálgico, essa te deixa aos pedaços, te emociona e deixa suspirando no final. Simplesmente incrível.
Um aspecto interessante é que mesmo quando a história se concentra mais em uma só personagem, ainda é possível prever quais serão os problemas que outras passarão e o que nos vai ser apresentado. Os capítulos podem ser próprios e girados em torno de uma única garota, mas todas tem seu espacinho.
Summer Han. Ela é o que podemos de chamar de “último arco” da história. Summer é a única desempregada do trio, que não procura nenhum trabalho sério e também não tem ambições para seu futuro, fazendo com que sua mãe sempre brigue com ela, apesar da personalidade alegre – ou boba? – da garota ignore, mas ela também conta com o apoio de seu namorado, Sanghoon, pelo qual ela é extremamente apaixonada. Eu me identifico com a personagem, aliás, me identifico com as características de como ela é formada: animada, meio idiota, do tipo que não se desanima fácil e é um pouco relaxada. Realmente esperava um bom desenvolvimento com relação a sua parte, mas quando terminei de ler, simplesmente não sabia o que pensar. Entendo a jogada da autora, entendo a decisão de Summer, porém ainda sinto aquele gosto amargo na boca, como se a escolha tomada no final fosse covardia. Usando uma expressão mais bruta, eu poderia dizer simplesmente que a autora quis dar um tapa na cara de seus leitores – e isso doeu. Não posso dar spoiler, porém, se você consegue ler nas entrelinhas ou tem uma boa interpretação, as últimas páginas vão fazer todo o sentido. Ainda não sei se amo a Omyo ou a odeio por isso.
COMENTÁRIOS GERAIS
Eu comecei a ler essa web comic simplesmente por ter um traço fofo. Quem me conhece sabe que tenho uma queda (vulgo abismo) por coisas mais fofinhas e delicadas – apesar de ter a personalidade bem fria, sim, admito – e confesso que a razão foi inicialmente supérflua. Mas, se a história fosse só isso, teria dropado logo de cara, porém, para minha felicidade, The Stories of Those Around Me é bem mais que um romance superficial. Ele consegue perfeitamente passar todos os sentimentos da autora para com seus personagens e os mesmos conseguem alcançar as emoções de quem lê.
Posso dizer que fiquei até ciumenta com ele? Se não sentisse tamanha necessidade de escrever sobre, talvez simplesmente o tivesse guardado para mim em uma caixinha imaginária de “favoritos que fizeram a cold heart Miyuki chorar”, porém é uma obra que realmente merece ser mostrada a todos, sem preconceitos, sem necessidade de complexidade, e que com certeza consegue passar a mensagem para todos aqueles que já se apaixonaram ou já amaram.