O “RPG” da temporada.
Sword Art Online, Log Horizon, Gate e tantos outros animes que envolvem jogos. Nessa temporada temos mais um, baseado em uma novel e que logo convenceu esse velho de guerra a acompanhar, mesmo com todos os outros ditos lá atrás tendo sido lançados praticamente em sequência. Pois bem. O que esperar de mais um?
Hai to Gensou no Grimgar #1-2
“Sussurro, Cântico, Oração, Despertar”
“Longo Dia do Soldado Trainee Voluntário”
★★★
Desde o primeiro trailer de Grimgar, seu visual fantástico já havia chamado a atenção. Realmente comprei todo o anime por causa daquela estonteante mistura de cores, bom character design e uma animação bem fluída – apesar dos pesares, não me lembro de grandes críticas ao A1-Pictures nesse sentido.
Pois veio o primeiro episódio. Clássico de apresentação de personagens, básico da história e uma palhinha do problema que os protagonistas terão que enfrentar. Por sinal, adorei tais apresentações, de forma clássica, lembrando muito o clima de RPGs antigos. A forma como o mundo foi sendo mostrado, todo o background. Realmente consegui achar aquilo tudo incrivelmente carismático.
Mas enfim, logo de cara já percebi algumas coisas muito nítidas: se você gostou de SAO, Log Horizon ou outro anime que o foco ou o que te chamou a atenção foram as lutas, provavelmente Grimgar não será para você. Significa que não tem lutas? Nunca disse isso. Elas existem (a do segundo episódio foi muito bem animada, por sinal), mas em um primeiro momento não parecem ser o que a série quer te mostrar. Não comparando a história – repetindo: NÃO COMPARANDO A HISTÓRIA – Grimgar me passou um clima muito maior de .hack//SIGN, por exemplo (que se nunca assistiu, deveria).
No episódio 2, minhas suspeitas se confirmaram ainda mais (sempre com a probabilidade de quebrar a cara nos próximos) e fomos apresentados a um combate que quis valorizar muito mais o espírito de sobrevivência, a dúvida dos personagens sobre o que estavam fazendo, e parte das indagações pessoais de cada um. A (bela) insert song no episódio foi vista pela grande maioria como uma cena cansativa e desnecessária no episódio, mas entendi que aquela era a proposta. E amei o ritmo que foi dado. Mostrar os personagens, exatamente daquela forma, parecia ser o que a série buscava.
Me interessou muito conhecer o conflito de cada personagem, embora nenhum tenha me chamado tanta atenção assim.
Nenhu…
…ma.
Ok, ela me chamou a atenção, mas é outra história.
O fato é que em uma análise fria, muito pode se dizer do que esperamos. O Cavaleiro Negro – Ranta – tendo que acender até os mais sujos métodos para crescer (quase um Anakin Skywalker), nosso protagonista Haruhiro descobrindo a verdade aos poucos e ligando as peças de sua falta de memória, alguém do grupo os traindo (não faça isso, Manato!!) e algum personagem morrendo. Não dá pra botar a mão no fogo por isso. Aliás, eu realmente espero estar errado! Mas depois de ver tantos animes, por tantos anos, parece que alguns ingredientes são colocados lá justamente para fazer um bom Shokugeki no Soma. Digo, uma boa receita.
Grimgar apresentou uma trilha sonora que encaixa perfeitamente no clima, apesar de esperar mais de sua opening e ending – tanto sonora quanto visualmente. É realmente bonito e muito atraente. Se você negar isso está sendo apenas cego.
“Mas as novels são melhores!”
E não são elas que eu estou lendo. Estou vendo um anime e vou analisá-lo como tal. Mídias diferentes, linguagens diferentes. Não vá ao cinema comparando Guerra Civil com a HQ, e não reclame da cena diferente dos distritos em Jogos Vorazes. Aquilo não é o papel e aquilo não é feito só pra quem leu o original.
É verdade que mesmo sendo a proposta da série seja de passar um timing mais lento, outras séries conseguem fazer isso melhor e de forma menos maçante (Mushishi e Natsume Yuujinchou estão aí pra não me deixarem mentir), mas mesmo assim não o considerei de todo o mal por estarmos meramente no episódio 2. E mesmo com o tal clima lento, algumas dúvidas já surgem, mas as duas principais são:
- Quem são eles?
Estudantes normais que ficaram presos em algum jogo de alguma forma, talvez? Acho possível. Eles não têm memória de nada, mas vivem citando coisas do mundo real.
- Alguém lá sabe onde eles estão?
Muito provável. Alguém os colocou lá e deu pra perceber que não foi algo sem querer. Eles devem estar ali por algum motivo. Quem? Meu palpite é que o líder daquele grupo do primeiro episódio tenha alguma coisa a ver.
Grimgar pode ir longe nessa linha tênue entre o slice of life e o RPG’ style. Apresentou potencial, um bom desenvolvimento técnico e questionamentos que nos fazem querer descobrir mais sobre aquele universo. Veremos como a série se sai no episódio 3 em diante. Novamente: espero estar errado e que ele não caia nos tradicionais caminhos de outros animes. E se o fizer, que faça bem feito.
Aguardo vocês nos comentários do próximo episódio.