I wanna heal, I wanna feel what I thought was never real…
É engraçado perceber o quanto o meu gosto musical atual vem das bandas que eu comecei a conhecer na minha pré-adolescência. Antigamente era bem complicado conhecer bandas novas, hoje qualquer um pode acessar um álbum ou single através do Deezer e do Spotify, mas antes você dependia muito da rádio ou da TV para ouvir novas músicas de artistas já conhecidos. O material mais fora do padrão você conhecia pela internet com programa como o Kazaa ou o Emule – ou vinha através dos amigos que te emprestavam um cd daquela banda que ele adorava. Bom, minha internet nunca foi lá essas coisas, baixar uma música era algo que demorava horas e eu não tinha paciência para esperar o download de um álbum inteiro de uma banda que eu nem conheci. Minha vida foi pegar emprestado cds dos meus amigos e acabar pedindo para os meus pais comprarem aquele que eu mais gostava. Em uma dessas idas e vindas eu acabei pegando dois cds: Limp Bizkit: Chocolate Starfish And The Hot Dog Flavoured Water e um tal de Linkin Park: Hybrid Theory.
Meus amigos odiavam Linkin Park, para eles era desagradável ouvir a gritaria que o vocalista Chester Bennington trazia às músicas, só que para mim era justamente o contrário, tudo o que o Chester trazia junto com o hip hop do Mike Shinoda me fizeram amar imediatamente o CD. Eu o ouvi tanto em looping que acabei esquecendo de ouvir o cd do Limp Bizkit que eu peguei emprestado. Foi paixão à primeira vista, na hora eu já procurei pela tradução de todas as músicas e criei a minha própria versão das letras em que eu ia colocando palavras que se encaixavam no ritmo que eles cantavam – afinal de contas, o meu péssimo inglês não me ajudava a saber exatamente qual palavra era dita naquela hora. Points of Authority foi a primeira que me conquistou, mas até hoje eu guardo com carinho todas aquelas músicas daquele álbum.
Os cds seguintes foram ainda mais marcantes na minha vida, Meteora e Live in Texas foram grandes companhias durante minha adolescência, sempre ao ao lado do meu discman irado, sendo que eu tinha o DVD do show em texas que eu adorava ver. Acabava levando a minha mãe a loucura já que ela não aguentava mais ouvir aquela maldita banda tocando as mesmas músicas de sempre.
E meio que foi isso o que eu acompanhei da banda… eu detestei o album chamado Minutes to Midnight, sendo que só Leave Out All the Rest e Bleed It Out foram as duas últimas músicas da banda que me remetiam a pegada antiga deles. Nenhum outro álbum me deixou tão ligado emocionalmente quanto aqueles primeiros. Lembro a minha reação quando eu vi um dos últimos clipes deles chamado Heavy e como para mim era terrível. Não soava como Linkin Park em nenhum momento.
Ah! Mas o Music Monday deveria falar de cultura japonesa, seu vendido safado.
Caro amigo leitor sem paciência, você não deve saber, mas a internet é constituída de 80% Pornografia, 5% outros conteúdos e 15% de AMVs de animes ao som de Link Park, sendo que a maioria esmagadora é com a música In The End. É engraçado você pesquisar “Amv In The End” no Youtube e ver a quantidade massiva de vídeos dos mais variados tipos de animes já criados, indo de Naruto até Sonic(?). Linkin Park participou de mais animes que o Asian Kung Fu Generation!
A banda voltou à tona na minha vida por causa de um vídeo da equipe React, onde eles colocaram os adolescentes para reagirem aos clipes deles. Foi bem divertido ver como alguns iam percebendo o quanto eles gostavam e conheciam as músicas, mesmo sem lembrar ou conhecer a banda. Alguns eram fãs, alguns viraram fãs e viram a evolução em si da banda e dos cabelos do Chester com o passar do tempo. Depois daquele vídeo eu imediatamente fui para o Spotify e ouvi os primeiros cds algumas vezes até enjoar novamente.
Chester Bennington se suicidou e foi encontrado morto no dia 20 de julho de 2017, aniversário do seu grande amigo Chris Cornell que também tinha se suicidado em maio de 2018, deixando uma esposa e seis filhos para trás. Ele também deixou uma legião enorme de pessoas de coração partido, algumas como eu que cresceram e ouviram sua voz durante momentos difíceis, felizes, durante seu lazer ou até mesmo quando estava tentando dormir. Eu soube da notícia de sua morte durante o trabalho e me segurei forte para não chorar. Até aquele momento um dos meus grandes sonhos era ir em um show e ouvi-los tocar ao vivo aqui no Brasil, o pior é saber que esse ano eles participaram do Maximus Music Festival e eu pensei em ir, mas o ingresso estava caro demais e achei que teria outra oportunidade. Eu perdi um ídolo e ainda não sei direito como reagir, acho que o mínimo que eu posso dizer é: Obrigado.
Nota do editor: Faço das palavras do Luk as minhas. Linkin Park foi um marco de nossas vidas. As letras, a representação de uma geração. O que alguns sentiram perdendo Kurt Cobain (dadas as devidas diferenças musicais) é provavelmente o que sentimos hoje. Um ídolo se foi e é difícil lidar com isso. Sem falar na forma como tudo aconteceu.
Lidar com a depressão é difícil e provavelmente só quem teve uma pessoa próxima sabe como é uma agonia sem fim, que a qualquer momento você pensa em como seria ficar sem ela. Não deixe de ouvir o próximo. Quando você pensar que tudo está bem, não descuide. A depressão é silenciosa. Hoje nós perdemos Chester. Hoje nós perdemos a voz de uma pessoa que estava “bem” para todos. O que podemos fazer é tirar lição de tudo isso. E continuar espalhando essas músicas e letras que tocam tantos a qualquer momento.