Pra você que quer conhecer mais do mangá antes do anime.
Com um anime que está por vir em 2016, venho trazer uma resenha sobre o primeiro volume de Bungou Stray Dogs – atenção, ênfase no “primeiro volume” – e que tenho grandes expectativas para que o mesmo alcance um grande público e seja uma das animações mais aguardadas para o ano seguinte. Sendo bem sincera, o coloquei na listinha de leitura justamente após ver o primeiro vídeo promocional, apesar de saber da adaptação a tempos. E o resultado? Uma redatora ansiosa para ver como a série vai se desenvolver a partir daqui.
A HISTÓRIA
Nakajima Atsushi foi expulso de seu orfanato, e agora ele não tem nenhum lugar para ir, além de estar totalmente sem comida. Em um momento que está de pé na beira de um rio, pensando estar à beira de morrer de fome, ele resgata um homem que havia cometido tentativa de suicídio. Esse homem é Dazai Osamu, e ele e seu parceiro Kunikida são membros de uma agência de detetives muito especial. Eles têm poderes sobrenaturais, e lidam com casos que são muito perigosos para a polícia ou as forças armadas. Eles estão rastreando um tigre que apareceu na área recentemente, no período em que Atsushi estava na área. O tigre parece ter uma conexão com Atsushi, e no momento em que o caso é resolvido, fica claro que o futuro do Atsushi vai envolver muito mais de Dazai e do resto dos detetives!
CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS
De autoria de Kafka Asagiri e com arte de Sango Harukawa (também atende pelo pseudônimo 35 Hirukawa), Bungou Stray Dogs começou na revista Young Ace, da editora Kadokawa, em 2012. O mangá segue atualmente em seu oitavo volume e a dupla também é responsável pelas novels da série, que no momento se encontra no terceiro volume. Um anime que tem estreia programada para janeiro terá produção do estúdio BONES, com direção e roteiro de Takuya Igarashi e Yoji Enokido, respectivamente.
Vamos começar falando um pouquinho do ponto principal da obra? Os personagens. Nakajima Atsushi tem uma personalidade de protagonista bastante conhecida; do tipo “relutante” que ainda não tem noção do poder que carrega; o garoto órfão parece estar em conflito com seu passado e com o fato de ter entrado para uma equipe importante – considerando a possibilidade de algo acontecer nessa nova fase de sua vida e acabar obtendo mais arrependimentos. Atsushi ainda não me cativou. Ele não é um mau personagem, mas no meu conceito é dono de uma personalidade já saturada, que entre o “sim” e o “não”, ele escolhe o “não sei”. Osamu Dazai é o líder da equipe de detetives; do tipo inconsequente, que leva problemas aos outros sem sentir culpa e que se esquece da existência do senso comum, ele é o centro de humor da história e que toma atitudes que bem lhe convém. Dazai é meu segundo personagem favorito do mangá. Além de ser engraçado e descontraído, ele faz o tipo que não está nem aí para nada, quando na verdade pensa em tudo; consigo gostar até mesmo das suas tentativas fracassadas de suicídio – e espero que esse aspecto nunca o atrapalhe de fato, já pensou se dá certo? – que acabam deixando Doppo Kunikida bravíssimo. Doppo Kunikida… Ah, que homem! Sim, esse é o meu personagem número um até agora! E, me desculpem, mas como não gostar do “cold heart”, maduro e megane – fator muito importante aqui, inclusive, o torna o best guy na concepção dessa redatora – desse mangá? Isso non ecziste.
O que me incomodou – a ponto de ser bem perceptível desde o princípio – foi o modo como o autor elaborou o roteiro da história. O primeiro capítulo eu relevei, pensei que aquilo era uma introdução e que era aceitável; apesar de não poder contar spoilers, ele se resumiu em um mistério que foi resolvido (logo de cara) sem ao menos levar aquele gostinho de “quero mais” para o capítulo seguinte. O plot era bom, então continuei a ler, esperando que ele não voltasse a correr com o mangá, mas, o fez novamente. Asagiri abusa de clichês, porém, ao invés de trabalhar e desenvolver isso, tem pressa para que aquele aspecto seja finalizado e possa colocar outro no lugar. Não há tempo de respirar, de absorver as informações, são mais e mais acontecimentos sendo jogados para o leitor, deixando a “linha do tempo” da obra totalmente confusa. Isso é ruim? Em partes. Reclamo desse aspecto, entretanto, isso só prova uma coisa e que, sinceramente, é um dos motivos de continuar a acompanhar: Asagiri é criativo, que tem boas ideias e as coloca em ação, mas ainda não sabe trabalhar isso completamente. Obviamente não poderia estar comparando o autor comigo, porém, o entendo. Houve uma época em que adorava escrever e inventar histórias, as coisas aconteciam mais rápido em minha mente do que conseguia passar para o papel e, bom, isso me atrapalhava; de repente, não queria mais falar sobre parte X e queria adiantar parte Y, o que me fazia apressar uma determinada situação para chegar na outra antes de perder a inspiração. Tenho esperanças de que ele pegue mais pesado nesse quesito, pois é só nesse ponto que o mangá acaba pecando.
A arte é o ponto alto e agradável do mangá. Apesar dos personagens possuírem um design “genérico”, do tipo que já vimos por aí duas ou mais vezes, o desenhista sabe o que é fazer boas cenas de luta, e o principal destaque que deixo aqui são as expressões dos personagens no momento das batalhas; o pavor, o choque, a fúria e até mesmo a indiferença transmitem uma tensão ao leitor, que tanto o fazem admirar quanto ansiar por mais e mais páginas. Assim, é mostrado o verdadeiro potencial do artista ao fazer esses belíssimos desenhos de tirar o fôlego, comparados com a simplicidade de personagens sem tantas extravagâncias – como o Osamu Dazai e, o vilão da obra, Akutagawa são. O meu maior medo, agora com relação à adaptação em anime, é que essa característica se perca e que o atrativo visual acabe decaindo. Digo isso, pois surgiram imagens da animação – personagens incluso, óbvio – e Dazai parecia estar com um design bem inferior ao que realmente é. Espero que esteja enganada e que o responsável torne a obra que está por vir tão apetitosa aos olhos quanto a original.
COMENTÁRIOS FINAIS
O mangá tem de tudo para ser um sucesso. Um bom plot, arte de tirar o fôlego e uma animação bem próxima de seus fãs, porém, acredito que o roteiro deva ser trabalhado de uma maneira mais calma, sem pressa, sem a necessidade de confundir o leitor com mil fatores diferentes. Tenho esperanças de que Asagiri se vigie quanto a isso e, se a mesma o fizer, não há impeça Bungou Stray Dogs de cativar o público.